quinta-feira, 26 de maio de 2016

Filha de livreiro de Hong Kong pede ajuda aos EUA por "detenção ilegal" na China


Hong Kong, China, 25 mai (Lusa) -- A filha de Gui Minhai, um dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceram no final do ano passado, pediu ajuda às autoridades norte-americanas para pôr termo à detenção "não oficial e ilegal" do seu pai na China.

Angela Gui falava na terça-feira, em Washington, perante a Comissão Executiva do Congresso sobre a China, foi hoje divulgado.

Gui Minhai, livreiro naturalizado sueco e coproprietário da editor Mighty Current, não regressou da Tailândia, aonde se deslocou de férias em outubro de 2015.

A filha do livreiro disse à comissão que lhe foi negado acesso consular ou representação legal.

"Passaram oito meses desde que o meu pai e os seus colegas foram detidos. Ainda ninguém me disse onde é que ele está, como é que está a ser tratado ou qual é a sua situação legal", afirmou Angela Gui.

"Não é clara o motivo pelo qual o meu pai está sob custódia chinesa. Não sei qual é a razão oficial, contudo parece-me bastante claro que é por causa do seu trabalho e suponho que é por causa disso que todos os seus colegas também estão lá, ou estiveram lá", declarou.

A sua detenção "não oficial e ilegal" é "especialmente chocante pelo facto de o meu pai ter apenas nacionalidade sueca" , afirmou.

Entre outubro e dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty Current e à livraria Causeway Bay Books -- que publicava e vendia livros críticos de Pequim, -- desapareceram em circunstâncias misteriosas.

Gui Minhai desapareceu em Pattaya (Tailândia) em outubro. Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se encontravam no interior da China. Lee Bo desapareceu em dezembro em Hong Kong.

Todos reapareceram depois sob tutela das autoridades chinesas, na China continental, não havendo registo, no caso dos dois que estavam em Hong Kong e na Tailândia, de quando e onde cruzaram a fronteira.

Todos surgiram também na televisão chinesa a confessar crimes ou terem ido à China voluntariamente para colaborar com investigações policiais.

Organizações de defesa dos direitos humanos, familiares e amigos consideram que as confissões foram feitas sob coação.

Alguns dos livreiros foram libertados, regressaram a Hong Kong e pediram às autoridades locais que deixem de investigar os respetivos desaparecimentos, tendo regressado quase de imediato ao interior da China.

FV (MP) // ARA

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