Díli, 13 mai (Lusa) - A Aliança
de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas
de sábado em Timor-Leste com mais de 305 mil votos, ou 49,56% do total, segundo
os dados praticamente finais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral
(STAE).
Os dados dizem referência a um
escrutínio de quase 99%, faltando apenas nove dos 85 centros de votação do
município de Bobonaro, onde a AMP lidera com ampla vantagem (mais de 51,29% dos
votos).
Com este apoio eleitoral, a AMP,
liderada pelos ex-Presidentes Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak obtém 34 dos 65
mandatos do Parlamento Nacional, o que lhe permite formar o VIII Governo
constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.
Em segundo lugar ficou a Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação
minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 211 mil votos, ou 34,27%
do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23.
No Parlamento estará também o
Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no VII Governo, que perde dois
deputados para cinco, tendo obtido quase 49 mil votos ou 7,95% do total.
Pela primeira vez no parlamento
estará a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - uma coligação de quatro
pequenos partidos - que terá três lugares e que obteve quase 34 mil votos ou
49,56% do total.
Nenhuma das outras oito forças
políticas conseguiu chegar à barreira dos 4% de votos válidos que é necessária
para conseguir eleger deputados.
Os dados mostram um aumento da
taxa de participação, que em 2017 foi de 76,74% (584 mil votantes num universo
de 760 mil) e este ano aumentou para quase 80% (626.500 num universo de 784
mil.
Os três partidos que integram a
AMP conseguiram aumentar, em conjunto, a sua vantagem sobre a Fretilin, de
cerca de 84.500 em 2017 para mais de 90 mil.
Globalmente, a AMP teve mais de
94 mil votos que a Fretilin (a diferença era de cerca de 83.600), tendo
aumentado o seu apoio total em cerca de 52.500 votos, enquanto a Fretilin viu
crescer o seu apoio eleitoral em quase 41 mil votos.
De referir ainda o aumento de
cerca de 5.700 votos da FDD.
Os piores resultados foram dos
partidos que integram a coligação MSD, que perderam mais de 10 mil votos, e do
PD que perdeu quase seis mil.
Até ao momento ainda nenhuma das
forças políticas fez qualquer declaração pública sobre o resultado eleitoral.
Os dados têm agora que ser
reconfirmados na Comissão Nacional de Eleições (CNE), numa tabulação nacional -
não se trata de uma nova contagem, apenas de uma verificação das atas.
É nessa fase que é decidida, com
a presença dos partidos, a distribuição dos quase 600 votos
"reclamados", ou seja, votos em que, no momento de contagem, houve
disputa sobre a quem deveriam ser atribuídos.
Os resultados finais terão depois
que ser confirmados pelo Tribunal de Recurso, o que se prevê ocorra até final
de maio, devendo os deputados tomar posse em junho.
Só depois deverá ocorrer a
formação do Governo que deverá ser liderado, como o próprio disse à Lusa, por
Xanana Gusmão, que regressa assim ao cargo que abandonou em 2015.
De referir que a AMP venceu na
maioria dos municípios, em concreto Aileu, Ainaro, Bobonaro, Covalima, Dili,
Ermera, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e ainda na Região Administrativa Especial
de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e no centro instalado na Coreia do Sul.
A Fretilin, por seu lado, venceu
em todos os municípios do leste do país, Baucau, Lautem e Viqueque e ainda na
Austrália, Portugal e Reino Unido.
ASP // VM
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