terça-feira, 4 de outubro de 2016

Congresso da Fretilin sob o lema "vencer para libertar" a pensar nas eleições timorenses


Díli, 04 out (Lusa) - A segunda força política timorense, Fretilin, reúne no próximo fim-de-semana o seu Congresso Nacional sob o tema "vencer para libertar" e a pensar nas eleições presidências e legislativas de 2017, disse à Lusa o secretário-geral do partido.

"É um congresso muito especial porque queremos trabalhar sob o tema de 'vencer para libertar', neste caso para libertar o povo", disse à Lusa o líder da Fretilin, Mari Alkatiri.

"Como em qualquer congresso haverá debates sobre estatutos, regimentos e demais, mas vamos priorizar políticas e estratégias e o pensamento do comum que será a base do futuro programa de desenvolvimento", explicou.

Mari Alkatiri referiu que, "para evitar os copiadores" o partido só deverá aprovar o seu programa entre as eleições presidenciais de abril e as legislativas de junho, confirmando que o trabalho que tem desenvolvido em Oecusse será integrado nesse plano.

"Vim para Oecusse, a pedido do Estado, para ajudar a criar um modelo que possa servir de referência para todo o país. Foi o desafio que me foi lançado. Aceitei vir para este enclave e transformá-lo num segundo centro do país", disse.

Confirmou ainda que o Congresso analisará a questão eleitoral, explicando que já foram apresentadas "propostas unanimes das conferências distritais" que "devem ser renovadas agora no Congresso" de apoio ao presidente do partido, Francisco Guterres (Lu-Olo), para ser o candidato no voto presidencial de abril.

Alkatiri confirmou ainda que ele próprio vai voltar a defender, como o fez na última reunião do Comité Central, uma alteração aos estatutos do partido para que alguém além do secretário-geral possa ser primeiro-ministro, em caso de vitória eleitoral.

Isso permitiria, num cenário em que a Fretilin vença as eleições, que o futuro Governo possa ser liderado pelo atual chefe do Governo, Rui Maria de Araújo, ou outro quadro do partido.

"Eu próprio tentei retirar isso dos estatutos, na última reunião do comité central, mas foi recusado. Vou voltar a defender isso. Penso que depois de 14 anos de restauração de independência já e possível pensar-se nisso e aprovar essa alteração", disse.

Sobre os cenários pós-eleitorais, Mari Alkatiri disse que se a Fretilin obtiver maioria absoluta o partido "terá que incluir" outras forças, abrindo-se a "coligações" se não tiver maioria absoluta.

Ainda que seja um cenário idêntico ao atual - um Governo de coligação - Alkatiri disse que quer "uma junção de vontades, com outra dinâmica em que o primeiro-ministro seja o presidente do Governo, o executivo não esteja desagregado".

"O Governo tem estado muito desagregado porque cada ministro faz a política do seu partido e não do seu Governo", disse.

Sobre a inclusão na coligação de outros partidos além do atual parceiro de Governo, o CNRT, Mari Alkatiri enfatizou que tudo depende dos resultados, mas que a Fretilin está aberta a negociar "com quem consiga trazer mais-valias".

Questionado sobre se isso incluiria eventuais acordos com um partido a que pertença o atual Presidente, Taur Matan Ruak, o secretário-geral da Fretilin disse ter lido declarações de que o chefe de Estado "não é fundador de partido nenhum".

"Mas quando digo que estou aberto a coligações é com qualquer partido que traga valor acrescentado e experiência de governação", referiu.

Alkatiri disse não esperar grandes alterações parlamentares, com "3 ou 4 forças a elegerem deputados", ainda que admita a saída ou entrada de partidos.

O líder da Fretilin mostrou-se ainda convicto que "a estabilidade politica e toda esta nova postura política de todos os partidos concorre para evitar" que se repita a fraude que, insiste, ocorreu em 2012.

"Não tenho dúvidas nenhumas que houve fraude em 2012", disse.

José Reis, secretário-geral adjunto da Fretilin, disse à Lusa que o congresso, que decorre no Centro de Convenções de Díli (CCD) terá as sessões de abertura na sexta-feira e encerramento no domingo abertas ao público.

Participam no encontro 1.135 delegados de todo o país, entre os quais delegados eleitos das estruturas nacionais (973), delegados com inerência de funções (cerca de uma centena, incluindo presidente, secretário-geral e membros dos órgãos nacionais) e mais 127 aprovados pela Comissão Politica Nacional.

Foram ainda convidados representantes do corpo diplomático e prevê-se a participação de cerca de 200 observadores de várias entidades e organizações timorenses.

ASP // VM – Foto: António Amaral / Lusa

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