quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sistema bancário timorense "sólido", com "rentabilidade robusta" - Banco Central


Díli, 06 mai (Lusa) - O sistema bancário em Timor-Leste manteve-se "estável e sólido" em 2014 com níveis de "rentabilidade robustos", cobertura adequada para o crédito malparado e "excesso de liquidez substancial", segundo o Banco Central (BCTL).

Esta é uma das conclusões do relatório anual do BCTL referente a 2014, divulgado hoje, que analisa, entre outros aspetos, a situação do sistema financeiro do país onde operam quatro bancos: o timorense Banco Nacional de Comércio de Timor-Leste (BNCTL), o português BNU (do grupo Caixa Geral de Depósitos), o indonésio Mandiri e o australiano ANZ.

Apesar da estabilidade do sistema bancário "superavitário", o BCTL destaca o nível "bastante elevado" de crédito malparado (empréstimos de cobrança duvidosa) que era, no final de 2014, de 37%.

Um valor ainda significativo mas que confirma a tendência de queda que se mantém desde 2010 quando atingiu o valor recorde de 70%.

Segundo o BCTL o volume de crédito duvidoso "não coloca em causa a segurança do sistema, quer porque as principais instituições bancárias são filiais de grandes e sólidos bancos nos seus países de origem que não deixarão de apoiar a sua filial no nosso país em caso de necessidade, quer porque estas souberam adaptar-se à situação constituindo provisões (reservas) de nível significativo, mais que suficientes para cobrir as perdas a registar".

"O total de provisões tem sido sempre superior ao valor do crédito de cobrança duvidosa", nota o relatório.

O total de crédito concedido em 2014 caiu ligeiramente (-0,1%) com a carteira bruta de créditos a ser de 176,7 milhões de dólares dos quais 47,4 milhões classificados como malparado, com as provisões a serem atualmente de 55,8 milhões (117,8% do total).

Já os depósitos ascendiam a 583 milhões de dólares, mais 15,2%, com os depósitos à vista a representarem 61,7% do total.

Os bancos registaram receitas, entre juros e taxas, no valor de 16,5 milhões de dólares e de 17,2 milhões de dólares em comissões, tendo pago apenas 1,7 milhões de dólares em juros por depósitos.

O rendimento bruto dos bancos foi de 26,9 milhões de dólares (27,87 milhões em 2013) e o líquido antes de impostos de 9,1 milhões (em 2013 tinha sido de 13,3 milhões).

O relatório confirma ainda o elevado nível de circulação de divisas, com mais de 11 mil transferências para Timor-Leste num valor total de 511,70 milhões de dólares, e mais de 64.800 transferências para fora do país no valor total de quase 1,2 mil milhões de dólares
Esse elevado volume de transferências deve-se, em parte, ao facto do sistema contar com um elevado grau de liquidez - os depósitos no BCTL e nos restantes bancos eram de mais de 667 milhões de dólares e os empréstimos rondavam os 121 milhões.

"O volume dos empréstimos é muito inferior ao dos depósitos, fornecendo à banca comercial um excesso de liquidez que a obriga a procurar alguma rentabilidade para os recursos disponíveis através de aplicações no estrangeiro", explica.

Para estes empréstimos aplicam-se "taxas relativamente altas" - que foram em média acima dos 12% em 2014 - em grande parte devido ao elevado risco de crédito do país onde.

Em termos globais o total de ativos do sistema bancário, no final de 2014, era de cerca de 805 milhões de dólares, mais 21% que no final de 2013.

De referir ainda que em 2014 o BCTL importou para Timor-Leste moedas, cunhadas em Portugal, no valor de 269 milhões de dólares, e notas dos Estados Unidos no valor de cerca de 190 milhões de dólares, estimando que o volume total de moeda em circulação no país ronde os 600 milhões de dólares.

ASP // DM

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