Hong Kong, China, 11 ago 2019
(Lusa) - A polícia de Hong Kong voltou a usar gás lacrimogéneo para dispersar
manifestantes que bloquearam estradas e um dos principais túneis da cidade, e
deteve 16 pessoas por reunião ilegal, porte de armas e agressões a polícias.
Na sexta-feira, a polícia de Hong
Kong já informara que 592 pessoas tinham sido detidas desde o início dos
protestos, a 09 de junho, com idades entre 13 e 76 anos, e enfrentam agora
acusações que, no limite, podem resultar em penas de prisão até dez anos.
Seguindo um padrão estabelecido
nos fins de semana passados, os protestos continuaram na noite de sábado,
apesar da recusa da polícia em autorizar as manifestações.
O gás lacrimogéneo foi disparado
contra uma multidão de cerca de mil pessoas num breve impasse noturno numa
estação de comboio suburbano em Tai Wai.
Num incidente separado, a polícia
lançou bombas de gás lacrimogéneo contra manifestantes que cercavam uma
esquadra no distrito de Tsim Sha Tsui, no lado norte do porto de Hong Kong.
Num outro bairro, a polícia
antimotim voltou a lançar gás lacrimogéneo depois de manifestantes terem
iniciado um incêndio à frente de uma esquadra e atirado ovos contra o edifício.
No início desse mesmo dia, uma
associação de pessoas de Hong Kong, originárias do sul da província de Fujian,
reuniu-se em torno de esquadras da polícia para mostrar seu apoio à aplicação
da lei e ao trabalho das forças de segurança.
Também no sábado, vários milhares
de pessoas continuaram a protestar no aeroporto internacional de Hong Kong, um
dos mais movimentados do mundo.
Os manifestantes entoaram
palavras de ordem, montaram televisores para divulgar vídeos de protestos
recentes e distribuíram panfletos nos quais se tenta explicar a polémica à
volta das emendas à lei de extradição propostas pelo Governo de Hong Kong e a
exigência do sufrágio universal no território.
A contestação social começou em
junho, desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da
extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa
especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos
prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto,
suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os
manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga
colónia britânica e exigem agora reformas eleitorais e a realização de um
inquérito aos alegados abusos policiais.
A transferência de Hong Kong e
Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente,
decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que
os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões
administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com
elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o
Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
JMC // JMC
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