quarta-feira, 12 de maio de 2021

Cheias: Mais de metade das famílias afetadas ainda sem receber apoio

TIMOR-LESTE

Mais de metade das 33 mil famílias afetadas pelas cheias do início de abril em Timor-Leste continuam, um mês depois do desastre natural, sem receber apoio, com mais de 3.000 pessoas ainda desalojadas, segundo o último relatório.

O último relatório preparado pelo Ministério da Administração Estatal, em coordenação com a Unidade de Missão da Proteção Civil e Gestão de Desastres Naturais, a que a Lusa teve hoje acesso, mostra que até ao momento foram apoiadas menos de 15 mil famílias em todo o país.

As cheias, que provocaram 32 mortos e nove desaparecidos, presumidos mortos, destruíram ou danificaram quase 29 mil casas em vários pontos do país, destruindo mais de 3.700 hectares de campos agrícolas, especialmente nos municípios de Manatuto, Bobonaro, Liquiçá e Viqueque.

“Ao nível das infraestruturas públicas, foi até ao presente identificada a impraticabilidade de circulação em pelo menos 42 estradas de âmbito nacional, regional e urbano, 23 pontes que não oferecem condições de segurança e diversos edifícios públicos”, sublinha o texto.

No que toca à capital, o relatório refere que mais de um mês depois das cheias, há ainda 3.012 pessoas de 611 famílias em 16 centros de acolhimento temporário, o maior número (836 pessoas) na escola 12 de Outubro, em Tasi Tolu.

Joaquim Gusmão Amaral, secretário de Estado da Proteção Civil, disse à Lusa que as autoridades continuam a trabalhar, tanto em Díli como noutras zonas do país, tanto para fazer chegar apoio humanitário como para concluir a avaliação total dos estragos.

“Ainda estamos na avaliação total do custo financeiro dos danos causados às famílias, mas o nosso pedido preliminar feito ao Ministério das Finanças e recorrendo ao Fundo de Contingência é de canalizar apoios para 50 mil famílias, num valor de quase 55 milhões de dólares [45,3 milhões de euros]”, disse.

“Neste momento, e segundo o balanço mais recente, há o registo de 33.280 famílias afetadas em todo o país, a maioria em Díli, a quem, para já, estamos a dar apoio humanitário alimentar e não alimentar”, frisou.

Algum apoio em termos de material de construção já começou a ser dado – um carregamento vai para a ilha de Ataúro ainda esta semana, por exemplo -, mas o grosso carece ainda da aprovação do Ministério das Finanças

Só em Díli, por exemplo, Joaquim Gusmão Amaral explica que estão já registadas um total de 611 casas totalmente destruídas, 991 com destruição média e 1.043 com destruição ligeira.

Já há dados de vários pontos do país, ainda que, em alguns casos, fazer chegar o apoio esteja a ser difícil, devido a cortes de estradas ou pontes, explicou.

“Ainda temos pessoas em muito más situações, especialmente em zonas mais remotas, com estradas cortadas, e onde ainda temos dificuldades de acesso. Identificámos algumas populações, como por exemplo em Turiscai, Laclubar ou Laclo, que estavam isoladas, mas onde conseguimos fazer chegar alguns apoios, usando o helicóptero disponibilizado com apoio da Austrália”, notou.

O secretário de Estado explicou que, para já, as autoridades estão a distribuir algum material ainda nos armazéns, incluindo apoios dados por parceiros de desenvolvimento, referindo que os apoios adicionais podem agora ser dados, depois da aprovação do Orçamento Geral do Estado (OGE) retificativo.

Quem perdeu a casa, por exemplo, e de acordo com as regras definidas, recebe cerca de 477 dólares americanos (392 euros) de apoio em material de construção – zinco, pregos, ferro e cimentos – e mais 368 dólares (303 euros) para mão de obra e para comprar madeira.

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