quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Maior partido da oposição timorense critica política orçamental do passado


Díli, 29 ago (Lusa) - O maior partido da oposição timorense, Fretilin, criticou hoje as políticas orçamentais adotadas na última década em Timor-Leste, contestando que o Orçamento para este ano, hoje aprovado na generalidade, continue parte dessas políticas.

Aniceto Guterres Lopes, chefe da bancada da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), disse no final do debate de hoje que uma fatia significativa do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2018 vai para pagar dívidas de projetos e programas questionáveis, do passado.

Apesar das críticas, a Fretilin não votou contra o diploma, com a maioria dos deputados a votar a favor e uma dezena a abster-se.

Defendendo "cuidado, rigor e responsabilidade" no desenho das contas públicas, o antigo presidente do Parlamento recordou que nos dez anos até 2017 o Estado gastou 10.000 milhões de dólares (8.570 milhões de euros) com o próprio atual primeiro-ministro, antes chefe de Estado, Taur Matan Ruak, a notar que em algumas áreas não houve melhorias muito significativas.

Uma dessas questões, notou, é o processo de diversificação económica que ainda não avançou suficiente, deixando Timor-Leste a depender ainda excessivamente do petróleo, resultado do "falhanço durante 10 anos da política macroeconómica" dos executivos.

Para o deputado, é essencial promover e garantir eficiência e eficácia dos gastos públicos, procurar uma distribuição equitativa, evitar o "esbanjamento e o desperdício" e apostar numa "gestão racional das receitas".

O OGE para 2018, disse, aprofunda a política orçamental e fiscal que tem falhado durante 10 anos, com propostas que "não têm em conta a capacidade de execução ou de absorção da economia".

Em concreto, critica a proposta do Governo gastar 700 milhões de dólares (600 milhões de euros) nos últimos três meses do ano, um valor que é "muito acima" da capacidade média de execução do Estado nos últimos anos.

Aniceto Lopes nota ainda que o orçamento dedica apenas 10% para educação, saúde ou agricultura e 30% para infraestruturas e questiona o facto de pagar dívidas por projetos que demonstram "ineficiência, esbanjamento e corrupção".

Em especial critica o facto do orçamento contemplar pagar parte de mais de 140 projetos aprovados pelo VI Governo em julho de 2017, a dias das eleições, no valor total de cerca de 350 milhões de dólares (300 milhões de euros).

O OGE prevê que esses projetos - de estradas e pontes - tenham uma injeção financeira de 13 milhões de dólares (11,1 milhões de euros) este ano, mas de mais de 280 milhões de dólares (240 milhões de euros) em 2019.

Em comunicado, a Fretilin explica que não votou contra o orçamento na generalidade esperando que o Governo possa esclarecer na especialidade as "muitas dúvidas" que levantou no debate dos últimos três dias.

ASP//PVJ

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