quinta-feira, 10 de agosto de 2017

PLP não estará no próximo Governo timorense, Taur Matan Ruak rejeita eleições antecipadas

Díli, 10 ago (Lusa) - O presidente da terceira força política timorense, o PLP, garantiu hoje que o partido não fará parte de qualquer coligação de Governo, disse que cabe à Fretilin formar o executivo e rejeitou a possibilidade de eleições antecipadas.

Taur Matan Ruak falava depois de um encontro de cerca de uma hora que uma delegação do Partido Libertação Popular (PLP) manteve hoje com uma delegação da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) no âmbito das negociações para a formação de Governo.

"Correu tudo bem. Reafirmámos a nossa posição de estar na oposição, mas não aceitamos eleições antecipadas. A Fretilin foi o partido mais votado, o doutor Mari Alkatiri vai saber lidar com esta situação", afirmou Taur Matan Ruak.

Questionado pela Lusa sobre se está excluída a possibilidade de que elementos do PLP venham a integrar o executivo, Taur Matan Ruak foi enfático: "Não há qualquer possibilidade, oposição é oposição".

Sobre se o PLP ajudaria a viabilizar o Governo da Fretilin, Taur Matan Ruak usou uma metáfora casamenteira para referir as negociações da Fretilin com os restantes quatro partidos eleitos para o parlamento nacional.


"Somos quatro raparigas todas elas bonitas, não sei qual delas é que o Mari vai escolher. Mas nós vamos estar na oposição", disse.

"Eu não vou estar no parlamento. Não sei o que a bancada vai fazer", disse, questionado sobre o eventual apoio em incidência parlamentar, aproveitando para "congratular a Fretilin pela vitória nas eleições".

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, disse, por seu lado, que saiu "bastante satisfeito do encontro".

"Compreendo a posição do PLP de se querer manter na oposição mas também de rejeitar qualquer hipótese de eleições antecipadas. Significa que o PLP também quer a estabilidade. Reconhece que a Fretilin é o partido mais votado", afirmou.

Sobre notícias que têm saído em alguma imprensa timorense sobre a possibilidade de que, caso a Fretilin não consiga formar Governo o segundo partido, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão avançaria, Alkatiri disse que era "especulação".

"Já estou muito habituado a essas notícias. Têm carater de especulação ou tentativa de provocação para nos tentar fazer reagir mas eu estou tranquilo", comentou.

O encontro entre ambos foi o primeiro desde o polémico discurso que Taur Matan Ruak, então Presidente da República, fez no Parlamento Nacional em fevereiro do ano passado quando acusou líderes históricos como Xanana Gusmão e Mari Alkatiri de nepotismo, comparando os benefícios que têm dado a "familiares e amigos" com práticas do ex-ditador indonésio Suharto.

"Águas passadas não moem moinho. Mari é um dos fundadores do país. Eu trabalhei com eles todos. Não sou fundador mas sou seguidor", afirmou Matan Ruak questionado pela Lusa sobre a relação entre ambos.

Em estreia na corrida legislativa o PLP tornou-se nas legislativas a terceira força política mais votada, obtendo oito dos 65 lugares do parlamento nacional.

Dirigentes do PLP têm insistido que o partido prefere, tendencialmente, manter-se como oposição apesar de, desde as eleições, não terem excluído taxativamente a possibilidade de apoiarem ou viabilizarem a formação de Governo.

No encontro de hoje Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, liderou a delegação do partido de que fizeram ainda parte, entre outros, o secretário-geral adjunto, José Reis, o vice-presidente Francisco Branco, a secretária-geral da organização da mulher do partido, Merita Alves e o segundo adjunto Flávio Silva.

A delegação do PLP era liderada por Taur Matan Ruak e incluía ainda dois dos ex-vice-presidentes do partido, Fidelis Magalhães e Tiago Sarmento, e um elemento do secretariado, Filipe Costa.

Mari Alkatiri é atualmente o líder principal da Fretilin já que o presidente do partido, Francisco Guterres Lu-Olo, não ocupa funções partidárias desde que tomou posse como chefe de Estado em maio.

A Fretilin iniciou na quarta-feira, com uma delegação da segunda força mais votada, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), uma ronda de contactos no intuito de formar Governo.

Xanana Gusmão, presidente do CNRT, esteve ausente do encontro - até ao momento ainda não falou sequer com Mari Alkatiri - e a delegação do partido saiu da reunião com a Fretilin comprometendo-se a tomar decisões na cúpula do partido.

ASP // DM

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