Porto, 21 mai (Lusa) -
Investigadores portugueses reúnem-se dia 24 de maio, no Porto, para debater a
documentação dispersa sobre a história recente de Timor Leste, explicou à Lusa
o promotor do colóquio Luís Pinto.
Subordinado ao tema 'História
& Memória - os arquivos de e para Timor' e organizado pelo Departamento de
História e Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto (DHEPI), o colóquio pretende fazer o ponto da situação
relativamente à antiga colónia portuguesa.
Num documento escrito enviado à
Lusa, Luís Pinto explicou que "as características particulares de Timor e
as circunstâncias históricas da colonização portuguesa, ocupação japonesa,
descolonização, invasão indonésia, resistência e administração pela ONU resultaram
numa grande dispersão da documentação relevante para o estudo da sua
história".
"Se a identificação das
fontes e bibliografia já é uma tarefa morosa para o estudo do período
1769-1945, mais difícil se torna para o período 1945-1975", acrescentou, vincando
que a "internacionalização da 'questão de Timor', a partir de 1975,
multiplicou as fontes a consultar".
Salientando que "a dispersão
da documentação é não apenas geográfica, mas também linguística",
argumentou que "qualquer tentativa de inventariar essas fontes exige uma
colaboração internacional" e que "Portugal, por razões históricas,
dispõe de vasta documentação sobre Timor", logo "pareceu apropriado
tentar fazer um ponto da situação sobre aquilo que se sabe (e não se sabe) acerca
dos arquivos sobre Timor".
Organizado no âmbito do Programa
de Doutoramento em História da FLUP, que "tem uma forte tradição nos
estudos arquivísticos" e se "disponibilizou para ajudar a formar
arquivistas leste-timorenses, nomeadamente para o Arquivo Nacional de Timor-Leste
(ANTL)", o "estudo de temas leste-timorenses tem, por isso, interesse
histórico, cultural e científico para Portugal", argumentou o promotor.
"A 'questão de Timor' pode
ser igualmente um interessante objeto de estudo sobre o modo como nela se
articularam interesses internacionais e atores locais, como um movimento de
resistência lutou pela libertação nacional e construiu a paz, como a sociedade
civil portuguesa e internacional se organizou para apoiar uma causa que parecia
perdida, como foi construído o estado em Timor-Leste e o papel da ONU nesse
processo", disse.
Dando conta que "Timor-Leste
debate-se naturalmente com a questão da sua identidade", Luís Pinto
considerou que o novo país "precisa de demonstrar que a sua consciência de
identidade é suficientemente forte para ultrapassar as vicissitudes internas e
externas", sustentando "uma cultura própria, na sua
diversidade".
"A história coletiva de
Timor-Leste é uma das componentes mais importantes dessa consciência
identitária", frisou.
O colóquio é, também, disse à
Lusa, "uma forma de apoiar o esforço em curso, desde 1999, em Timor-Leste
por "várias instituições" para "preservar e disponibilizar a
documentação que vão recolhendo, apesar das dificuldades financeiras, materiais
e de recursos humanos".
Precisando não ser "intenção
do colóquio da FLUP contribuir para as polémicas ou tentar 'resolver' a
'questão da história' em Timor-Leste", entende-a como o "realçar da
importância da disseminação da informação, do acesso, do uso, do dar vida ao
muito material que existe sobre Timor-Leste. E fazê-lo num espírito de
colaboração com todos e, em primeiro lugar, com os leste-timorenses",
concluiu.
JYFO // PJA
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