sábado, 24 de maio de 2025

Português em Timor-Leste promove o desenvolvimento da língua tétum

M. Azancot de Menezes* | Tornado | opinião 

O desenvolvimento do tétum depende da língua portuguesa. Esta foi uma das principais mensagens retiradas da brilhante palestra de Célia Oliveira proferida na semana passada na Universidade de Díli.

Os inimigos da língua portuguesa tentam a todo o custo minimizar a importância desta língua no contexto de Timor-Leste. Alguns cidadãos, por ignorância, desconhecem as vantagens políticas, culturais e socioeconómicas da língua portuguesa. Mas, os tais inimigos da língua oficial da CPLP, fingem não saber que o desenvolvimento do tétum depende da outra língua oficial do País, a língua portuguesa.

Quem teve o privilégio de estar presente na “aula de sapiência” de Célia Oliveira, PhD em Ciências da Cultura na Especialidade em Cultura Portuguesa, ficou absolutamente esclarecido sobre esta matéria,  tendo sido demonstrado que a língua tétum é fortemente influenciada pela língua portuguesa na medida em que o tétum vive de empréstimos linguísticos do português.

Numa perspectiva diacrónica, esta linha de raciocínio faz todo o sentido se pensarmos que a colonização portuguesa em Timor-Leste durou 500 anos e, durante esse tempo, a língua utilizada na administração em todo o território nacional foi a língua portuguesa, fazendo com que a língua tétum sofresse múltiplas influências, cujo desenvolvimento depende de empréstimos linguísticos do português.

Os empréstimos linguísticos ocorrem na sequência do contacto que existe entre diferentes povos, que “falam e escrevem de formas diferentes, e começam a fazer uso de palavras e expressões de uma língua ou de outra, seja para nomear coisas, situações, processos ou comportamentos que, no geral, não possuem uma palavra em nossa língua como referência” (Sangina Esteves, 2019).

ONG exige a Macau que deixe jornalistas trabalhar "sem receio de represálias"

Macau, China, 16 mai 2025 (Lusa) - Uma organização não-governamental (ONG) disse hoje à Lusa que os jornalistas devem poder trabalhar "sem receio de represálias", após as autoridades de Macau terem excluído a imprensa 'online' e mensal de três eventos públicos.

"Apelamos ao Governo de Macau para que garanta que os jornalistas não são impedidos de fazer o seu trabalho de manter os cidadãos informados", disse a coordenadora para a Ásia do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Beh Lih Yi.

Desde 08 de maio, o executivo de Macau organizou três eventos públicos nos quais apenas permitiu a presença de repórteres de jornais diários e semanais, estações de televisão, rádio e agências de notícias.

O Gabinete de Comunicação Social (GCS) do Governo de Macau disse à Lusa que a exclusão da imprensa 'online' e mensal era "prática comum" e que dependia das entidades organizadoras dos eventos públicos.

Uma justificação repetida, usando praticamente as mesmas palavras, pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia e pela Autoridade Monetária de Macau, organizadores de eventos, em 08 e 12 de maio, que excluíram imprensa 'online' e mensal.

Hoje, numa nota sobre um evento organizado em conjunto por seis entidades públicas e difundida pelo GCS, a imprensa 'online' e mensal foi excluída "devido ao espaço limitado no local".

"Os jornalistas devem poder cobrir eventos de interesse público sem receio de represálias", defendeu Beh Lih Yi.

Em 17 de abril, duas jornalistas do All About Macau, um jornal 'online' com uma versão mensal em papel, foram detidas pela polícia quando tentavam entrar no salão do parlamento local para assistir à apresentação do programa político na área da Administração e Justiça para 2025.

A Assembleia Legislativa alegou que houve uma "grande afluência" de jornalistas e que "o espaço para entrevistas, bem como os lugares disponíveis na sala do plenário são limitados".

"Tem-se assistido a uma erosão sistemática da liberdade de imprensa em Macau, com a negação de entrada a jornalistas e o acesso restrito a eventos públicos", alertou a coordenadora para a Ásia do CPJ.

"A detenção de duas repórteres simplesmente por tentarem cobrir uma sessão legislativa marca uma escalada perturbadora na repressão do jornalismo independente", lamentou Beh Lih Yi.

A dirigente defendeu que "as autoridades devem retirar quaisquer potenciais acusações contra as repórteres do All About Macau e permitir que os jornalistas trabalhem sem interferências".

A publicação 'online' e mensal acusou a Assembleia Legislativa de impedir "repetidamente os jornalistas do All About Macau de realizarem o seu trabalho normal de reportagem sob falsos pretextos".

