Díli,
15 abr (Lusa) - A petrolífera australiana Woodside insiste que continua
empenhada no desenvolvimento do campo de gás Greater Sunrise, no Mar de Timor,
afirmando no seu relatório trimestral que é "vital" um acordo entre
Timor-Leste e a Austrália.
O
projeto, atrasado pelo impasse na definição das fronteiras marítimas entre
Timor-Leste e a Austrália e por diferenças de opinião sobre o modelo de
refinação -- flutuante ou em terra, no sul de Timor-Leste --, merece uma curta
referência no relatório do primeiro trimestre deste ano.
"A
Woodside continua engajada com os Governos de Timor-Leste e da Austrália para
encorajar alinhamento", lê-se no relatório.
"Apesar
da Woodside continuar empenhada no desenvolvimento do Greater Sunrise, é vital
que os dois Governos concordem no regime legal, regulatório e fiscal aplicável
a este recurso", sublinha.
Nos
últimos meses a Woodside tem aumentado a sua pressão sobre Díli e Camberra para
resolverem o impasse nas negociações sobre as fronteiras marítimas, um dos
problemas que afeta o projeto Sunrise.
Durante
a apresentação dos resultados anuais de 2014, em fevereiro, o responsável da
petrolífera australiana, Peter Coleman tinha afirmado que era difícil continuar
a justificar gastar dinheiro e tempo no projeto Sunrise, pelo menos a curto
prazo, até que haja certezas regulatórias sobre o projeto.
"Antes
de dar o passo seguinte, precisamos de saber a quem vamos pagar renda. Neste
momento não sabemos qual é o quadro regulatório, não sabemos qual é o quadro
fiscal e por isso não podemos avaliar o projeto e apresentá-lo a compradores
como sendo um projeto viável em que possam estar interessados", declarou.
Os
comentários de Coleman e o facto de a empresa deixar o Sunrise fora de uma
lista de projetos de crescimento até 2019 foram interpretados como uma decisão
implícita de 'engavetar' o projeto.
Nos
bastidores de toda a questão está o Tratado sobre Determinados Ajustes
Marítimos no Mar de Timor (CMATS), que Timor-Leste declarou ser inválido devido
a atividades de espionagem por parte da Austrália, mas mediante o qual os
'royalties' do campo de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás do Sunrise seriam
divididos ao meio entre os dois países.
Caso
uma fronteira marítima seja definida, o campo poderia ficar totalmente em águas
timorenses.
Em
causa está ainda a questão da construção de uma unidade de processamento de Gás
Natural Liquefeito (GLN) na costa sul da ilha, opção da qual o Governo
timorense não abdica e que Díli insiste é a mais barata.
Recorde-se
que o projeto do Greater Sunrise é controlado pela Woodside (o operador com
33%) a que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.
ASP
// FV.
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