Díli, 29 jul 2020 (Lusa) - O responsável do Programa Alimentar Mundial em Timor-Leste alertou hoje para os riscos de a pandemia da covid-19 agravar as condições alimentares e de nutrição de uma parte da população timorense, já vulnerável.
"Timor-Leste
não produz alimentos suficientes para alimentar a população. Setenta por cento
do arroz consumido é importado, mas com a covid-19, muitos dos países
fornecedores suspenderam as exportações", disse Dangeng Liu.
"Ainda
assim a covid-19 pode servir como alerta para a necessidade de uma política
agrícola adequada, para evitar que crises como estas se transformem em crises
alimentares", frisou.
Dageng
Liu falava num encontro com jornalistas em Díli para dar conta dos vários
programas que o PAM tem vindo a desenvolver em Timor-Leste desde que começou a
operar no país, em 1999.
A
ação do Programa está centrada, nos últimos anos, no apoio à ação do Governo
para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, particularmente a
erradicação da fome e da malnutrição.
Liu
frisou que a questão da nutrição é especialmente importante, nomeadamente entre
as crianças, com Timor-Leste a continua a registar os níveis mais elevados de
nanismo entre crianças com menos de cinco anos, da região da Ásia e Pacífico.
"A
questão tem a ver com a alimentação, mas também com questões como saúde, água e
saneamento e mudanças de comportamento", afirmou.
Tanto
Dageng Liu como o secretário de Estado da Comunicação Social, Merício Akara,
que participou no encontro, apelaram aos jornalistas para ajudarem na defesa a
estas estas questões.
Merício
Akara disse que o Governo tomou já as decisões políticas no sentido de
"minimizar os efeitos económicos da pandemia" e que está agora na
fase de execução das medidas, reafirmando o seu empenho em reativar a economia
nacional.
Ao
mesmo tempo, Akara pediu aos jornalistas que deem algum destaque a
"notícias positivas" sobre o país, inclusive nas questões como a ação
do PAM e de outras entidades para combater os problemas de nutrição do país.
O
PAM iniciou as suas operações em Timor-Leste em outubro de 1999, com um
orçamento de 26,4 milhões de dólares para a operação de emergência de apoio aos
deslocados internos devido à onda de violência depois do referendo de 30 de
agosto desse ano.
A
operação inicial previa a distribuição de quase 26 mil toneladas de ajuda
alimentar a mais de 400 mil pessoas durante seis meses.
A
organização manteve o seu apoio em 2002 e em 2003 canalizou apoio a comunidades
afetadas pelas secas e inundações.
Entre
2004 e
Nos
anos seguintes, e até 2011, o PAM trabalhou em conjunto com o Ministério do
Turismo, Comércio e Indústria para apoiar no fortalecimento das condições
alimentares locais, direcionada para populações vulneráveis e que viviam com
insegurança alimentar.
A
organização apoiou o estabelecimento inicial da produção de Timor Vita.
Entre
2012 e 2014, o PAM transferiu a responsabilidade do Programa de Alimentação
Escolar ao Governo de Timor-Leste, centrando-se na assistência técnica no
desenvolvimento da capacidade alimentar e na gestão da cadeia de abastecimento.
Até
Timor-Leste está sem casos ativos de covid-19 desde 15 de maio.
ASP // SB
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