sexta-feira, 15 de maio de 2015

ONG CONDENAM REJEIÇÃO DE BARCOS COM IMIGRANTES NO GOLFO DE BENGALA


Banguecoque, 14 mai (Lusa) - A Human Rights Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI) pediram hoje medidas de ajuda para os imigrantes presos no golfo de Bengala e exigiram aos governos da região que parem de rejeitar os barcos que os transportam.

A Organização Internacional para as Migrações estima que cerca de 8.000 imigrantes indocumentados se encontrem em barcos, controlados por máfias, nas águas do sudeste asiático, a maioria cidadãos do Bangladesh e rohingyas, uma minoria perseguida na Birmânia.

O subdiretor para a Ásia da HRW, Phil Robertson, acusou a Birmânia de criar esta situação e a Tailândia, Malásia e Indonésia de contribuírem para o seu agravamento com a política "sem coração" de rejeitar, em alto mar, as embarcações, pondo "em perigo a vida de milhares de pessoas".

"As marinhas da Tailândia, Malásia e Indonésia devem parar de jogar este pingue-pongue humano e, em vez disso, trabalharem em conjunto para resgatar os que se encontram nesses barcos", disse Robertson em comunicado.

Pedido semelhante foi feito pela AI, que criticou a Malásia por ter recusado receber uma embarcação, com 500 pessoas a bordo, na costa de Penang, tendo mesmo anunciado "medidas punitivas" para impedir o desembarque de imigrantes.

"A Malásia deve proteger, não castigar, as centenas de pessoas que chegam às suas costas. Deve dar-lhes a assistência médica que necessitam desesperadamente e não devolvê-las ao mar ou deportá-las para sítios onde os seus direitos e vidas ficarão em perigo", disse a investigadora da AI para a Ásia-Pacífico, Kate Schuetze.

"É arrepiante pensar que há centenas de pessoas neste momento à deriva, em grave risco de vida, sem água ou comida e, inclusivamente, sem saber onde estão", acrescentou.

As autoridades da Malásia resgataram, entre a noite de domingo e segunda-feira, 1.051 pessoas do Bangladesh e Birmânia, incluindo mulheres e crianças, cuja embarcação tinha encalhado em Longkawi.

A Indonésia resgatou das águas a norte da ilha de Sumatra 582 pessoas, da mesma nacionalidade, mas obrigou a voltar para águas internacionais outra embarcação com 400 imigrantes indocumentados que, segundo explicou, se dirigiam à Malásia.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 25.000 pessoas partiram em barcos do Bangladesh e Birmânia no primeiro trimestre de 2015, o dobro do número registado no mesmo período de 2014.
ISG // JCS

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