Sidney, Austrália, 23 mai (Lusa)
- O arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, anunciou hoje o afastamento
temporário do cargo, um dia depois de um tribunal australiano o ter declarado
culpado de encobrir casos de pedofilia durante os anos de 1970.
"Se, a qualquer momento, for
necessário ou apropriado dar outros passos formais, incluindo a demissão da
arquidiocese, é isso que farei", garantiu em comunicado. Wilson incorre
numa pena máxima de dois anos de prisão.
O prelado indicou que a decisão
terá efeitos práticos a partir de sexta-feira e que foi adotada após consultar
os seus advogados.
Dirigente da arquidiocese de
Adelaide desde 2001, Philip Wilson, de 67 anos, foi acusado de omitir abusos
sexuais cometidos pelo padre James Fletcher contra um rapaz de 10 anos, nos
anos 1970, numa paróquia no Hunter Valley, a norte de Sydney.
Fletcher foi condenado em 2004 a
oito anos de prisão por nove casos de abuso sexual, mas morreu 13 meses depois,
na sequência de um enfarte.
Durante o julgamento, a defesa
argumentou que o arcebispo, recentemente diagnosticado com a doença de
Alzheimer, foi incapaz de comparecer perante o juiz devido ao impacto da doença
nas "funções cognitivas".
"Estou obviamente aborrecido
com a decisão divulgada hoje", disse Philip Wilson, num breve comunicado,
depois de conhecer a decisão do tribunal, na terça-feira.
Wilson está em liberdade
condicional até à leitura da sentença, marcada para 19 de junho.
A Igreja Católica, com forte
presença na Austrália, recebeu queixas de 4.500 pessoas por alegados abusos
cometidos por cerca de 1.880 membros da instituição entre 1980 e 2015, embora
alguns casos datem dos anos de 1920.
No início deste ano, vários
arcebispos australianos admitiram que a resposta da Igreja Católica no país aos
casos de pedofilia estava errada e levou a uma situação de "negligência
criminosa".
JMC (FST) // EJ
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