quinta-feira, 16 de abril de 2015

Woodside diz que continua empenhada no desenvolvimento do Greater Sunrise


Díli, 15 abr (Lusa) - A petrolífera australiana Woodside insiste que continua empenhada no desenvolvimento do campo de gás Greater Sunrise, no Mar de Timor, afirmando no seu relatório trimestral que é "vital" um acordo entre Timor-Leste e a Austrália.

O projeto, atrasado pelo impasse na definição das fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália e por diferenças de opinião sobre o modelo de refinação -- flutuante ou em terra, no sul de Timor-Leste --, merece uma curta referência no relatório do primeiro trimestre deste ano.

"A Woodside continua engajada com os Governos de Timor-Leste e da Austrália para encorajar alinhamento", lê-se no relatório.

"Apesar da Woodside continuar empenhada no desenvolvimento do Greater Sunrise, é vital que os dois Governos concordem no regime legal, regulatório e fiscal aplicável a este recurso", sublinha.

Nos últimos meses a Woodside tem aumentado a sua pressão sobre Díli e Camberra para resolverem o impasse nas negociações sobre as fronteiras marítimas, um dos problemas que afeta o projeto Sunrise.

Durante a apresentação dos resultados anuais de 2014, em fevereiro, o responsável da petrolífera australiana, Peter Coleman tinha afirmado que era difícil continuar a justificar gastar dinheiro e tempo no projeto Sunrise, pelo menos a curto prazo, até que haja certezas regulatórias sobre o projeto.

"Antes de dar o passo seguinte, precisamos de saber a quem vamos pagar renda. Neste momento não sabemos qual é o quadro regulatório, não sabemos qual é o quadro fiscal e por isso não podemos avaliar o projeto e apresentá-lo a compradores como sendo um projeto viável em que possam estar interessados", declarou.

Os comentários de Coleman e o facto de a empresa deixar o Sunrise fora de uma lista de projetos de crescimento até 2019 foram interpretados como uma decisão implícita de 'engavetar' o projeto.

Nos bastidores de toda a questão está o Tratado sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), que Timor-Leste declarou ser inválido devido a atividades de espionagem por parte da Austrália, mas mediante o qual os 'royalties' do campo de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás do Sunrise seriam divididos ao meio entre os dois países.

Caso uma fronteira marítima seja definida, o campo poderia ficar totalmente em águas timorenses.

Em causa está ainda a questão da construção de uma unidade de processamento de Gás Natural Liquefeito (GLN) na costa sul da ilha, opção da qual o Governo timorense não abdica e que Díli insiste é a mais barata.

Recorde-se que o projeto do Greater Sunrise é controlado pela Woodside (o operador com 33%) a que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.

ASP // FV.

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