A Associação de Jornalistas de Macau, liderada por uma das jornalistas detidas, Ian Sio Tou, já tinha expressado anteriormente preocupação com o aumento de eventos oficiais sem cobertura da comunicação social e de "práticas discriminatórias" para com o setor.

 Sapo | Lusa

O SEGUNDO GENOCÍDIO DOS ROHINGYA

Refugiados rohingya recém-chegados aguardam na fila, na esperança de receber assistência de grupos humanitários. Foto de Rohim Ullah, 25 de fevereiro de 2025. -- Rohim Ullah

Fotos e depoimentos de sobreviventes ressaltam como a violência no estado de Rakhine está criando uma nova onda de morte, trauma e deslocamento.

Rohim Ullah | The Diplomat | Ver imagens no original | # Traduzido em português do Brasil

Uma segunda onda de genocídio no estado de Rakhine, em Mianmar, mais uma vez colocou a população rohingya em grave risco.

O aumento dos combates entre o Exército Arakan (AA) e o exército de Mianmar, parte de um conflito mais amplo alimentado pelo golpe militar de 2021, tem sido particularmente devastador para o povo rohingya, alvo de ambos os lados. A violência contra as comunidades rohingya tem sido marcada por bombardeios indiscriminados, bombardeios aéreos, incêndios em aldeias e ataques diretos à população civil – particularmente em municípios do norte, como Maungdaw, Buthidaung e Rathedaung. Aldeias inteiras foram desalojadas à força. Civis rohingya foram mortos, queimados vivos ou baleados enquanto tentavam fugir. 

A escala da destruição é alarmante. Mais de 1.000 rohingyas foram mortos, inúmeros outros ficaram feridos e milhares continuam desaparecidos. Inúmeras aldeias foram completamente destruídas. Sobreviventes relatam que tanto o Exército Árabe Sírio quanto o exército de Mianmar participaram dos esforços para deslocar à força as comunidades rohingyas de suas terras ancestrais.

Esta campanha contínua de genocídio não é isolada. Faz parte de um padrão mais amplo e duradouro de perseguição, apatridia e exclusão enfrentada pelo povo rohingya, que persiste há décadas. Uma ofensiva brutal do exército de Mianmar em 2017 – que envolveu estupros em massa, assassinatos e a queima de aldeias rohingya – forçou quase 1 milhão de rohingyas a fugir de Mianmar para Bangladesh, onde continuam a viver em campos de refugiados superlotados e com poucos recursos.

O recente surto de violência também envolveu uma nova onda de deslocamentos. Esses refugiados recém-chegados agora enfrentam grave escassez de abrigo, alimentos, água potável e assistência médica. Muitos sofrem com ferimentos não tratados, traumas e desnutrição. As condições de saneamento são precárias e o acesso à educação e aos serviços de saúde mental é extremamente limitado.

A situação criou uma crise humanitária cada vez mais profunda e alarmou organizações humanitárias e de direitos humanos, que clamam por uma intervenção internacional urgente. A impunidade contínua dos perpetradores e a ausência de soluções duradouras deixam os rohingyas em estado de extrema vulnerabilidade – tanto em Mianmar quanto no exílio.

Como muitos na comunidade, Noor Kalim, um homem rohingya de 55 anos, suportou anos de violência e sofrimento. Em 2012, ele perdeu a perna após ser baleado pelo exército de Mianmar. Apesar desse ferimento que mudou sua vida, ele continuou a sustentar sua família em condições cada vez mais difíceis.

No verão de 2024, Noor Kalim foi gravemente ferido novamente – na mesma perna – durante um ataque supostamente perpetrado pelo AA. Na ocasião, ele tentava cruzar a fronteira com a esposa e as duas filhas em busca de segurança.

Agora, ele depende de uma perna de plástico. A movimentação é extremamente difícil, e suas limitações físicas impõem uma pressão imensa a toda a família, que depende dele para sobreviver.

Força Aérea Indiana perto de se tornar uma potência quase espacial

Índia investe pesadamente em domínio estratégico amplamente inexplorado para fortalecer seu poder aéreo nos céus e entre as estrelas

Martand Jha* | Asia Times | Imagem: X @IAF_MCC | # Traduzido em português do Brasil

À medida que a natureza da guerra evolui, também devem evoluir as capacidades daqueles encarregados de defender a soberania nacional. Para a Força Aérea Indiana (IAF), isso significa olhar além do espaço aéreo tradicional e aventurar-se no domínio amplamente inexplorado do espaço próximo — uma zona estratégica que se estende de 20 a 100 quilômetros acima da superfície da Terra.

