Banguecoque, 28 jul 2020 (Lusa)
-- O ex-primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, foi hoje condenado a 12 anos
de prisão e multado em 42 milhões de euros por sete acusações de corrupção
apresentadas no primeiro processo do escândalo relacionado com o fundo de
investimento 1MDB.
Najib Razak foi condenado a 12
anos por um crime de abuso de poder, 10 anos de prisão por cada um dos três
crimes de lavagem de dinheiro e outros 10 anos por cada um dos três crimes de
abuso de confiança, mas irá cumprir todas as penas simultaneamente.
O juiz do Supremo Tribunal de
Kuala Lumpur considerou o ex-chefe de governo culpado de uma acusação de abuso
de poder, três de abuso de confiança e três acusações de lavagem de dinheiro
ligadas ao desvio para as suas contas privadas de 42 milhões de ringgit (8,4
milhões de euros) da SRC International, uma subsidiária do fundo estatal
1Malaysia Development Berhad (1MDB).
Najib Razak, que governou o país
entre abril de 2009 e maio de 2018, manteve sempre a afirmação de inocência e
garantiu ter sido enganado pelo empresário malaio Jho Low, que foi conselheiro
próximo do então primeiro-ministro e que está fugido da Justiça.
De acordo com a defesa de Najib,
várias "circunstâncias e eventos" fizeram supor que Jho Low tinha
ligações à casa real saudita e levaram o então chefe de governo a acreditar que
os fundos colocados nas suas contas eram provenientes de uma doação do próprio
rei Abdullah bin Abdelaziz, que morreu em 2015.
O juiz rejeitou o argumento,
considerando que o réu "cometeu um erro ao não confirmar a veracidade"
da doação, apesar de ter os mecanismos necessários para o fazer, não tendo
sequer enviado uma carta de agradecimento.
O juiz também considerou provada
a ligação entre o ex-primeiro ministro e Jho Low, tido como estratega do plano
de corrupção.
"Perante todas as provas,
considero que o réu sabia das três transações, mas ocultou-as
deliberadamente", disse o juiz.
O esquema de corrupção do 1MDB
surgiu em 2015, quando uma investigação jornalística expôs o desvio de vários
milhões de dólares do fundo estatal para as contas privadas de Najib, fundador
do fundo e então primeiro-ministro da Malásia.
Najib, que tem pendentes outras
35 acusações de corrupção e mais quatro julgamentos, desviou, em conjunto como
os seus conselheiros, o equivalente a 3,2 mil milhões de euros do mecanismo de
investimentos do Estado da Malásia para as suas contas privadas, um escândalo
que levou à sua queda do poder em 2018.
PMC // ANP
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