segunda-feira, 13 de março de 2017

Timor-Leste com o dobro de escolas e mais 64% de alunos em 15 anos

Díli, 13 mar (Lusa) - Timor-Leste inaugurou praticamente uma escola nova por semana nos últimos 15 anos, aumentou o número de alunos em 64% e registou melhorias no rácio professor-aluno, apesar de o sistema continuar com deficiências, segundo o Ministério da Educação.

"Desde a restauração da independência que se têm feito grandes esforços na melhoria do sistema educativo, tendo-se conseguido progressos consideráveis, especialmente no acesso à educação, na construção e reabilitação de escolas, no desenvolvimento curricular e na reconversão de professores", segundo um documento de análise do Ministério da Educação, a que a agência Lusa teve acesso.

Os dados fazem parte de um documento elaborado para a preparação do 3.º Congresso Nacional da Educação, que decorre entre 03 e 05 de maio em Díli e onde será feito um ponto da situação do setor educativo e se tentarão definir políticas consensuais para o futuro.

Segundo este documento, em 2016, Timor-Leste tinha 1.715 escolas do ensino pré-escolar, básico e secundário, mais 772 (mais 82%) do que as 943 do ano letivo de 2001.

O número de alunos aumentou em quase 153 mil - de 238,6 mil para 391,6 mil -, o que equivale a um crescimento de 64% no mesmo período.

O número de professores, por seu lado, mais do que duplicou, crescendo 113%, de 6.541 para 13.948, o que levou a uma redução do rácio aluno-professor: em 2001 havia 36 alunos por cada professor e no ano passado eram 28 alunos por cada docente, num país onde mais de metade da população tem menos de 18 anos.

Em termos de níveis de escolaridade, o número de escolas e alunos na educação pré-escolar mais do que quintuplicou em 15 anos, passando de 52 escolas em 2001 para 326 em 2016 (um crescimento de 527%) e de 2.904 alunos para 18.336 (mais 531%). O número de professores cresceu 314%, passando de 149 para 617, sendo hoje a taxa bruta de matrícula 17%.

No ensino básico, o Governo regista um "extraordinário aumento nos índices de acesso", com 89% das crianças com idade escolar matriculadas. Mas reconhece que o aumento no acesso "não se traduziu, na mesma medida, em melhorias na qualidade de ensino", com os "reduzidos índices de aprendizagem dos estudantes timorenses a constituírem um importante desafio, nomeadamente nos primeiros anos do ensino básico, onde as taxas de repetição são particularmente elevadas".

A taxa de abandono escolar no ensino básico ronda os 2,6% e a taxa de retenção é de 13%, num universo de 317,3 mil alunos (mais 49% do que há 15 anos), de 1.267 escolas (mais 51%) e mais do dobro de professores, que aumentaram de 5.410 para 11.106 (mais 105%).

A qualidade das infraestruturas e dos equipamentos escolares é outro desafio, já que apesar de 311 escolas básicas terem sido reabilitadas e cerca de 100 mil unidades de mesas e cadeiras terem sido distribuídas, "muitas escolas não possuem, ainda, salas de aula e instalações adequadas, nomeadamente a nível de água, eletricidade e saneamento".

No secundário geral, há mais do dobro de escolas (passaram de 43 para 90), de alunos (de 20,9 mil para 48 mil, ou mais 130%) e de professores (há 1.778, mais 108% do que os 855 de 2001).

Quanto ao secundário técnico vocacional, Timor-Leste quase triplicou as escolas, que passaram de 11 para 32, e mais do que triplicou o número de alunos (aumentaram 246%, de 2.285 para 7.938) e de professores (mais 282%, de 117 para 447).

A taxa de matrícula é de 62%, a de transição do básico para o secundário é de 78% e a de retenção no 12.º ano é de 1%.

No que se refere ao ensino superior, Timor-Leste tem hoje menos instituições acreditadas do que em 2003 (passaram de 17 para 11), mas o número de alunos aumentou 346%, de 13.199 para 58.476, apoiados por 2.079 professores.

Entre 2002 e 2015 graduaram-se em Timor-Leste mais de 25.500 jovens (46% mulheres), num universo em que 19% dos estudantes estão no ensino público e 41% dos professores têm qualificação igual ou superior a mestrado. A este número somam-se dezenas de milhares de jovens a estudar fora de Timor-Leste.

ASP // MP

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