sábado, 22 de julho de 2017

Ramos-Horta pede a líderes políticos "sentido de Estado"


Díli, 22 jul (Lusa) - O ex-Presidente timorense José Ramos-Horta afirmou hoje que independentemente de quem vença as eleições legislativas todos os líderes políticos devem "mostrar sentido de Estado" porque Timor-Leste "precisa de todos".

"Quem vier em primeiro lugar tem que mostrar a sua grandeza de líder e de político. Primeiro deve felicitar todos os outros, abraçá-los, convidá-los para o diálogo sobre o futuro deste país", disse à Lusa, depois de votar em Díli.

"Os que vierem em segundo, terceiro ou quarto, devem mostrar grandeza de verdadeiros líderes, democratas, saudar o partido que venceu, oferecer a sua colaboração para que todos juntos possam consolidar a paz e o Estado democrático", acrescentou.

Ramos-Horta votou numa escola no bairro de Metiaut, próximo das zonas das praias de Díli, onde reside e onde, pouco tempo depois, votou também o antigo chefe de Estado Taur Matan Ruak, que se estreia nestas eleições legislativas à frente do Partido Libertação opular (PLP).


O Nobel da Paz defendeu que no momento atual todos os líderes políticos devem colaborar até porque, sublinhou, há agendas e vontades comuns.

"Timor precisa de todos. Precisamos de todos. Ninguém tem a exclusividade da verdade, o monopólio das políticas mais corretas. Ouvimos as campanhas e houve ideias interessantes avançadas por diferentes partidos e há consenso nacional sobre a paz, democracia, diminuição da corrupção", afirmou.

"Que se sentem e encontrem uma agenda que possa beneficiar a todos", considerou.
Horta, que durante a campanha chegou a mediar debates televisivos entre líderes políticos e que continua a ter um papel politicamente interventivo em Timor-Leste, antecipou um resultado próximo entre partidos nas legislativas, com "grandes figuras" a estarem frente a frente.

"Haverá um partido que será o vencedor, mas muito próximo do segundo, do terceiro. São personalidades fortes e grandes, com credibilidade. Partidos grandes. O PLP é novo mas tem uma grande figura e a votação será próxima entre eles", considerou.

Sobre o receio de que uma juventude mais alheada politicamente possa não participar na votação, Horta destacou a grande capacidade de mobilização das principais forças políticas, algo que se evidenciou durante a campanha.

"Penso que a maioria participará, vendo pela participação deles na campanha nos partidos. Grandes, pequenos ou médios tiveram sempre uma grande participação de jovens. Estou convencido que estarão a votar hoje", disse.

"São partidos fortes, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), o PLP e o Partido Democrático (PD). É do interesse próprio deles, têm militâncias disciplinadas e vão incentivar militantes e apoiantes a votar. E isso vai também minimizar a não participação", considerou.

Ramos-Horta quis deixar ainda uma mensagem de "parabéns ao povo, aos líderes e aos partidos pela forma como conduziram a campanha e o processo eleitoral até agora".

As urnas fecharam às 15:00 (07:00 em Lisboa).

ASP // EJ

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