Díli,
10 ago (Lusa) - O presidente da terceira força política timorense, o PLP,
garantiu hoje que o partido não fará parte de qualquer coligação de Governo,
disse que cabe à Fretilin formar o executivo e rejeitou a possibilidade de
eleições antecipadas.
Taur
Matan Ruak falava depois de um encontro de cerca de uma hora que uma delegação
do Partido Libertação Popular (PLP) manteve hoje com uma delegação da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) no âmbito das negociações
para a formação de Governo.
"Correu
tudo bem. Reafirmámos a nossa posição de estar na oposição, mas não aceitamos
eleições antecipadas. A Fretilin foi o partido mais votado, o doutor Mari
Alkatiri vai saber lidar com esta situação", afirmou Taur Matan Ruak.
Questionado
pela Lusa sobre se está excluída a possibilidade de que elementos do PLP venham
a integrar o executivo, Taur Matan Ruak foi enfático: "Não há qualquer
possibilidade, oposição é oposição".
Sobre
se o PLP ajudaria a viabilizar o Governo da Fretilin, Taur Matan Ruak usou uma
metáfora casamenteira para referir as negociações da Fretilin com os restantes
quatro partidos eleitos para o parlamento nacional.
"Somos
quatro raparigas todas elas bonitas, não sei qual delas é que o Mari vai
escolher. Mas nós vamos estar na oposição", disse.
"Eu
não vou estar no parlamento. Não sei o que a bancada vai fazer", disse,
questionado sobre o eventual apoio em incidência parlamentar, aproveitando para
"congratular a Fretilin pela vitória nas eleições".
Mari
Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, disse, por seu lado, que saiu
"bastante satisfeito do encontro".
"Compreendo
a posição do PLP de se querer manter na oposição mas também de rejeitar
qualquer hipótese de eleições antecipadas. Significa que o PLP também quer a
estabilidade. Reconhece que a Fretilin é o partido mais votado", afirmou.
Sobre
notícias que têm saído em alguma imprensa timorense sobre a possibilidade de
que, caso a Fretilin não consiga formar Governo o segundo partido, o Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão avançaria, Alkatiri
disse que era "especulação".
"Já
estou muito habituado a essas notícias. Têm carater de especulação ou tentativa
de provocação para nos tentar fazer reagir mas eu estou tranquilo",
comentou.
O
encontro entre ambos foi o primeiro desde o polémico discurso que Taur Matan
Ruak, então Presidente da República, fez no Parlamento Nacional em fevereiro do
ano passado quando acusou líderes históricos como Xanana Gusmão e Mari Alkatiri
de nepotismo, comparando os benefícios que têm dado a "familiares e
amigos" com práticas do ex-ditador indonésio Suharto.
"Águas
passadas não moem moinho. Mari é um dos fundadores do país. Eu trabalhei com
eles todos. Não sou fundador mas sou seguidor", afirmou Matan Ruak
questionado pela Lusa sobre a relação entre ambos.
Em
estreia na corrida legislativa o PLP tornou-se nas legislativas a terceira
força política mais votada, obtendo oito dos 65 lugares do parlamento nacional.
Dirigentes
do PLP têm insistido que o partido prefere, tendencialmente, manter-se como
oposição apesar de, desde as eleições, não terem excluído taxativamente a
possibilidade de apoiarem ou viabilizarem a formação de Governo.
No
encontro de hoje Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, liderou a
delegação do partido de que fizeram ainda parte, entre outros, o
secretário-geral adjunto, José Reis, o vice-presidente Francisco Branco, a
secretária-geral da organização da mulher do partido, Merita Alves e o segundo
adjunto Flávio Silva.
A
delegação do PLP era liderada por Taur Matan Ruak e incluía ainda dois dos
ex-vice-presidentes do partido, Fidelis Magalhães e Tiago Sarmento, e um
elemento do secretariado, Filipe Costa.
Mari
Alkatiri é atualmente o líder principal da Fretilin já que o presidente do
partido, Francisco Guterres Lu-Olo, não ocupa funções partidárias desde que
tomou posse como chefe de Estado em maio.
A
Fretilin iniciou na quarta-feira, com uma delegação da segunda força mais
votada, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), uma ronda de
contactos no intuito de formar Governo.
Xanana
Gusmão, presidente do CNRT, esteve ausente do encontro - até ao momento ainda
não falou sequer com Mari Alkatiri - e a delegação do partido saiu da reunião
com a Fretilin comprometendo-se a tomar decisões na cúpula do partido.
ASP
// DM
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