Essa região, frequentemente chamada de “meio ignorado”, fica acima do alcance de aeronaves convencionais e abaixo das órbitas de satélites, oferecendo uma oportunidade única para aplicações estendidas de vigilância, comunicação e defesa.

Em uma era de operações multidomínio, onde a integração perfeita entre terra, ar, mar, ciberespaço e espaço é crucial, o espaço próximo é um facilitador vital. Com avanços em plataformas de alta altitude, veículos reutilizáveis ​​e tecnologia hipersônica, a Força Aérea da Índia (FAI) está começando a consolidar sua presença neste domínio emergente.

O espaço próximo oferece diversas vantagens estratégicas. Permite vigilância persistente sobre regiões disputadas ou remotas, oferece suporte a links de comunicação confiáveis ​​em terrenos difíceis e permite a detecção precoce de ameaças de mísseis.

Ao contrário dos satélites, que seguem órbitas previsíveis e são vulneráveis ​​a armas antissatélite (ASAT), as plataformas próximas ao espaço podem ser manobradas, recuperadas e redistribuídas de forma rápida e econômica.

Dionísio Babo Soares fala dos avanços da língua portuguesa em Timor-Leste

O embaixador de Timor-Leste nas Nações Unidas, Dionísio Babo Soares, conversou com a ONU News sobre o momento atual do idioma no país asiático, que conta com um número crescente de falantes. Segundo ele, o percentual de timorenses que dominam a língua gira hoje em torno de 30% a 40%. Um aumento considerável em relação aos 20% registrados em censo realizado em 2010. Babo Soares citou os Centros de Aprendizagem e Formação Escolar, Cafes, com uma unidade em cada um dos 13 municípios timorenses. Nessas escolas, quase 13 mil estudantes são ensinados integralmente em português, desde o nível pré-escolar até o 12º ano de escolaridade. O embaixador que aprendeu português, já adulto, é uma outra prova do reavivamento do idioma. Confira a entrevista com Felipe de Carvalho.

ONU News | Youtube

Timor-Leste | Tragédia no 20 de maio: quem matou Ronaldinho?

 Rilijanto Viana | Diligente

Ronaldinho Ximenes, de 23 anos, morreu após ser atingido no peito durante confrontos entre jovens no posto administrativo de Cailaco, em plena cerimónia do 23.º aniversário da Restauração da Independência. A polícia nega ter disparado contra o jovem e a autópsia poderá esclarecer a causa da morte. O caso está a ser investigado.

O jovem foi atingido no peito durante confrontos entre grupos rivais, que terão perturbado a cerimónia do 23.º aniversário da Restauração da Independência, realizada no campo da administração de Cailaco. Os disparos, alegadamente realizados por agentes da PNTL no local, causaram pânico entre os participantes, e Ronaldinho acabou por sofrer um ferimento grave. Foi evacuado pela família para o Hospital Referencial de Maliana, mas não resistiu aos ferimentos.

O cadáver foi transportado para Díli às 19h de terça-feira, acompanhado por agentes da polícia, e encontra-se no congelador do HNGV para a realização da autópsia.

Carlito Maubada, pai da vítima, relatou ao Diligente que, durante o confronto, ouviram-se tiros, mas não se sabia ao certo em que direção a polícia estava a disparar. “De repente, alguém correu até mim para dizer que o meu filho tinha sido atingido. Em choque, corri para o local e vi o meu filho caído no chão, com muito sangue a sair. Sentei-me a chorar e gritar por ajuda. A comunidade veio e levou-o para o hospital”, contou.

Durante o transporte para o Hospital de Maliana, o jovem ainda estava consciente e pediu à família que segurasse nos seus pés e que o carro andasse devagar. “Mas ele não conseguiu dizer quem o atingiu ou se foi a polícia quem disparou, porque já estava sem forças”, relatou o pai, entre lágrimas.

No hospital, foi realizada uma cirurgia de emergência, mas os médicos informaram que os pulmões de Ronaldinho estavam gravemente danificados e que ele tinha perdido muito sangue. Não conseguiram salvá-lo.

O pai garantiu que o filho não estava envolvido nos confrontos. “O meu filho não estava a lutar. Ficou no local, e foi aí que alguém o atingiu com um tiro ou uma faca. Isso é o que ainda não sabemos.”

Segundo Carlito, os jovens de Cailaco já trocavam ameaças anteriormente. “O meu filho não sabia de nada. Veio de Díli no sábado só para participar na cerimónia. Foi uma vítima inocente.” Ronaldinho era o terceiro de seis irmãos e frequentava um curso de língua coreana em Díli.

