terça-feira, 27 de maio de 2025

Timor-Leste, 51 anos depois do 25 de Abril: liberdade conquistada, democracia em construção

Rilijanto Viana | Diligente

Cinquenta e um anos após a Revolução dos Cravos, a luta pela liberdade e pela democracia continua viva em Timor-Leste. À memória do 25 de Abril juntam-se hoje os desafios de construir uma sociedade mais justa, inclusiva e participativa, onde os ideais de autodeterminação, igualdade e solidariedade possam ser plenamente concretizados.

Hoje, 25 de Abril, assinala-se o 51.º aniversário da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal e acendeu, em vários cantos do mundo, a esperança de que a liberdade era possível.

Com a revolução de 1974, o povo português saiu das sombras para a luz, unindo-se contra o regime de Salazar que, durante décadas, reprimiu liberdades, impôs um clima de medo e silenciou vozes críticas. Este momento histórico marcou o início de um novo ciclo de democracia, liberdade e igualdade em Portugal, mas os seus efeitos fizeram-se sentir também nas antigas colónias, ao abrir caminho para que as nações sob domínio colonial — entre elas Timor Português (atual Timor-Leste) — pudessem finalmente escolher o seu próprio rumo.

Para Timor-Leste, a Revolução dos Cravos representou mais do que uma mudança em Lisboa: foi o ponto de partida para o surgimento dos primeiros partidos políticos timorenses e para o despertar de uma consciência nacionalista. A ideia de autodeterminação deixou de ser apenas uma aspiração distante e ganhou espaço no debate político e social.

Hoje, mais de duas décadas depois da restauração da independência timorense, e 51 anos após o 25 de Abril português, impõe-se refletir sobre o presente: que liberdade se vive atualmente? Em que ponto está a democracia em Timor-Leste? E que desafios persistem para garantir uma sociedade mais justa, livre e inclusiva?

25 de Abril e o despertar da consciência nacionalista em Timor-Leste

Para Domingos Pinto Gabriel, conhecido como Berliku Lian Timur, a Revolução dos Cravos foi o “primeiro sopro de esperança para o povo timorense”. Hoje com 70 anos, lembra bem o impacto que teve, em Timor, a notícia da queda da ditadura em Portugal. “Foi nesse momento que se abriu o caminho para que Timor pudesse escolher o seu próprio destino e surgissem os primeiros partidos políticos.”

Na altura, a política ainda era um universo desconhecido para a maioria dos timorenses, mas o fim do regime salazarista trouxe consigo novas ideias. As pessoas começaram a sentir que era possível sair da escuridão para a luz. Com o anúncio de que Portugal reconhecia a liberdade das suas províncias ultramarinas, muitos timorenses passaram a defender a luta pela independência. “Começou-se a apoiar a FRETILIN, embora também houvesse quem quisesse manter a ligação com Portugal”, salientou.

A queda da ditadura foi acolhida com entusiasmo, mas, segundo Berliku, o espírito de resistência já existia antes da revolução. Já havia timorenses que atuavam na clandestinidade, com propaganda anticolonialista. “Fazíamos tudo com muito cuidado, porque os agentes da inteligência portuguesa observavam-nos constantemente. Não havia liberdade de expressão.”

Recorda, por exemplo, as celebrações do 10 de Junho, no tempo da administração portuguesa, que decorriam no local onde hoje se ergue o Parlamento Nacional. “Nesses dias, timorenses como o saudoso Francisco Xavier faziam discursos em tétum, desafiando a vigilância colonial e tentando despertar a curiosidade política da população.”

O despertar coletivo intensificou-se com o regresso de estudantes timorenses que tinham estudado em Portugal e que começaram a partilhar ideias sobre liberdade e democracia. “Vieram abrir-nos os olhos. Mostraram que o povo estava a ser explorado e oprimido. Quer quiséssemos quer não, era preciso encontrar uma forma de sair desse sistema. Foi aí que muitos começaram a compor músicas e poesia revolucionária.”

Timor-Leste introduz método Wolbachia para diminuir dengue e chikungunya

O Ministério da Saúde de Timor-Leste anunciou hoje que vai introduzir a partir de julho em Díli mosquitos com a bactéria Wolbachia, com o objetivo de reduzir os casos de dengue e chikungunya no país.

O método Wolbachia prevê a libertação de mosquitos contaminados com a bactéria Woldbachia, que se vão reproduzir com os mosquitos locais, criando uma população de insetos portadores daquela bactéria, que reduz a transmissão de dengue, chikungunya e zika.

"As libertações de mosquitos com Wolbachia vão decorrer no município de Díli, entre os meses de julho e novembro, uma vez que todos os anos se registam números elevados de casos de dengue, com algumas mortes de crianças", disse Filomeno Pinto, da Direção Nacional de Educação e Promoção da Saúde.

O responsável falava numa sessão de sensibilização sobre o método Wolbachia às forças de defesa. Desde janeiro que o Ministério da Saúde tem realizado aquelas sessões junto de líderes comunitários, escolas, universidades, profissionais de saúde e forças de segurança.

"A Wolbachia é segura para os seres humanos, para os animais e para o ambiente, porque foi submetida a avaliações rigorosas por peritos e especialistas, que confirmaram que a libertação de mosquitos com Wolbachia representa um risco muito baixo", afirmou o técnico Filomeno Pinto.

Segundo o responsável, a libertação dos mosquitos com Wolbachia não será feita de uma só vez, mas de forma faseada.

Após a conclusão do processo, será feita uma monitorização para avaliar o sucesso da implementação, explicou Filomeno Pinto.

O responsável disse também que em Díli os mosquitos com Wolbachia serão libertados em quatro postos administrativos, nomeadamente Dom Aleixo, Vera Cruz, Nain Feto e Cristo Rei, abrangendo um total de 24 sucos.

Desde o início do ano, o Ministério da Saúde registou 372 casos de dengue no país.

RTP | Lusa | Imagem: António Dasiparu - EPA

União Europeia apoia Timor-Leste na transição digital e gestão das finanças públicas

“A União Europeia tem estado ao lado de Timor-Leste no apoio às reformas na gestão das finanças públicas. Fizemo-lo porque acreditamos no poder de uma governação fiscal sólida para transformar vidas”, afirmou o embaixador da União Europeia em Díli, Marc Fiedrich.

A União Europeia e o Governo de Timor-Leste assinaram hoje um acordo de financiamento, no valor de 12 milhões de euros, para a implementar o projeto de parceria na gestão das finanças públicas e de transição digital.

“A União Europeia tem estado ao lado de Timor-Leste no apoio às reformas na gestão das finanças públicas. Fizemo-lo porque acreditamos no poder de uma governação fiscal sólida para transformar vidas”, afirmou o embaixador da União Europeia em Díli, Marc Fiedrich.

Fiedrich, que discursava na cerimónia de assinatura do acordo, salientou também que quando o “dinheiro público é bem gasto”, o Estado consegue cumprir a missão de “construir estradas, hospitais e escolas” e de “oferecer oportunidades, estabilidade e esperança”.