Pante
Macassar, Timor-Leste, 28 nov (Lusa) - Representantes de 28 grupos de cidadãos
timorenses que nos últimos anos da luta contra a ocupação indonésia, entre 1991
e 1999, esconderam e protegeram os principais líderes da resistência, foram
hoje homenageados pelo chefe de Estado de Timor-Leste.
Taur
Matan Ruak entregou a medalha da Ordem de Timor-Leste a representantes de
grupos que, com grande risco, o esconderam e a outros líderes da resistência -
Xanana Gusmão, Mau Hunu, David Alex, Konis Santana ou Lu-Olo, entre outros.
Uma
homenagem a "heróis anónimos" que manifestaram, arriscando a própria
vida, "um espirito de patriotismo", protegendo os líderes em casas,
abrigos subterrâneos, quintais e outros locais, um pouco por todo o país.
Um
"contributo significativo", destacou o Presidente da República no
decreto em que aprovou as condecorações, de quem "ajudou a proteger os
líderes da resistência".
Foi
um dos pontos altos das cerimónias que hoje, no campo de Palaban na capital do
enclave de Oecusse, assinalaram o 40.º aniversário da proclamação unilateral da
independência de Timor-Leste, texto que hoje voltou a ser lido por um dos
fundadores da nação, Mari Alkatiri.
Taur
Matan Ruak presidiu à cerimónia do içar da bandeira perante uma parada liderada
pelo tenente-coronel de infantaria Haksolok e composta por uma companhia cada
do componente terrestre, naval e de apoio e serviço das Forças Defesa de Timor-Leste
(F-FDTL) e um pelotão da Polícia nacional (PNTL), operações especiais, ordem
pública e patrulhamento da fronteira.
Participaram
ainda elementos da segurança civil, dos bombeiros e dos escuteiros e três
grupos responsáveis pela guarda da bandeira: um de 28 jovens estudantes de
escolas secundárias dos 12 municípios, outro com 40 elementos e o último com a
equipa de guarda à bandeira.
Ao
lado das fardas militares camufladas, estes grupos trajavam branco, com os
estudantes vestidos com tais tradicionais azuis, vermelhos e verdes.
Ao
som do hino nacional, interpretado pela banda de música das F-FDTL, a bandeira
de Timor-Leste subiu no mastro colocado em frente à tribuna de honra, onde
estavam as principais individualidades timorenses e convidados internacionais,
incluindo o presidente do Tribunal Constitucional, Joaquim de Sousa Ribeiro, em
representação do Estado português.
No
seu discurso, Taur Matan Ruak, defendeu que o Estado deve reforçar os seus
serviços aos cidadãos, especialmente em áreas essenciais como saúde ou
educação.
O
Estado, deve ser mais eficaz e eficiente, os recursos "devem ser
utilizados de forma racional" e o desenvolvimento "tem que sair de
Díli e ir para os distritos", com polos de desenvolvimento que atraiam
investimento nacional e estrangeiro para o essencial processo de diversificação
económica.
Como
exemplo destacou o progresso registado no enclave de Oecusse, onde os
responsáveis da autoridade regional e o Governo central estão a criar uma zona
económica exclusiva.
Unidade,
paz e estabilidade, disse, são "condições importantes para o
desenvolvimento e consolidação do Estado" pelo que é essencial a
colaboração de todos no processo de desenvolvimento do país.
O
chefe de Estado apelou ainda aos cidadãos e famílias que sejam mais ativos na
construção do Estado, procurando educar-se e informar-se, ajudando a gerar a
importante economia familiar.
Taur
Matan Ruak fez referência aos líderes timorenses, entre os quais destacou Mari
Alkatiri e José Ramos-Horta, sobreviventes do primeiro Governo que tomou posse
há 40 anos, e "às memórias dos mártires nacionalistas" que fizeram
"o maior sacrifício na luta pela libertação de Timor-Leste".
Estes
são, disse, veteranos da frente armada, clandestina e diplomática, que
"deram um exemplo à nação" e que hoje "continuam a inspirar"
os timorenses, com "coragem e dignidade".
Taur
Matan Ruak referiu-se ao 500.º aniversário dos contactos entre portugueses e
timorenses e ao papel da igreja católica, que deixaram vincos marcados na
identidade timorense, hoje "membro de uma grande família em quatro
continentes".
ASP//ISG
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