Roger Rafael Soares*, opinião
Os
últimos acontecimentos referentes ao conflito sírio fizeram despoletar as
divergências dos EUA com a Rússia, alimentadas pelo conflito de interesses
entre as duas grandes potências mundiais, que de certa forma fazem relembrar o
período da Guerra Fria, pelo facto de medirem forças e influências não só no
território sírio, mas, também, na arena internacional.
Se,
com a eleição de Donald Trump, pairava no ar a ideia de “amizade” entre os dois
líderes, norte-americano e russo, com o ataque preconizado pelos EUA sobre a
base militar de Assad, essa ideia desvaneceu por completo.
O
alegado ataque químico supostamente cometido pelo regime Assad causou uma
mudança no discurso político do líder norte-americano, Donald Trump, sobre a
questão síria, levando os EUA a reagirem com um ataque contra uma base militar
de Assad, o que se traduz no agravamento e complexidade do conflito,
assumindo-se como um problema político e económico de grandes proporções e de
difícil predisposição de resolução, em virtude da disputa de interesses
políticos, geoestratégicos e geopolíticos, quer das potências mundiais, quer
das potências regionais de apoio ou contra o regime Assad. Isto é, o “que mais
preocupa os defensores da hegemonia norte-americana é que os EUA tenham perdido
a capacidade para gerir unilateralmente a ordem e a estabilidade nessa região
[Médio Oriente], e que tenha que partilhar essa tarefa com a Rússia, o Irão e,
em menor medida, com a China” (Rafael Parra, 2015). Por seu lado, a Rússia usa
a base Naval de Tartus, bem como a Síria importa muito armamento da Rússia,
pelo que a “política russa para a Síria se circunscreve numa visão de ordem
multipolar onde a Rússia possa gerir os seus interesses ou converter-se num
ator com poder influente e, ao mesmo tempo, promover a implantação de normas
internacionais diferentes às que promovem os aliados ocidentais” (Rafael
Parra). A posição estratégica que o Médio Oriente detém na geopolítica
internacional é objeto de grandes disputas pelos atores externos, sendo de
realçar a Síria, um território estrategicamente colocado no Médio Oriente.
E,
portanto, a resolução do conflito sírio e das consequências que lhe são
inerentes, como a crise humanitária, está longe, dado que os Estados-membros
permanentes que compõem o Conselho de Segurança divergem sobre o regime.
*Rojer
Rafael T. Soares, Ailili, Manatuto
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