O porta-voz do Comando-Geral da PNTL, superintendente João Belo dos Reis, declarou em conferência de imprensa, realizada na quarta-feira, que é prematuro concluir que Ronaldinho foi morto por disparos da polícia. “Só o resultado da autópsia poderá determinar se a morte foi causada por arma de fogo ou outro objeto contundente.”

O porta-voz confirmou que houve disparos efetuados por agentes da polícia durante os confrontos. “A nossa equipa nacional, juntamente com a do município de Bobonaro, está no terreno a investigar. Se se comprovar que houve uso indevido de arma por parte de algum agente, será responsabilizado segundo a lei.”

Segundo informações recebidas pelo Comando-Geral da PNTL, os jovens envolvidos pertenciam a dois Grupos de Artes Marciais que, na noite do dia 19, tentaram provocar conflitos. Durante a cerimónia oficial, voltaram a confrontar-se, o que levou à intervenção da polícia. Como resultado, um jovem ficou gravemente ferido e, após ser hospitalizado, morreu.

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PM de Timor-Leste admite proibir de forma permanente artes marciais

Díli, 22 mai 2025 (Lusa) -- O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, admitiu hoje a possibilidade de proibir de forma permanente a prática de artes marciais no país, por considerar que continuam a dividir os jovens timorenses.

"Esta tudo a correr bem, apesar de ainda haver problemas em alguns locais. Por isso, é que hoje propus que, no Conselho de Ministros, analisemos o melhor caminho, que talvez seja mesmo acabar com isso, porque essa questão está a dividir os jovens", disse Xanana Gusmão.

"Nós os dois somos primos irmãos [primos diretos], mas, só porque pertencemos a grupos de artes marciais diferentes, temos de nos afastar e já não nos damos bem", lamentou o primeiro-ministro.

O chefe do Governo timorense falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente José Ramos-Horta no Palácio da Presidência, em Díli, antes da reunião do Conselho de Ministros.

Xanana Gusmão mostrou também preocupação com o comportamento dos jovens, salientando que os relatórios de segurança indicam que continuam a ocorrer problemas, incluindo agressões físicas, e defendeu que, por isso, é preciso tomar uma decisão.

Na terça-feira, durante a cerimónia de içar da bandeira nacional, no âmbito das celebrações do 23.º aniversário da restauração da independência, confrontos entre jovens provocaram um morto no posto administrativo de Cailaco, no município de Bobonaro.

Segundo a Polícia Nacional de Timor-Leste, os jovens envolvidos nos confrontos pertenciam a dois grupos de artes marciais, que desde segunda-feira estavam em conflito, tendo também atacado a casa de um veterano.

No início de abril, o Governo de Timor-Leste decidiu prolongar a suspensão do ensino, aprendizagem e prática de artes marciais até ao final de 2025 para continuar a consolidar a paz social e assegurar que no futuro a prática das artes marciais decorra exclusivamente no âmbito desportivo.

O Governo timorense determinou pela primeira vez a suspensão do ensino, aprendizagem e práticas de artes marciais em novembro de 2023, na sequência de graves incidentes registados em todo o território, que provocaram pelo menos quatro mortos e 26 feridos.

Sapo | Lusa

Filipinas apoiam adesão plena de Timor-Leste à ASEAN

As Filipinas manifestaram oficialmente apoio à adesão plena de Timor-Leste à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), num comunicado à imprensa divulgado na página do Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr.

"Somos favoráveis à adesão de Timor-Leste à ASEAN", afirmou o subsecretário adjunto do Departamento dos Assuntos Estrangeiros, Dominic Xavier Imperial, citado no comunicado, divulgado quinta-feira, após uma conferência de imprensa.

A relação entre Filipinas com Timor-Leste tem registado alguma tensão, depois de o Tribunal de Recurso timorense ter recusado proceder à extradição do antigo deputado filipino Arnolf Teves Jr, acusado pelas autoridades de Manila de ser responsável pelo assassínio de 10 pessoas.

Em março, o secretário da Justiça filipino, Jesus Crispin Remulla, afirmou à imprensa que a recusa de extradição podia pôr em risco a candidatura de Timor-Leste à ASEAN, lembrando que as Filipinas são um membro fundador da organização.

Questionado na quinta-feira sobre o assunto, Dominic Xavier Imperial disse que o processo "permanece sob jurisdição do Departamento de Justiça e está fora do âmbito das discussões da ASEAN".

A ASEAN realiza entre 26 e 27 de maio, no centro de convenções de Kuala Lumpur, a primeira cimeira anual de chefes de Estado e de Governo da organização, cuja presidência rotativa pertence à Malásia.