Dois
grupos rivais de timorenses numa cidade do norte de Inglaterra assinaram um
'acordo de paz' para pôr fim às hostilidades, após um confronto violento que
levou ao julgamento e prisão de 14 pessoas.
Notícias
Ao Minuto / Lusa
Um
funcionário no município de Scunthorpe, uma cidade com cerca de 70 mil
habitantes no condado de North Lincolnshire, afirmou que a ideia do documento
foi voluntária.
"Foram
eles que me pediram para redigir um documento em que estão cláusulas em que se
comprometem a não recorrer à violência em caso de conflito e a pedir a ajuda à
polícia e às autoridades", disse à agência Lusa Vince Mancini, responsável
pelas relações comunitárias do North Lincolnshire Council.
O
tratado "simbólico" foi assinado por quatro membros de cada um dos
grupos, uns ligados a Lospalos, cidade no leste do país asiático, e outros à
Persaudaraan Setia Hati Terate (PSHT), organização de artes marciais fundada em Java Oriental , na
Indonésia, em 1922, que chegou a Timor-Leste em 1983, onde tem mais de 30 mil
membros.
Os
dois grupos protagonizaram o que o juiz David Tremberg apelidou de
"violência coletiva" nas ruas de Scunthorpe no dia 23 de junho de
2013, primeiro de madrugada e novamente à tarde.
Citado
pelo jornal local Scunthorpe Telegraph, o procurador público Anthony Dunne
relatou como dois grandes grupos de homens começaram por lutar com "murros
e pontapés" junto a um bar, incluindo agressões às vítimas deitadas no
chão.
Os
dois grupos voltaram a enfrentar-se horas mais tarde, com alguns armados com
paus e correntes, com os quais perseguiram outros pelo centro da cidade, tendo
ainda sido arremessadas bolas de golfe e tijolos.
"Ambos
os incidentes foram testemunhados por muitos cidadãos inocentes, muitos dos
quais tiveram receio pela própria segurança pessoal devido às ações daqueles
envolvidos", lamentou Dunne.
Os
14 arguidos foram identificados através de imagens de videovigilância e todos
admitiram a culpa, exceto dois, que foram condenados após julgamento.
As
penas de prisão variaram entre seis e 11 meses, tendo o juiz David Tremberg
determinado que fossem efetivas para refletir a gravidade do sucedido.
"A
população de Scunthorpe tem o direito de esperar que comportamentos como este
nas ruas da sua cidade não sejam nem tolerado nem ignorado pelos
tribunais", disse no dia da sentença, a 27 de março.
Segundo
Vince Mancini, os distúrbios refletiram disputas antigas em Timor-Leste, embora
admita que o consumo de álcool também tenha estado na origem da tensão.
Ainda
assim, garante, os timorenses são considerados "muito trabalhadores, leais
e de confiança".
Estima-se
que na cidade residam entre 200 a 300 timorenses, muitos dos quais com
passaporte português, que exercem trabalhos pouco qualificados na indústria de
processamento alimentar da região.
A
comunidade começou a crescer em 2012 e é composta sobretudo, descreve, por
homens que partilham habitações e enviam dinheiro para as famílias em
Timor-Leste.
"Agora
que acabou o julgamento, vamos fazer um trabalho maior de integração, para os
informar dos seus direitos e deveres, sobre os serviços e habitação e oferecer
cursos de língua inglesa para estrangeiros", afirmou Mancini.
Para
isso, conta com a ajuda de Duarte Freitas, um timorense respeitado pelas duas
partes e que ajudou a perceber a raiz dos problemas e a pacificar as duas
fações.
"Agora
já está tudo bem e eles não vão voltar a lutar", promete este timorense.
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