domingo, 13 de maio de 2018

"Participação enorme" em Lisboa - embaixadora


Lisboa, 12 mai (Lusa) -- Muitos timorenses deslocaram-se hoje ao centro de votação na sua embaixada em Lisboa para escolher os deputados do seu país, numa "participação enorme" e bastante superior às últimas eleições, disse à agência Lusa a embaixadora de Timor-Leste em Portugal.

Maria Paixão da Costa, há quatro anos em Portugal, disse que a participação nestas legislativas antecipadas estava a ser superior à do anterior escrutínio em julho do ano passado.

"A participação é enorme, desde as 07:00 até agora [cerca das 12:15]", disse a embaixadora, referindo que em julho tiveram "300 votos", mas hoje já tinham "800 e tal".

Assinalou que desta vez há também um centro de votação no Porto, o que não aconteceu na votação de 2017, e que estão presentes representantes dos observadores internacionais.

Em Portugal estão recenseados 1.286 eleitores e a votação decorreu entre as 07:00 e as 15:00.

Falando à Lusa depois de ter votado, Maria Paixão da Costa disse esperar que não se repita um "momento de impasse como da outra vez".

O Presidente timorense dissolveu o parlamento escolhido nas legislativas de julho para resolver o impasse político que se vivia há vários meses em Timor-Leste, com um executivo minoritário e a oposição a bloquear o programa e o orçamento do Governo.

"Esperamos que tudo corra bem, haverá uma decisão já nas próximas semanas para um Timor melhor", disse a diplomata.

Dentro da embaixada a fila continuava a correr ordeira e à saída aproveitava-se para distribuir os novos cartões de inscrição consular.

Após votar, Licínia Ramos-Horta declarou à Lusa que "como timorense é impossível deixar de vir votar".

"Queremos estabilidade, queremos que o país ande para a frente e que o povo tenha uma vida digna", disse esta irmã do ex-Presidente de Timor-Leste e Nobel da Paz, José Ramos-Horta.

"O povo sofreu muito (...) e acho que chega e que os nossos líderes se entendam para que Timor possa ter estabilidade, o povo possa viver em paz, sem sobressaltos", referiu, considerando que as prioridades para o país deveriam ser "na área de saúde, educação e (...) segurança para o povo".

Filho de mãe timorense, Pedro Câmara, 63 anos e dupla nacionalidade, há 54 anos em Portugal, sente-se timorense.

"Sinto que devo cumprir com a minha obrigação também em Timor, que eu tenho muita família lá - família em Oecusse, em Díli (...) É altura de os governantes em Timor pensarem um bocadinho no povo, eles têm falta de muita coisa, o povo (...) as grandes cabeças têm que se entender", disse, declarando-se esperançoso que "é desta vez".

Em frente à embaixada, em Belém, grupos de timorenses conversavam, muitos aguardando a contagem dos votos.

Entre eles, estava Joanita Soares, 20 anos, há um ano a estudar História e Arqueologia em Évora e muito entusiasmada por votar pela primeira vez em Portugal.

Quis exercer o seu direito para que a muitos quilómetros de distância os partidos possam "estabelecer a paz e estabilidade da nação" e "desenvolver bem" a "nação jovem" que é Timor-Leste.

Não muito distante, Flaviano Soares declarou à Lusa que todos os timorenses "têm a obrigação" de vir votar.

Há dois anos em Portugal, o timorense de 50 defendeu que é preciso união em Timor-Leste e que o objetivo de quem vai liderar o país deve ser "desenvolver um Timor melhor".

Em Timor-Leste já começou a contagem dos votos para saber quem serão os 65 deputados da quinta legislatura de entre os quatro partidos e quatro coligações candidatos.

A diáspora timorense pode votar também na Austrália (Darwin, Melbourne e Sydney), na Coreia do Sul (Seul) e no Reino Unido (em Dungannon, Londres e Oxford).

PAL // HB

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