Díli,
22 jul (Lusa) - O ex-Presidente timorense José Ramos-Horta afirmou hoje que
independentemente de quem vença as eleições legislativas todos os líderes
políticos devem "mostrar sentido de Estado" porque Timor-Leste
"precisa de todos".
"Quem
vier em primeiro lugar tem que mostrar a sua grandeza de líder e de político.
Primeiro deve felicitar todos os outros, abraçá-los, convidá-los para o diálogo
sobre o futuro deste país", disse à Lusa, depois de votar em Díli.
"Os
que vierem em segundo, terceiro ou quarto, devem mostrar grandeza de
verdadeiros líderes, democratas, saudar o partido que venceu, oferecer a sua
colaboração para que todos juntos possam consolidar a paz e o Estado
democrático", acrescentou.
Ramos-Horta
votou numa escola no bairro de Metiaut, próximo das zonas das praias de Díli,
onde reside e onde, pouco tempo depois, votou também o antigo chefe de Estado
Taur Matan Ruak, que se estreia nestas eleições legislativas à frente do
Partido Libertação opular (PLP).
O
Nobel da Paz defendeu que no momento atual todos os líderes políticos devem
colaborar até porque, sublinhou, há agendas e vontades comuns.
"Timor
precisa de todos. Precisamos de todos. Ninguém tem a exclusividade da verdade,
o monopólio das políticas mais corretas. Ouvimos as campanhas e houve ideias
interessantes avançadas por diferentes partidos e há consenso nacional sobre a
paz, democracia, diminuição da corrupção", afirmou.
"Que
se sentem e encontrem uma agenda que possa beneficiar a todos",
considerou.
Horta,
que durante a campanha chegou a mediar debates televisivos entre líderes
políticos e que continua a ter um papel politicamente interventivo em
Timor-Leste, antecipou um resultado próximo entre partidos nas legislativas,
com "grandes figuras" a estarem frente a frente.
"Haverá
um partido que será o vencedor, mas muito próximo do segundo, do terceiro. São
personalidades fortes e grandes, com credibilidade. Partidos grandes. O PLP é
novo mas tem uma grande figura e a votação será próxima entre eles",
considerou.
Sobre
o receio de que uma juventude mais alheada politicamente possa não participar
na votação, Horta destacou a grande capacidade de mobilização das principais
forças políticas, algo que se evidenciou durante a campanha.
"Penso
que a maioria participará, vendo pela participação deles na campanha nos
partidos. Grandes, pequenos ou médios tiveram sempre uma grande participação de
jovens. Estou convencido que estarão a votar hoje", disse.
"São
partidos fortes, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), a
Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o PLP e o Partido
Democrático (PD). É do interesse próprio deles, têm militâncias disciplinadas e
vão incentivar militantes e apoiantes a votar. E isso vai também minimizar a
não participação", considerou.
Ramos-Horta
quis deixar ainda uma mensagem de "parabéns ao povo, aos líderes e aos
partidos pela forma como conduziram a campanha e o processo eleitoral até
agora".
As
urnas fecharam às 15:00 (07:00 em Lisboa).
ASP
// EJ
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