quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

ONU insta Tailândia a parar de usar lesa-majestade ao serviço de repressão política

Banguecoque, 07 fev (Lusa) -- A Tailândia deve parar de utilizar a lei contra a lesa-majestade como um instrumento de repressão política, defendeu hoje a ONU, destacando o caso de um estudante detido por ter partilhado no Facebook um artigo sobre o novo rei.

A advertência foi desencadeada pelo caso de Jatupat Boonpatararaksa, um ativista pró-democracia que foi detido em dezembro por ter partilhado no Facebook um perfil do novo rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, escrito pela BBC em tailandês.

Milhares de tailandeses partilharam o mesmo perfil mas Jatupat Boonpatararaksa -- crítico proeminente da junta militar conhecido pela alcunha de "Pai" -- foi a única pessoa a ser acusada até ao momento, naquele que constitui o primeiro caso de lesa-majestade desde que Maha Vajiralongkorn Bodindradebayavarangkun assumiu o trono a 01 de dezembro, poucas semanas depois da morte do seu pai, que reinou na Tailândia durante 70 anos.

Múltiplas audiências foram realizadas à porta fechada e o estudante enfrenta uma pena de até 15 anos de prisão no caso de ser condenado.

David Kaye, relator especial das Nações Unidas para a Liberdade de Expressão, afirmou estar preocupado com as audiências secretas, criticando de uma forma genérica a lei sobre a lesa-majestade, cujo uso disparou desde que a junta militar tomou o poder em 2014.

"As figuras públicas, incluindo as que exercem a mais elevada autoridade política, podem ser sujeitas à crítica, e o facto de algumas formas de expressão serem consideradas insultuosas para uma figura pública não é suficiente para justificar restrições ou sanções", afirmou David Kaye, citado num comunicado.

Para o relator especial da ONU, tais leis "não têm lugar num país democrático", pelo que apelou à Tailândia para as revogar.

As possibilidades de tal suceder são, contudo, ínfimas, dado que a Tailândia é liderada por generais fiéis à realeza que formam o governo mais autoritário em uma geração, banindo reuniões políticas e colocando na prisão ou acusando centenas de opositores.

Dezenas de casos de lesa-majestade foram abertos contra ativistas -- muitas vezes por comentários feitos 'online' --, dos quais alguns resultaram em pesadas sentenças.

A Tailândia tem severas leis de lesa-majestade que podem resultar entre três a 15 anos de prisão.

O recente serviço em tailandês da emissora britânica causou polémica com a publicação do artigo sobre a vida pessoal do rei Maha Bodindradebayavarangkun enquanto príncipe, que incluia pormenores sobre os seus três casamentos que acabaram em divórcio e outros conteúdos que não podem ser publicados nos meios de comunicação social tailandeses.

Após a publicação do artigo, a 02 de dezembro, um dia depois de Vajiralongkorn ter subido ao trono, os escritórios da BBC na Tailândia receberam visitas do exército e da polícia.

A BBC encerrou o escritório pouco depois, mas continuou a ter emissão e a publicar no seu 'site', apesar de o 'link' para o artigo sobre Vajiralongkorn estar bloqueado na Tailândia.

O artigo gerou indignação entre os apoiantes da família real. Grupos nas redes sociais, como o "V for Thailand", no Facebook, criticaram a BBC e publicaram o número de telefone da emissora em Banguecoque, encorajando os seguidores a ligarem e importunarem os trabalhadores da BBC.

Tudo indica que o caso da BBC foi o primeiro de lesa-majestade envolvendo material produzido por um meio de comunicação social 'mainstream' e respeitado, apesar de situações anteriores terem envolvido tabloides estrangeiros.

DM (ISG) // FV.

Foto: Rei da Tailândia, Maha Vajiralongkorn, uma figura controversa

1 comentário:

Anónimo disse...

Kona-ba liafuan imprensa husi Nasoins Unidas nia Relatora Espesiál kona-ba promosaun no protesaun ba direitu ba liberdade opiniaun no espresaun ne'ebé hato'o preokupasaun kona-ba uza lei lèse-majesté, Embaixada Royal Tailándia iha Dili, hakarak atu klarifika hanesan tuir mai ne'e:
1. monarkia tailandia sempre iha pilar ida kona-ba estabilidade iha Tailándia. Sentidu Tailandia identidade ne'e liga liu ba monarkia, instituisaun ida mak data fali durante tinan 700. Instituisaun ne'e, to'o ohin loron ne'ebé kontinua hala'o knaar ida-ne ' ebé unifikadór no simboliza unidade komunidade nasaun sira. Aprovasaun ba lejislasaun ne'ebé apropriadu atu proteje instituisaun refere hanesan prátika komún iha Tailándia hanesan iha nasaun sira seluk.

2. Lei lèse-majesté ne'ebé mak halo parte iha Tailándia nian Kódigu Penál ne'ebé fó protesaun ba direitu no reputasaun ba Ninia Majesties Liurai no liurai-Feto, iha liman-Rohan-aparente, ka Regent iha dalan hanesan neʼe defamasaun lei ne'ebé halo ba commoners ou ema bai-bain atu mantein seguransa nasionál no orden públika. La buka atu impede ema sira-nia direitu ba liberdade espresaun. Protesaun ne'ebé hanesan ne'e fó ba Liurai, liurai-Feto no liman-Rohan-aparente seluk Estadu no mós reprezentante ofisiál hateten hanesan konsagra iha artigu 133-134 Kódigu Penál Tailándia nian. Kazu sira ne'ebé kontinua lèse majesté tuir lei ne'ebé mak iha laiha dalan motivu polítiku.

3. Enkuantu Tailándia apoia no valor liberdade espresaun, direitu sira-ne'e mak la absoluta no sei hala'o iha fronteira lei ho maneira ne'ebé la perturba orden públika no armonia sosiál ka kontra ba ema seluk nia direitu no reputasaun, hanesan esklarese ona iha Artigu 19 (3) husi Paktu Internasionál kona-ba Direitu Sivíl no Polítiku tenke. Tan neʼe, ba aplikasaun lei lèse-majesté ne'e la inkompativel ho lei internasionál direitus umanus.

4. Hanesan ho ofensa kriminál sira seluk, prosedimentu sira kona-ba kazu lèse-majesté sira hala'o tuir prosesu legál. Ema sira-ne'ebé hetan kondenasaun ba lèse-majesté iha direitu ba direitu hanesan ho ema sira-ne'ebé hetan kondenasaun ba ofensa kriminál seluk, ne'ebé inklui direitu atu hato'o rekursu no direitu atu buka perdaun liurai nia atan.

5. Kona-ba prosesu legál hasoru Sr. Jatupat Boonpattararaksa ne'ebé hetan ona akuzasaun tuir lei lèse-majesté no Aktu Krime Komputer, kazu ne'ebé mak sai independente deliberated husi Tribunál Justisa. Governu ne'ebé mak la iha pozisaun ida halo intervensaun iha prosedimentus enkuantu majistratura judisiál ne'ebé ezerse ninian poder tuir lei. Garanti akuzadu nian mak fó iha loron 23 fulan-Dezembru tinan 2016 no ne'e depois agresaun hanesan nia repete fali nia hahalok, nunee viola ninia kondisaun garanti.