terça-feira, 20 de novembro de 2018

Dili Post, novo jornal timorense. Para quando cobertura de notícias em português? E a língua lusa?


Dili Post, novo jornal em Timor-Leste, lançado ontem, 19 de Novembro, apresentou-se aos leitores com o seu primeiro número e as referências merecidas na comunicação social timorense e também na Agência Lusa.

Bem-vindo, Dili Post!

Não fosse o destaque noticioso timorense sobre o assassinato inusitado de três jovens  no bairro de Kuluhun, em Díli, por agentes da polícia timorense fora de serviço, conforme no TA temos vindo a divulgar, e por certo que o primeiro dia do Dili Post seria bem mais notado. Ele próprio com manchete sobre a referida tragédia das mortes e ferimentos causados por agentes tresloucados. 

O esforço dos jornalistas timorenses e dos que conseguem ser suporte ao seu trabalho nas várias publicações de imprensa, assim como na Agência Notíciosa de Timor-Leste, merecem o reconhecimento adequado e muitos mais apoios. Pena é que os responsáveis pela lusofonia se mantenham quase indiferentes ou mesmo completamente indiferentes à necessidade imperiosa de a lusofonia acompanhar a atualidade quotidiana de Timor-Leste em português, com notícias em português, tarefa para a qual a Agência Lusa é insuficiente, pese embora o esforço dos profissionais que para ali destaca com muito poucos recursos e que ainda assim fazem "milagres" - mas quase esgotados. 

Comparativamente a outros países lusófonos, da CPLP, Timor-Leste está praticamente no limbo. Se queremos saber sobre a cobertura noticiosa de Moçambique, de Angola, de São Tomé e Príncipe, de Cabo Verde, do Brasil ou de Macau, até da Guiné-Bissau, podemos aceder com facilidade aos sites, em português, dos citados países. E ali podemos inteirar-nos da atualidade quotidiana. Sobre Timor-Leste já assim não acontece. As publicações existentes são expressas em tétum - língua nacional timorense. Não existindo um único jornal diário em português, nem semanário, a que possamos acorrer para acompanhar a atualidade. Somente a Agência Lusa, através do seu correspondente ali destacado, informa sobre o essencial do que acontece no país com as falhas inerentes à cobertura que o país e os lusófonos interessados merecem. Falhas que algumas vezes são de bradar aos céus.

A língua portuguesa

Para que serve tanta conversa fácil e enganosa sobre a língua portuguesa em Timor-Leste, quando afinal ficamos sem saber sobre a realidade do país, no interior e em muitos mais pormenores que podemos acompanhar na quase totalidade dos outros países lusófonos e da CPLP. Para que serve a CPLP e outras "corporações dispendiosas" que se dizem acérrimas defensoras da língua portuguesa em Timor-Leste? Para quando debruçarem-se sobre o assunto, sobre a realidade da ineficiência e falta de vontade em enfrentar e resolver o que já há muito devia ter sido resolvido?

O que fazer? Compete aos "sábios" que tanto propalam a defesa da língua portuguesa mas que se esquecem ou desprezam Timor-Leste e os acontecimentos históricos - ocupação indonésia - que proibiram por quase 25 anos a continuidade da língua portuguesa. Reconhecendo embora que mesmo durante o colonialismo imensos milhares de cidadãos de Timor-Leste não sabiam português - nem ler, nem escrever - comunicando nas suas línguas locais e no tétum que abrangia uma larga generalidade das populações do país então colonizado por Portugal.

O português é língua oficial e constitucional de Timor-Leste. Na atualidade dizem que se está a fazer um esforço para que o português seja entendido, falado e escrito, no país. É verdade. Mas não é o esforço suficiente, nem devido, se considerarmos que os que dominam melhor a língua portuguesa em Timor-Leste são das elites, os que possuem melhor desafogo financeiro e da classe dominante ou próximos. Mesmo assim existe uma certa resistência a aplicar a língua oficial lusa por parte de muitos desses timorenses, por razões que levariam a alongar demasiado esta prosa. Trabalho para os "sábios".

Que atualmente se fala, escreve e entende melhor português em Timor-Leste. É verdade. Muito melhor seria se os lusófonos, Portugal e outros, delineassem e se empenhassem numa política e verbas bastantes para que a língua portuguesa fosse realmente a segunda língua de Timor-Leste. Que não é.

O que fazer? Os tais "sábios" deviam saber e pugnar por derrubar o que o colonialismo português sempre fez naquelas paragens em que Timor era vítima de muita conversa fiada e de muito abandono, de muito laxismo.

Mário Motta = António Veríssimo | Vídeo RTTL

"Dili Post "- notícia da Lusa:

3 comentários:

Unknown disse...

A maioria dos jornalistas timorenses só há pouco tempo começou a aprender português, mas já começa a haver informação (própria) nesta língua. Além da RTTL, o Timor Post publica diariamente notícias em português.Em relação aos semanários, o The Dili Weekly tem, a par do inglês, a primeira página em português. O Semanário também começa a ter conteúdos próprios em língua portuguesa. Há outros órgãos que não estão a publicar por falta de editores de português.

Unknown disse...

A SAPO tem um portal de notícias timorense em língua portuguesa.

TIMOR AGORA disse...

Na verdade a informação dos dois comentários anteriores só não referem que tudo é muito limitado acerca da atualidade timorense em SAPO TL, The Dili Weekly ou na RTTL, não se comparando a Angola ou Moçambique, Macau e outros da lusofonia. SAPO faz o que pode, o jornal de título inglês ainda menos pode, a RTTL representa uma vergonha no site no que se refere a notícias em língua portuguesa porque só vendo se vê que é um português em que que todas as palavras escritas se iniciam em maiúsculas, fora outras barbaridades. E isso não é a língua portuguesa que têm a obrigação de apresentar no site RTTL. Porque assim é... não sabemos, mas mais parece que a RTTL está a fazer um "frete" à língua lusa. Lamentável. É um péssimo exemplo e induz em erro quem está a aprender português, caso de muitos cidadãos adultos e crianças timorenses. Ao menos sigam o exemplo de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Macau, etc. Fazem o que podem mas é recomendável que façam mais esforços para melhorarem e que os Institutos à laia de Camões, a CPLP e outros contribuam com seriedade em vez de "fazerem de conta".