Díli, 20 ago 2020 (Lusa) -- O
Presidente da República timorense pediu hoje ao Governo que trabalhe para
garantir uma "vida digna" aos veteranos da luta contra a ocupação
indonésia, estudando alternativas para assegurar que os apoios já dados têm
efeito multiplicador.
O Estado, disse Francisco
Guterres Lu-Olo em Díli, "tem o dever de valorizar os veteranos",
procurando proporcionar-lhes "uma vida digna", e encontrando
alternativas para que os apoios atualmente concedidos tenham mais impacto no
futuro.
"O Governo aloca anualmente
verbas para os veteranos e combatentes no valor de mais de 85 milhões de
dólares americanos. Este orçamento mostra-nos que é necessário identificar
alternativas para fazer este dinheiro render e sustentar as famílias dos
veteranos num futuro próximo", afirmou.
Francisco Guterres Lu-Olo falava
durante as cerimónias que assinalam hoje o 45º aniversário das Falintil - as
Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste, o braço armado da
resistência timorense à ocupação indonésia, que terminou em 1999 --, que
se transformaram depois nas atuais Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
As cerimónias, sob o lema
"Com o espírito das FALINTIL, estou pronto e decidido a servir os
interesses do povo e da nação", contaram com a presença das principais
individualidades do Estado.
Recordando os valores das
Falintil -- "trabalho honesto para libertar este povo da miséria" --,
Lu-Olo disse que no momento atual esses princípios devem servir de inspiração
para alcançar "o desenvolvimento social e o bem-estar" da população.
Manifestando "orgulho"
pela "maturidade demonstrada" pela população e pelos veteranos das
Falintil, o Presidente disse que cabe ao Estado "proteger e defender os
direitos dos cidadãos" e que estes devem estar "conscientes dos seus
direitos, mas também responsabilidades e deveres".
O chefe de Estado recordou alguns
dos momentos da história das Falintil e da luta contra a ocupação indonésia,
incluindo a operação de 1981,
a Kikis, lançada pelas forças indonésias, que levou à
morte de vários quadros políticos e militares timorenses.
"A história das Falintil é
de resiliência e capacidade de se reerguer perante as dificuldades. Foi graças
ao sacrifício das gloriosas Falintil e do povo que colhemos os frutos a 30 de
agosto de 1999 com o referendo [de independência]. Prova de que a vitória da
libertação nacional foi conquistada à custa da vida de muitas pessoas",
lembrou.
Lu-Olo disse que cabe agora às
FDTL "preservar estes valores e adaptá-los às missões que são agora
outras, transformando-os à medida da conjuntura atual, nomeadamente na
capacidade de prestar auxílio ao povo" em situações como as da atual
pandemia da covid-19.
É ainda importante, frisou,
"preservar a história verdadeira para as próximas gerações", para que
sirva como "raiz e um valor consolidado para as gerações vindouras".
"Continuo a pedir ao governo
que colabore e reúna os dados dos veteranos, das organizações da resistência e
de todas as pessoas, de modo a apoiar o trabalho das diversas organizações
(...) de registar e escrever a história do papel das organizações da
resistência ou das organizações juvenis no processo da luta", disse.
"Aos veteranos e combatentes
que ainda estão entre nós, apelo para que continuem a contar a sua história aos
seus filhos, aos seus familiares e ao povo em geral, de forma a ser transmitida
às gerações futuras", instou.
ASP // PTA
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