segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O PAPEL DO PARTIDO POLÍTICO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO EM TIMOR-LESTE



A Democracia em Timor-Leste tem evoluído de uma forma gradual e com maturidade, materializando-se no exercício do voto, no exercício do poder de governação, na implementação dos direitos e liberdades e deveres consignados na Constituição e do sistema político, bem como na pluralidade de partidos políticos existentes no nosso país.

O surgimento de novos partidos políticos é um sinal claro e manifesto funcionamento da Democracia. A diversidade de partidos políticos é também a existência de uma oposição, que se espera que seja forte, ativa e crítica, e que se reveja nos interesses do povo, impulsionando o desenvolvimento e a democracia, em função de apresentação e implementação de políticas alternativas que representem o interesse nacional.

Ainda assim, a existência de alguns partidos políticos, como organizações partidárias, tem como objetivo representar apenas um determinado segmento ou classe da população, estando subjacente, apenas e estritamente, a defesa e promoção de interesses inerentes a esse mesmo segmento ou classe política. Nesse quadro, os partidos políticos podem dificultar a sustentabilidade da Democracia.

Os partidos políticos devem ser agentes de representação do povo, que diferem nas ideologias e meios de implementação de políticas, mas os valores e interesses do povo e da nação estão sempre lá.

Os partidos políticos devem estar empenhados em definir os seus instrumentos de ação política, com vista a darem respostas políticas aos desafios, interesses e exigências populares, ao invés de estarem, constantemente, a apontar o dedo a quem julgam ter falhado. É crucial o espírito de seriedade, de lealdade e de sacrifício ede determinação em executar o Plano Estratégico de Desenvolvimento. A sua execução impõe que os partidos políticos apresentem ao eleitorado quais os seus programas e ações políticas.

Os partidos políticos devem procurar deter legitimidade através da garantia de uma democracia abrangente, transparente e responsável, por meio do seu efetivo comprometimento político.

Com a aproximação das eleições legislativas em 2017 fez despoletar o surgimento de partidos políticos, que se espera que desenvolvam as suas bases ideológicas e os seus programas de ação política face aos desafios internos e externos de Timor-Leste. Para que serve um partido político se não apresenta a sua ideologia, a sua diferença na resposta aos desafios internos, como diversificar a nossa economia, que é dependente do petróleo confrontada com a descida abrupta do preço do petróleo, a par da necessidade de promover uma Administração Pública operacional dotada de eficácia e eficiência, bem como desenvolver o sector privado. Nos desafios externos, como mobilizar os meios e instrumentos necessários à entrada de Timor-Leste na ASEAN, bem como proporcionar estratégias diplomáticas e securitárias para afirmação de Timor-Leste no mundo.

São desafios que requerem uma análise profunda e criteriosa quer por parte dos agentes políticos, quer pelos agentes sociais e sociedade civil.

A filiação a um partido requer que se ceda tempo, disponibilidade, interesse e dedicação ao partido, ou seja, em termos práticos, implica sentido de Estado e de serviço à Nação e ao Povo, desenvolvendo meios e políticas que priorizam o bem comum – o interesse nacional.

Partido político não pode ser olhado como um meio de obtenção de cargos políticos/públicos, é necessário enfatizar e materializar a mudança, o desenvolvimento e promoção do nosso povo, por meio desses cargos. Ou seja, estar ligado ao Estado com vista a implementar as medidas, políticas, os compromissos, os valores e leis que nossa sociedade precisa, em prol do interesse nacional, garantindo-se o cumprimento da nossa Constituição. Não podemos estar ligados ao Estado, e esquecermo-nos da nossa sociedade, do nosso povo e da nossa Nação.
   
Rojer Rafael Tomás Soares - rrtsoares@hotmail.com

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