segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Chineses levam colecionador holandês a tribunal por furto de múmia


Pequim, 13 dez (Lusa) -- Um tribunal do sudeste da China aceitou, este fim de semana, uma ação contra um colecionador holandês que possui uma múmia que foi levada de uma povoação da zona em 1995, depois de meses de negociações infrutíferas entre as partes.

Segundo informa hoje a agência Xinhua, o Tribunal Popular Intermédio de Sanming, na província de Fujian, vai tratar a queixa apresentada pela localidade de Yangchun, a qual pede ao colecionador que devolva a múmia, pertencente a um monge que faleceu aos 37 anos durante a dinastia Song (séculos X-XIII).

O corpo mumificado, guardado dentro de uma estátua de um buda sentado na posição de lótus, esteve em paradeiro desconhecido durante duas décadas até que foi redescoberto numa exposição sobre múmias de todo o mundo, inaugurada em outubro de 2014 no Museu de História Natural de Budapeste (Hungria).

Até ser levada, em 1995, a estátua com a múmia era exibida num templo local que ainda conserva e tem exposto elementos com os quais a venerada figura era adornada.

Nos últimos dias pensava-se que as duas partes tinham chegado a um acordo, mas os moradores de Yangchun garantiram que o colecionador holandês, cuja identidade não foi revelada, apresentou três condições para devolver a referida relíquia que a localidade não podia cumprir, como o pagamento de uma soma em dinheiro ou a exibição da múmia num outro templo que não aquele.

Liu Yang, um dos advogados do lado chinês, informou que vai viajar para a Holanda para dar início ao caso também junto do país europeu, onde a peça da discórdia também é considerada parte da Coleção de Drents do Museu da cidade de Assen.

"O Buda é nosso deus e temos tido fé nele durante séculos. É parte importante da nossa vida, e esperamos que regresse em breve", assinalaram os moradores numa carta que, em março último, enviaram ao primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, para pedir a devolução da múmia.

Segundo os arquivos históricos de Yangchun, a múmia pertence a Zhanggong Zhushi, um monge da antiguidade que se tornou famoso na zona da atual província de Fujian pelo seu trabalho como mestre dos ensinamentos budistas e médicos.

DM // VM

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