Lisboa, 12 mai (Lusa) -- Muitos
timorenses deslocaram-se hoje ao centro de votação na sua embaixada em Lisboa
para escolher os deputados do seu país, numa "participação enorme" e
bastante superior às últimas eleições, disse à agência Lusa a embaixadora de
Timor-Leste em Portugal.
Maria Paixão da Costa, há quatro
anos em Portugal, disse que a participação nestas legislativas antecipadas
estava a ser superior à do anterior escrutínio em julho do ano passado.
"A participação é enorme,
desde as 07:00 até agora [cerca das 12:15]", disse a embaixadora,
referindo que em julho tiveram "300 votos", mas hoje já tinham
"800 e tal".
Assinalou que desta vez há também
um centro de votação no Porto, o que não aconteceu na votação de 2017, e que
estão presentes representantes dos observadores internacionais.
Em Portugal estão recenseados
1.286 eleitores e a votação decorreu entre as 07:00 e as 15:00.
Falando à Lusa depois de ter
votado, Maria Paixão da Costa disse esperar que não se repita um "momento
de impasse como da outra vez".
O Presidente timorense dissolveu
o parlamento escolhido nas legislativas de julho para resolver o impasse
político que se vivia há vários meses em Timor-Leste, com um executivo
minoritário e a oposição a bloquear o programa e o orçamento do Governo.
"Esperamos que tudo corra
bem, haverá uma decisão já nas próximas semanas para um Timor melhor",
disse a diplomata.
Dentro da embaixada a fila
continuava a correr ordeira e à saída aproveitava-se para distribuir os novos
cartões de inscrição consular.
Após votar, Licínia Ramos-Horta
declarou à Lusa que "como timorense é impossível deixar de vir
votar".
"Queremos estabilidade,
queremos que o país ande para a frente e que o povo tenha uma vida digna",
disse esta irmã do ex-Presidente de Timor-Leste e Nobel da Paz, José
Ramos-Horta.
"O povo sofreu muito (...) e
acho que chega e que os nossos líderes se entendam para que Timor possa ter
estabilidade, o povo possa viver em paz, sem sobressaltos", referiu,
considerando que as prioridades para o país deveriam ser "na área de
saúde, educação e (...) segurança para o povo".
Filho de mãe timorense, Pedro
Câmara, 63 anos e dupla nacionalidade, há 54 anos em Portugal, sente-se
timorense.
"Sinto que devo cumprir com
a minha obrigação também em Timor, que eu tenho muita família lá - família em
Oecusse, em Díli (...) É altura de os governantes em Timor pensarem um
bocadinho no povo, eles têm falta de muita coisa, o povo (...) as grandes
cabeças têm que se entender", disse, declarando-se esperançoso que "é
desta vez".
Em frente à embaixada, em Belém,
grupos de timorenses conversavam, muitos aguardando a contagem dos votos.
Entre eles, estava Joanita
Soares, 20 anos, há um ano a estudar História e Arqueologia em Évora e muito
entusiasmada por votar pela primeira vez em Portugal.
Quis exercer o seu direito para
que a muitos quilómetros de distância os partidos possam "estabelecer a
paz e estabilidade da nação" e "desenvolver bem" a "nação
jovem" que é Timor-Leste.
Não muito distante, Flaviano
Soares declarou à Lusa que todos os timorenses "têm a obrigação" de
vir votar.
Há dois anos em Portugal, o
timorense de 50 defendeu que é preciso união em Timor-Leste e que o objetivo de
quem vai liderar o país deve ser "desenvolver um Timor melhor".
Em Timor-Leste já começou a
contagem dos votos para saber quem serão os 65 deputados da quinta legislatura
de entre os quatro partidos e quatro coligações candidatos.
A diáspora timorense pode votar
também na Austrália (Darwin, Melbourne e Sydney), na Coreia do Sul (Seul) e no
Reino Unido (em Dungannon, Londres e Oxford).
PAL // HB
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