quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Fretilin e CNRT garantem que "nenhum cenário excluído" no debate sobre governo timorense

Díli, 09 ago (Lusa) - Líderes da Fretilin e do CNRT afirmaram hoje que "nenhum cenário está excluído" nas negociações sobre a formação do próximo Governo timorense, com os partidos comprometidos a realizar nova reunião, em breve, para dialogar.

Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e Francisco Kalbuadi, o seu homólogo do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), lideraram um encontro de delegações dos dois partidos, respetivamente, primeiro e segundo mais votado nas legislativas de 22 de julho.

Questionado pela Lusa à saída do encontro sobre se está excluído qualquer cenário, Mari Alkatiri foi enfático ao afirmar: "nenhum".

Sobre a possibilidade do CNRT vir a estar no Governo, Alkatiri repetiu que "não está nenhum cenário excluído".


À mesma pergunta da Lusa, Francisco Kalbuadi foi mais evasivo, mas também não excluiu qualquer cenário, remetendo todas as decisões para um encontro do seu partido.

"Vamos discutir isto e não podemos dizer nada. Temos que convocar uma reunião", afirmou.

"Respeitamos e apreciamos o convite da Fretilin e por isso estamos aqui para uma discussão inicial. Respeitamos a democracia. Depois vamos reunir CPN, CDN e o presidente e depois teremos tempo para discutir", afirmou, referindo-se a um encontro das estruturas de topo do CNRT, a Comissão Política Nacional (CPN) e a Comissão Diretiva Nacional (CDN).

Mari Alkatiri explicou que, depois da reunião de hoje de cerca de uma hora, se registou um "entendimento em muitas coisas" apesar de ainda haver "muito a falar", confirmando que esta é a primeira ronda de diálogo com o CNRT.

Xanana Gusmão, presidente do CNRT, voltou a não aceitar os repetidos convites da força mais votada, a Fretilin, e esteve ausente desta primeira reunião de negociações para a formação de Governo.

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, liderou a delegação do partido de que fizeram ainda parte, entre outros, o secretário-geral adjunto, José Reis, o vice-presidente, Francisco Branco, a secretária-geral da organização da mulher do partido, Merita Alves, e o segundo adjunto, Flávio Silva.

Alkatiri é atualmente o líder principal da Fretilin, desde que o presidente do partido, Francisco Guterres Lu-Olo, foi eleito chefe de Estado, em março passado.

A delegação do CNRT, segundo partido mais votado, é liderada pelo secretário-geral Francisco Kalbuadi e inclui o presidente da Comissão Diretiva Nacional (CDN), Dionísio Babo, e o vice-presidente, Vergílio Smith.

Encontros idênticos estão previstos entre quinta-feira e sábado com delegações do Partido Libertação Popular (PLP), do Partido Democrático (PD) e do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), já se mostrou disponível por várias vezes para dialogar com Xanana Gusmão desde as eleições, mas até ao momento os dois líderes ainda não conversaram.

Questionado sobre se estava desapontado com a ausência de Xanana, Alkatiri disse que o partido está bem representado.

"Não estou desapontado. Está a ser bem representado. A delegação vem com mandato do presidente Xanana. Quem está com abertura para o diálogo não pode estar a concentrar demais as exigências em quem pode ou deve vir", disse.

"A delegação do CNRT vai levar o relatório para o coletivo da sua liderança e depois marcará nova reunião", acrescentou.

Foi a terceira vez desde as eleições que Mari Alkatiri se mostrou disponível para conversar com Xanana Gusmão que, até ao momento, ainda não entrou em contacto com o líder da Fretilin, tendo-se limitado a congratular o partido vencedor num discurso interno para a sua própria formação política.

No fim de semana passado, o CNRT deliberou numa conferência de quadros que não vai integrar qualquer coligação de Governo e quer ser oposição, tendo Xanana Gusmão apresentado a demissão, que ficou suspensa até um próximo Congresso extraordinário do partido.

O CNRT não determinou ainda se poderá eventualmente apoiar a Fretilin num modelo de "incidência parlamentar".

A previsão mais recente é que o novo parlamento timorense, de 65 membros, tome posse a 22 de julho, devendo o VII Governo constitucional ser empossado pouco tempo depois.

ASP // EJ | Foto TATOLI

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