Díli, 26 abr (Lusa) - Os debates
sobre a história da luta timorense, na campanha eleitoral, são, para a nova
geração, como o Antigo Testamento e podem não ser uma "opção feliz",
disse hoje o presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste.
"Reescrever a história de
Timor à base de comício é uma forma de fazer lembrar as coisas, mas
interrogo-mo sobre se será a mais feliz", disse Basílio do Nascimento, no
final de um encontro com o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo.
"Para a população nova, tudo
aquilo que aconteceu no passado, - e perdoem-me a expressão bíblica - faz parte
do Antigo Testamento. E as gerações antigas que particaparam na criação disso,
não é novidades para elas", considerou.
Basílio do Nascimento, presidente
da Conferência Episcopal e bispo de Baucau, a segunda cidade timorense,
participou com o bispo de Díli, Virgilio do Carmo da Silva, e com o bispo de
Maliana, Norberto do Amaral, num encontro de cerca de 70 minutos com Lu-Olo.
À saída do encontro, Basílio do
Nascimento referiu-se à tensão que marcou a primeira metade da campanha para as
legislativas, em que parte do discurso de líderes e militantes da Aliança de
Mudança para o Progresso (AMP, oposição), incluindo Xanana Gusmão e Taur Matan
Ruak, foi marcado por duras críticas à Fretilin e aos seus dirigentes,
especialmente a Mari Alkatiri.
Muitos dos comentários
referiam-se à luta contra a ocupação indonésia e pela independência de Timor-Leste,
com tentativas de alguns dirigentes de politizarem os diferentes braços da
resistência: armada, clandestina e diplomática.
"É uma forma de reescrever,
de rememorar, se calhar nem sempre com as expressões mais felizes. É uma forma
de lembrar às gerações novas aquilo que aconteceu", considerou o prelado.
"Não sei se valerá a pena
pôr a descoberto tudo o que constituiu o passado, sobretudo as partes
negativas, que também fazem parte, mas que se calhar é preferível ficar nos
livros do que espalhar na campanha. Mesmo que haja situações com razão, as
palavras podem ferir e penso que é preferível evitar feridas", disse.
O bispo timorense, que está a
recuperar de um problema de saúde que o tem obrigado a maior repouso, disse que
por causa disso não tem acompanhado a campanha tão de perto, apesar de sentir
que está "mais morna" do que as anteriores.
Este é um "momento
importante na vida da nação" e o crucial é que, apesar da tensão, se trata
apenas de "violência linguística" sem passar para a violência física,
o que é positivo, considerou.
Basílio do Nascimento mostrou-se
ainda otimista sobre um aumento da taxa de participação relativamente ao
passado.
As eleições legislativas decorrem
a 12 de maio.
ASP // EJ
Sem comentários:
Enviar um comentário