Por António
Sampaio (Agência Lusa)
Os
investimentos que estão a ser feitos em Oecusse são a concretização de um sonho
para os timorenses e uma recompensa para o povo do enclave que nunca abandonou
a luta pela independência, disse hoje o Presidente da República.
"É
uma grande conquista para nós, 500 anos depois. Este sítio, Oecusse, junta
portugueses e timorenses, novamente aqui, para festejar o início de um grande
projeto, de um grande sonho dos timorenses e em particular do povo de
Oecusse", disse Taur Matan Ruak em declarações à Lusa.
"É
uma forma também de recompensar os esforços e dedicação deles. Sempre se mantiveram
firmes e determinados, lutando lado a lado com a parte maior de Timor para a
independência. É um povo que tem um esprito, um nacionalismo, um patriotismo
incomparável", afirmou.
Taur
Matan Ruak falava à Lusa depois de visitar a nova central elétrica de Sacato,
em Oecusse, onde chegou hoje para participar nas cerimónias dos 500 anos da
chegada de portugueses a Timor-Leste e do 40.º aniversário da proclamação de
independência. "O passado serve de referência, de lição, para encarar o
presente e buscar o futuro melhor para o nosso povo e nosso país", disse.
O
chefe de Estado visitou a central acompanhado do presidente do Parlamento
Nacional, do primeiro-ministro Rui Maria de Araújo e do responsável da Região
Administrativa Especial e da Zona Especial de Economia Social de Mercado
(ZEESM) de Oecusse-Ambeno, Mari Alkatiri.
A
central é um dos projetos implementados pela ZEESM, num modelo que está a ser
testado em Timor-Leste e que inclui novas formas de realizar obras públicas,
com mais fiscalização, e projetos integrados de desenvolvimento.
"Estamos
a aprender e a perfeição busca-se ao longo do próprio processo de
desenvolvimento, sobretudo numa altura de grande competição entre os países que
procuram atrair investidores para os seus países. E Timor não quer perder neste
jogo, nesta grande competição entre os países", afirmou Taur Matan Ruak.
"Este é um projeto-piloto que pode ser replicado. Tudo vai depender da
forma como vamos gerir e desenvolver este projeto aqui", disse.
Taur
Matan Ruak relembrou que há outros "polos de desenvolvimento", como
os da costa sul no setor petrolífero, mas que é necessário um
"equilíbrio" entre o desenvolvimento das zonas urbanas e das zonas
rurais onde ainda há problemas.
Várias
outras individualidades, que estão em Oecusse para as comemorações de 27 e 28
de novembro, visitaram também a central que está já a garantir todo o
fornecimento elétrico ao enclave.
"Parabéns
por este projeto que traz grandes benefícios ao povo de Oecusse", disse,
ao lado de Mari Alkatiri.
A
central, que começou a ser construída em fevereiro de 2015 e tem uma capacidade
instalada de 17 MW, está a funcionar apenas com um dos quatro motores, com um
outro de reserva para o caso de haver problemas. Esse motor é suficiente para a
procura atual que atinge um máximo de 2 megawatts, como explicou à Lusa Tapio
Ostman, responsável pela construção da unidade.
Com
um orçamento de 37 milhões de dólares a central foi construída pela empresa PT
Wartsila Indonésia, uma sociedade do grupo finlandês Wartsila, que no passado
dia 13 assinou com a ZEESM um contrato de operação e manutenção durante 5 anos.
Findo
esse contrato, a ZEESM analisará se renova ou não a concessão com a Wartsila,
que vai formar já equipas timorenses, ou se a entrega a outros gestores.
O
consumo da região deverá aumentar significativamente quando estiverem a
funcionar outras infraestruturas já a ser construídas, nomeadamente o aeroporto
que, por si só consumirá cerca de 4 megawatts.
SAPO
TL - LUSA
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