Díli,
09 ago (Lusa) - Líderes da Fretilin e do CNRT afirmaram hoje que "nenhum
cenário está excluído" nas negociações sobre a formação do próximo Governo
timorense, com os partidos comprometidos a realizar nova reunião, em breve,
para dialogar.
Mari
Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin) e Francisco Kalbuadi, o seu homólogo do Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), lideraram um encontro de delegações dos dois
partidos, respetivamente, primeiro e segundo mais votado nas legislativas de 22
de julho.
Questionado
pela Lusa à saída do encontro sobre se está excluído qualquer cenário, Mari
Alkatiri foi enfático ao afirmar: "nenhum".
Sobre
a possibilidade do CNRT vir a estar no Governo, Alkatiri repetiu que "não
está nenhum cenário excluído".
À
mesma pergunta da Lusa, Francisco Kalbuadi foi mais evasivo, mas também não
excluiu qualquer cenário, remetendo todas as decisões para um encontro do seu
partido.
"Vamos
discutir isto e não podemos dizer nada. Temos que convocar uma reunião",
afirmou.
"Respeitamos
e apreciamos o convite da Fretilin e por isso estamos aqui para uma discussão
inicial. Respeitamos a democracia. Depois vamos reunir CPN, CDN e o presidente
e depois teremos tempo para discutir", afirmou, referindo-se a um encontro
das estruturas de topo do CNRT, a Comissão Política Nacional (CPN) e a Comissão
Diretiva Nacional (CDN).
Mari
Alkatiri explicou que, depois da reunião de hoje de cerca de uma hora, se
registou um "entendimento em muitas coisas" apesar de ainda haver
"muito a falar", confirmando que esta é a primeira ronda de diálogo
com o CNRT.
Xanana
Gusmão, presidente do CNRT, voltou a não aceitar os repetidos convites da força
mais votada, a Fretilin, e esteve ausente desta primeira reunião de negociações
para a formação de Governo.
Mari
Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, liderou a delegação do partido de que
fizeram ainda parte, entre outros, o secretário-geral adjunto, José Reis, o
vice-presidente, Francisco Branco, a secretária-geral da organização da mulher
do partido, Merita Alves, e o segundo adjunto, Flávio Silva.
Alkatiri
é atualmente o líder principal da Fretilin, desde que o presidente do partido,
Francisco Guterres Lu-Olo, foi eleito chefe de Estado, em março passado.
A
delegação do CNRT, segundo partido mais votado, é liderada pelo
secretário-geral Francisco Kalbuadi e inclui o presidente da Comissão Diretiva
Nacional (CDN), Dionísio Babo, e o vice-presidente, Vergílio Smith.
Encontros
idênticos estão previstos entre quinta-feira e sábado com delegações do Partido
Libertação Popular (PLP), do Partido Democrático (PD) e do Kmanek Haburas
Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).
Mari
Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin), já se mostrou disponível por várias vezes para dialogar com Xanana
Gusmão desde as eleições, mas até ao momento os dois líderes ainda não
conversaram.
Questionado
sobre se estava desapontado com a ausência de Xanana, Alkatiri disse que o
partido está bem representado.
"Não
estou desapontado. Está a ser bem representado. A delegação vem com mandato do
presidente Xanana. Quem está com abertura para o diálogo não pode estar a
concentrar demais as exigências em quem pode ou deve vir", disse.
"A
delegação do CNRT vai levar o relatório para o coletivo da sua liderança e
depois marcará nova reunião", acrescentou.
Foi
a terceira vez desde as eleições que Mari Alkatiri se mostrou disponível para
conversar com Xanana Gusmão que, até ao momento, ainda não entrou em contacto
com o líder da Fretilin, tendo-se limitado a congratular o partido vencedor num
discurso interno para a sua própria formação política.
No
fim de semana passado, o CNRT deliberou numa conferência de quadros que não vai
integrar qualquer coligação de Governo e quer ser oposição, tendo Xanana Gusmão
apresentado a demissão, que ficou suspensa até um próximo Congresso
extraordinário do partido.
O
CNRT não determinou ainda se poderá eventualmente apoiar a Fretilin num modelo
de "incidência parlamentar".
A
previsão mais recente é que o novo parlamento timorense, de 65 membros, tome
posse a 22 de julho, devendo o VII Governo constitucional ser empossado pouco
tempo depois.
ASP
// EJ | Foto TATOLI
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