Lifau,
Timor-Leste, 28 nov (Lusa) - Rui Correia completou hoje no enclave timorense de
Oecusse, a sua maior aventura de vida: 27.700 quilómetros em 84 dias, de moto
entre Guimarães, o berço de Portugal e Lifau, o berço de Timor-Leste.
Uma
viagem com maiores desafios do que o próprio esperava, entre burocracias,
dificuldades no acesso a alguns países, como o Paquistão, trânsito intenso na
India e chuvadas em Samatra, na Indonésia.
"Não
estava à espera. Muito embora tivesse planeado a viagem há algum tempo atrás,
saiu-me mais difícil e complicado do que poderia imaginar. Muitos obstáculos de
todo o tipo, burocracia e dificuldades do terreno", afirmou.
"27.700
quilómetros desde Guimarães, a 06 de setembro, até Lifau", disse em
entrevista à Lusa.
Entre
os percursos mais complicados estiveram os cerca de 1.200 quilómetros quase
todos no deserto, na região do Baluchistão, a maior província do Paquistão e
que inclui uma zona disputada com o Irão.
Rui
Correia explicou que viajou sempre sob escolta de efetivos de segurança, à
civil, com kalashnikovs, que o obrigavam a pernoitar em esquadras da polícia,
ao lado dos presos e de onde não podia sair até ao dia seguinte.
Ainda
assim, e depois de 20 países - Timor-Leste foi o 20.º, onde entrou hoje, vindo
da capital de Timor Ocidental, Cupão, - Rui Correia insistiu que valeu a pena.
"Valeu
muito a pena. A experiência é incrível, inacreditável, algo que fica para
sempre na memória, que não se consegue transmitir e que calou fundo em mim e
que nunca esquecerei", admitiu.
Ligado
há vários anos à questão de Timor-Leste, fez parte da missão do Lusitânia
Expresso, Rui Correia reconheceu que, por isso, a viagem teve ainda mais
significado.
"Vivo
muito intensamente a história. Para mim, tem imenso significado. A minha
relação com Timor é uma relação longa. Desde 1987 que militei com a causa
timorense. Vou continuar por cá. Esta é a minha segunda casa", disse.
Num
país como Timor-Leste, onde as motorizadas são quase parte da identidade - para
muitas famílias são o único veículo pessoal e as competições de motocross são
regulares - a viagem de Rui Correia suscitou um interesse particular.
Por
isso hoje, à frente do monumento em Lifau -- onde nasceu Timor-Leste há 500
anos -- e que assinala os cinco séculos de contactos entre portugueses e
timorenses, inaugurado na sexta-feira e onde hoje falou à Lusa, Rui Correia foi
solicitado a dezenas de fotografias.
"Veio
sozinho? Quanto tempo demora?", perguntou que repetiam, em português e
inglês olhando para o condutor e para a mota, decorada com duas bandeiras, de
Timor-Leste e Portugal e um mapa do longo percurso que Rui Gomes conseguiu
cumprir.
A
viagem de Rui Correia, na prática, só termina no domingo: viajará com um grupo
de timorenses, de mota, entre Lifau e Díli, unindo assim o que foram as duas
capitais timorenses.
"Agora
já é fácil, estou em casa", disse.
ASP
// ZO - Por António Sampaio (Texto) e Ricardo Nogueira (Vídeo), da agência Lusa
– Foto iha Facebook jornalista Antonio Sampaio
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