domingo, 18 de maio de 2025

Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste com insegurança alimentar aguda em 2024

Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste, os três países lusófonos estudados no relatório anual da Rede Mundial contra as Crises Alimentares (GNAFC) deste ano, enfrentaram em 2024 níveis elevados de insegurança alimentar aguda.

Em Moçambique, na África Austral, 4,9 milhões de pessoas, ou 24% da população analisada, enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 105 dos 156 distritos do país durante a época de escassez, segundo o estudo hoje publicado. 

De acordo com a análise, estes números são uma "conjugação da violência que assola o país", principalmente na região norte, em Cabo Delgado, "de eventos climáticos extremos" e de "crises económicas".

A seca provocada pelo fenómeno El Niño, associado a temperaturas elevadas, comprometeu a campanha agrícola de 2023-2024, ao mesmo tempo que inundações e tempestades tropicais --- como o ciclone Chido e a tempestade Filipo --- danificaram dezenas de milhares de hectares de culturas e infraestruturas, segundo dados do estudo.

Famílias vulneráveis esgotaram os seus `stocks` alimentares precocemente e passaram a depender do mercado já no início da época de escassez.

O conflito prolongado em Cabo Delgado estabilizou-se na segunda metade de 2024. No entanto, ataques intermitentes continuaram a ocorrer, dificultando o acesso a terras agrícolas, perturbando mercados e trocas comerciais, e reduzindo a disponibilidade de alimentos, lamentou.

Na Guiné-Bissau, o principal fator de crise foi económico.

Cerca de 100 mil pessoas, o equivalente a 7% da população, enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2024, devido à inflação persistente e, por exemplo, à quebra no preço da castanha de caju --- principal produto de exportação ---, que ficou 24% abaixo da média dos últimos cinco anos, afetando os rendimentos familiares, especificou.

O documentou explicou que, embora a precipitação tenha sido suficiente para as culturas cerealíferas, a região de Gabú (leste) registou perdas devido a períodos de seca.

No norte da região de Oio (centro-norte), o défice de chuvas em agosto prejudicou as culturas de arroz.

Por isso, "a produção total de cereais de 2024 foi, ainda assim, estimada em 13% acima da média quinquenal", saudou.

Em Timor-Leste, nação lusófona na Ásia, o cenário também se agravou.

"Cerca de 400.000 pessoas, ou 27% da população, enfrentaram insegurança alimentar aguda no período pós-colheita, um aumento face aos 260 mil do ano anterior", alertou.

Destas, 20.000 estavam em situação de emergência (Fase 4 IPC), citou.

A investigação salientou ainda que o impacto combinado da seca induzida pelo El Niño e das chuvas intensas causadas pela La Niña reduziu drasticamente a produção de arroz e milho --- respetivamente 23% e 14% abaixo da média dos últimos cinco anos.

De uma forma geral, o documentou indicou que os preços dos alimentos subiram devido a quebras de produção internas e restrições à exportação de arroz por parte da Índia. Como cerca de 60% das necessidades de cereais são satisfeitas por importações, a dependência externa expôs o país a choques nos preços, com o arroz a subir 11% em dezembro face ao ano anterior.

Em 2024, mais de 295 milhões de pessoas, ou seja, 22,6% da população analisada, enfrentavam níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 53 dos 65 países/territórios selecionados para o relatório, sendo este o sexto aumento anual consecutivo, explicou.

RTP | Lusa

PR timorense defende solução política para resolver fronteira com Indonésia em Oecussi

A finalização da fronteira terrestre com a Indonésia não está concretizada devido a denúncias feitas pela comunidade de Naktuka, que acusa os técnicos de lhes terem retirado hectares de terra arável.

O Presidente timorense, José Ramos-Horta, defendeu esta quinta-feira uma solução política e inteligente para resolver a questão da marcação de uma pequena parte da fronteira terrestre entre Timor-Leste e a Indonésia no enclave de Oecussi.

“Acredito que podemos encontrar uma solução [para a fronteira], que pode ser uma solução política, porque nem tudo é baseado nos tratados internacionais. O tratado feito por Portugal e a Holanda há mais de 100 anos e o terreno que falamos, não tem o tamanho de um campo de futebol”, afirmou José Ramos-Horta.

