segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Parlamento timorense nega autorização a visita do Presidente à Santa Sé


Díli, 05 nov (Lusa) - O Parlamento Nacional timorense chumbou hoje a deslocação do Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, ao Vaticano, devido à "situação do país, naquela que foi a quarta recusa a uma viagem ao estrangeiro do chefe de Estado.

Vários deputados da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), na oposição, criticaram o chumbo às deslocações de Francisco Guterres Lu-Olo ao estrangeiro, com David Ximenes a questionar o que definiu como "tirania da maioria".

"Quando o parlamento chumba estas deslocações, que mensagem está a mandar para a comunidade internacional", questionou.

"Nem sempre a maioria acarreta verdades. Passa a ser tirania da maioria em vez de ser uma forma de impulsionar maior democracia", disse.

Francisco Branco, também da Fretilin, disse que as bancadas do Governo não podem "confundir questões internas com aspetos da diplomacia externa do Estado".

"Estão a misturar a questão externa com problemas internos. Isto tem a ver com a diplomacia externa do Estado. Esta é uma decisão puramente de Estado", considerou.

Também António da Conceição, do Partido Democrático (PD), defendeu a importância da visita, destacando a "relação especial" que Timor-Leste mantém com o Vaticano.

Duarte Nunes, do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), no Governo, chegou a defender novo adiamento do voto, argumentando que há tempo suficiente para a votação na próxima semana.

O deputado contestou igualmente as críticas da oposição, adiantando que os representantes do Vaticano em Timor-Leste "sabem o que se passa no país" e por isso estão conscientes do porquê da decisão.

Carmelita Moniz, também do CNRT, defendeu o adiamento para "ver se os líderes resolvem o impasse político antes do presidente sair do país".

O presidente do Parlamento, Arão Noé Amaral, acabou por impor a votação, que obteve 35 votos contra a autorização e 26 a favor.

Francisco Guterres Lu-Olo tinha solicitado uma deslocação entre 17 e 26 de novembro ao Vaticano, a convite do papa Francisco.

O pedido de autorização foi enviado pelo chefe de Estado, como exige a lei, entre vários pedidos de deslocação ao estrangeiro que pretendia efetuar no último trimestre deste ano.

O parlamento já tinha chumbado, em outubro, uma visita à Indonésia e em setembro o pedido de autorização do Presidente da República para visitar Nova Iorque e participar na Assembleia-Geral da ONU.

Já em julho o parlamento tinha chumbado um pedido de autorização de visita do Presidente a Portugal.

As bancadas do Governo continuam a contestar o impasse em torno da nomeação de alguns membros do Governo que o primeiro-ministro indigitou e a quem o chefe de Estado não deu posse, alguns por terem processos na justiça e outros por possuírem "um perfil ético controverso".

ASP // SB

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