domingo, 29 de novembro de 2015

Fome e desnutrição endémica persistem em Timor-Leste e devem ser combatidas - PR


O Presidente da República afirmou ontem que a fome e a desnutrição persistem em Timor-Leste e que combatê-las é um "desafio histórico" que constitui um passo essencial para alcançar outras metas de desenvolvimento.

"Combater a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição é uma ambição antiga. Realizá-la está hoje ao nosso alcance", disse Taur Matan Ruak, considerando a paz e a estabilidade "fatores essenciais para este combate ativo".

Taur Matan Ruak falava no arranque da 1.ª reunião extraordinária do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do espaço lusófono (CONSAN-CPLP), que decorre em Díli e onde se espera seja aprovado um plano de trabalho conjunto para a erradicação da fome e da desnutrição na CPLP.

Apesar de Timor-Leste ter como meta elevar o país ao grupo de Estados de rendimento médio até 2030, o país continua a registar fome e desnutrição, sendo que "combater isso é um passo necessário para alcançar metas seguintes" de desenvolvimento.

"Esta é uma tarefa de dimensão histórica. Um desafio de peso. Mas pela primeira vez na história temos condições a enfrentar esse desafio e vencê-lo", afirmou, sublinhando que para vários Estados este é um assunto "prioritário".

"Os maiores desafios são também desafios de informação, de esclarecimento das famílias", disse, referindo-se a uma tema que foi recorrente nas conversas que manteve com as populações dos 360 sucos (freguesias) de Timor-Leste que já visitou, cerca de 80% do total.

O chefe de Estado recordou que em Timor-Leste 70% da população ativa trabalha no setor agrícola, com a produtividade a manter-se baixa e as taxas de iliteracias elevadas.

Responder a esse complexo cenário, sublinho, depende de outras metas de desenvolvimento, de condições técnicas adequadas a nível nacional mas também de cooperação multilateral em termos da CPLP, da comunidade internacional e com o apoio dos parceiros de desenvolvimento e agências especializadas da ONU.

Murade Murargy, secretário executivo da CPLP, retomou as críticas aos Estados membros da CPLP, insistindo que é vital "materializar em termos efetivos o compromisso político" acordado em encontros anteriores, pensando em primeiro lugar nos mais desfavorecidos.

"A persistência de fenómeno da fome e insegurança alimentar é hoje incompreensível. Dentro do nosso espaço geográfico da CPLP temos recursos, tecnologia e o conhecimento para poder eliminar este flagelo que já se tornou um cancro dos nossos países", disse.

"Todos estes ativos estão há muito identificados. Necessitamos de forte engajamento dos nossos Governos sem o qual não vai ser possível avançar. Esse compromisso tem que ser acompanhado pela dotação de recursos financeiros adequados", frisou.

Como exemplo referiu que se os Governos lusófonos consagrarem 1% do seu PIB para ações de combate à insegurança alimentar, que "persiste nas dimensões conhecidas e há muito diagnosticadas" seria possível cumprir os objetivos de erradicação até 2025.

Daí que tenha apelado para que os acordos que saiam da reunião de Díli sejam levados pelas delegações presentes aos seus respetivos Governos procurando avançar na implementação destas estratégias.

SAPO TL ho Lusa – Foto Presidência

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