A finalização da fronteira terrestre com a Indonésia ainda não está concretizada devido a denúncias feitas pela comunidade de Naktuka, em Oescussi, que acusa os técnicos de lhes terem retirado 270 hectares de terra arável, que passou para a Indonésia, sem terem sido consultados.

Aquela comunidade admite não entregar as terras à Indonésia, explicando que aquela zona pertencia a Portugal antes da ocupação indonésia, em 1975, devido a um tratado assinado entre portugueses e holandeses em 1859 e complementado pela Convenção de Haia de 1904.

“Nesse espaço de terreno ainda por resolver quase todos são timorenses. Timorenses do lado Oecussi e timorenses que vivem do outro lado. São todos famílias, são timorenses. Podemos encontrar uma solução política, inteligente, e não ficarmos soterrados em legalismos históricos”, disse o Presidente timorense.

O Presidente timorense, que falava à margem de uma visita ao Tribunal de Recurso, disse também que em “negociações de fronteira marítima e terrestre há soluções criativas para resolver um pequeno diferendo”.

Recentemente, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, em visita a Oecussi reafirmou a posição de Timor-Leste de delimitar a fronteira em Naktuka, com base no tratado assinado entre Portugal e os Países Baixos.

Em relação à fronteira marítima, o Presidente timorense recordou que a Indonésia aceitou há mais um ano iniciar negociações sobre as fronteiras marítimas sem concluídas as negociações para encerrar as “pequenas diferenças que há em relação à fronteira terrestre”.

“Os contactos estão a continuar com o novo Presidente Prabowo e com o primeiro-ministro, Xanana”, acrescentou o chefe de Estado.

Observador | Lusa | Imagem: Vassil Donev/EPA

Cabo submarino representa início de transformação digital em Timor-Leste

Instalação de cabo submarino de fibra ótica é primeiro passo do governo timorense para transformação digital. País já investiu quase 40 milhões de dólares.

O governo timorense investiu já 43 milhões de dólares (cerca de 38 milhões de euros) para a transformação digital em Timor-Leste, que começou com a instalação do cabo submarino de fibra ótica.

“O cabo submarino é uma peça-chave importante para a transformação digital em Timor-Leste”, afirmou Pio Soares Tilman, chefe de monitorização e fiscalização da Autoridade Nacional de Comunicações (ANC), responsável pela supervisão do setor das telecomunicações.

O responsável falava no Fórum de Diálogo 2025, organizado pelo Conselho de Imprensa e dedicado ao tema “Inteligência Artificial, Média e Democracia Digital”, realizado em Díli.

“Para a implementação do cabo submarino de fibra ótica, o orçamento total é de 43 milhões de dólares. O Governo é o responsável direto por esta infraestrutura”, afirmou Pio Soares Tilman.

Xanana Gusmão defende regulação na utilização da Inteligência Artificial

Primeiro-ministro timorense afirmou ser "fundamental" que o país regule a Inteligência Artificial, para poder proteger "a democracia e a liberdade".

O primeiro-ministro timorense defendeu este sábado a regulação da utilização da Inteligência Artificial (IA) no país para proteção da democracia e da liberdade.

“É fundamental que regulemos a forma como usamos e desenvolvemos a IA no nosso país, para que possamos proteger a democracia e a liberdade pela qual tanto lutámos”, afirmou Xanana Gusmão, no Fórum de Diálogo 2025, organizado pelo Conselho de Imprensa e dedicado ao tema “Inteligência Artificial, Média e Democracia Digital”.

“A utilização da IA é uma realidade que vai transformar as nossas sociedades, mas cabe-nos a nós orientar e controlar essa mudança. Temos de fazer tudo para proteger a liberdade de expressão e a sociedade aberta que construímos”, salientou.

Para o primeiro-ministro timorense, é preciso garantir que a tecnologia serve o “interesse público e a dignidade humana”. “A IA deve servir o jornalismo e não o substituir. Não podemos confiar excessivamente na IA para contar as nossas histórias, nem permitir que se torne numa ferramenta de manipulação política”, disse.

Xanana Gusmão defendeu também que é necessário melhorar a literacia digital em Timor-Leste.