quinta-feira, 17 de março de 2016

E AGORA?


Benigno Guterres, opinião

Fui surpreendido com a situação política atual em Timor-Leste com o afastamento do bloco da coligação ao partido democrático (PD). Acho que a decisão tomada pelo partido CNRT (partido mais votado na eleição em 2012) foi muito "extrema".

Independentemente das suas raízes e fundamentações relativamente a este caso, creio que o partido CNRT "não brinca" com os compromissos assumidos no acordo que o ligavam com o partido democrático (PD), porque não sendo assim, ele não arriscaria perder o seu maior aliado.

Será que houve violação do acordo? Os acordos são feitos para se cumprirem. Se uma parte não se cumpre; rasgamos o acordo e assumimos as consequências. Um acordo informal, temporário e flexível é sempre fácil de ser rompido, porque no fundo apenas se baseia na confiança de ambas as partes.

O partido democrático (PD) sempre foi um elemento de equilíbrio entre as forças políticas, CNRT e Fretilin, embora se tenha inclinado mais para o CNRT do que o Fretilin. 

E agora?

Há vários cenários que podem surgir. Com certeza alegamos sempre a importância da estabilidade. Todos os partidos que representam o povo no parlamento também têm invocado esta razão. Chegámos ao ponto de acharmos que já não há oposição no país.

Em Timor não sabemos quem está a governar e quem está a controlar o governo. Todos governam, todos controlam. O dever de garantir a estabilidade não é o mesmo dever de representar o povo. Não concordar com uma coisa, não significa que se vá correr o risco de instabilidade.

A eleição é já no próximo ano. É normal ver as disputas entre partidos políticos antes da eleição. É exatamente o que acontece e tem acontecido em Timor-Leste.

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