Díli, 08 mai (Lusa) -- O
embaixador português em Díli apelou hoje aos jornalistas timorenses que
aprendam português, salientando a importância da comunicação social em língua
portuguesa na construção democrática de Timor-Leste.
"Aprendam português pela
vossa identidade, pela vossa profissão, pelo mundo imenso da Comunidade de
Países de Língua Oficial Portuguesa, a CPLP, que vos pertence", disse José
Pedro Machado Vieira.
"Sabemos todos da
importância da comunicação social, bem como do papel que o acesso a informação
certa e rigorosa cumpre na construção das democracias, pelo que não podemos
descurar a formação permanente dos jornalistas", referiu José Pedro
Camacho Vieira, num seminário "Jornalismo em tempo de luta: relatos em
português", organizado pela embaixada e pelo Camões no âmbito da Semana da
Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP).
Atualmente, encontra-se em
implementação o projeto "Consultório da Língua para Jornalistas",
fruto da parceria entre o Camões, I.P. e a Secretaria de Estado da Comunicação
Social de Timor-Leste, que tem como objetivos "a capacitação de
profissionais da comunicação de Timor-Leste em língua portuguesa para a
transmissão de informação fidedigna ao público".
Atualmente, existem cerca de 80
formandos neste projeto.
"Estudantes, jovens
profissionais, peço-vos que aproveitem o conhecimento. No vosso percurso,
privilegiem o mérito, a competência e a ética", disse aos jornalistas
timorenses.
Na sua intervenção, o embaixador
português recordou que no último ranking de liberdade de imprensa, Timor-Leste,
subiu 11 lugares mas ainda se encontra em "situação difícil", motivo
pelo qual a cooperação portuguesa "tem vindo a apoiar a Comunicação Social
de Timor-Leste, através da formação de jornalistas, da redação do quadro legal
e mesmo do impulso à criação do Conselho de Imprensa, em 2015".
O encontro, que juntou
jornalistas com experiência de cobertura do país, entre os quais o delegado da
Lusa, permitiu celebrar "a língua, sublinhando o valor da palavra em
português", salientou a diplomata.
Perante uma plateia de dezenas de
jornalistas timorenses, os jornalistas veteranos Adelino Gomes e Max Stahl
recordaram o trabalho feito no passado.
Adelino Gomes, que está em
Timor-Leste numa iniciativa do Conselho de Imprensa e da Embaixada de Portugal,
mostrou excertos dos seus blocos de notas da altura e descreveu os
condicionalismos técnicos de operar na altura no território.
Max Stahl, que filmou o massacre
de Santa Cruz em 1991, aproveitou a sua participação no seminário para falar do
período de 1999, nomeadamente durante o período de grande violência após o
referendo de 30 de agosto.
O jornalista referiu-se ao facto
dos vários poderes usarem imagens ou outros instrumentos para tentar manipular
a opinião pública e apresentar versões diferentes da realidade.
Já Virgílio Guterres, presidente
do Conselho de Imprensa timorense, recordou os seus primeiros passos no
jornalismo, nomeadamente nos últimos anos da ocupação indonésia -- que terminou
em 1999.
Guterres salientou a criação de
publicações como a Talitakum ou a Vox Populi, algumas revistas pioneiras na
luta contra a ocupação indonésia.
ASP // PJA
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