segunda-feira, 15 de junho de 2015

Faculdades da universidade nacional timorense encerradas há duas semanas por segurança


Díli, 15 jun (Lusa) - As aulas nas faculdades de ciências sociais e medicina e o trabalho do Centro de Investigação Cientifica da Universidade Nacional de Timor Lorosa'e, em Díli, estão suspensos há duas semanas, depois de ameaças de um grupo de alunos.

O problema arrasta-se há vários anos mas a situação tornou-se "insustentável" no início deste mês, segundo explicou à Lusa o decano da Faculdade de Ciências Sociais, Eurico Araújo, que referiu que hoje as aulas deveriam ter sido retomadas, o que "voltou a não ser possível".

Outras fontes universitárias ouvidas pela Lusa dizem que já chegou a haver ameaças de morte escritas, deixadas contra funcionários e professores, que há "intimidação de outros estudantes" pelo pequeno grupo de alunos e que se detetaram tentativas de acesso a computadores das faculdades.

Sem comentar estes detalhes, Eurico Araújo explicou que elementos de uma autoproclamada associação de estudantes, que não está formalmente registada como tal, têm ocupado parte do edifício há vários anos, tendo sempre procurado interferir em assuntos da gestão das faculdades.

"O ambiente tem estado sempre algo complicado, tentamos dialogar e conviver com os estudantes mas sem soluções e sem conseguir resolver o problema de fundo", referiu.

A tensão subiu de tom no final de maio quando funcionários tentaram instalar um novo mastro no interior do complexo, localizado na zona de Caicoli, em Díli, para a cerimónia mensal de hastear da bandeira nacional, que deveria realizar-se a 1 de junho, segunda-feira.

"Queríamos a cerimónia noutro sítio, sem ser à frente do edifício, porque somos muitos professores, alunos e funcionários e a cerimónia ou interrompia o trânsito ou o trânsito impedia que a realizássemos como dever ser", explicou.

"Os estudantes não concordaram com esta decisão da direção da faculdade. No sábado à tarde o mastro ficou pronto e à noite arrancaram aquilo", disse.

Na segunda-feira quando os professores viram o mastro no chão, a faculdade pediu explicações aos alunos tendo a tensão aumentado quando alguns professores "movidos por sentimentos de quem não gostou de ver o mastro no chão" e alunos se envolveram em confrontos.

A polícia nacional acabou por ser chamada e um professor foi detido por agressões, não tendo sido detido qualquer dos alunos.

"Perante esta situação, considerei que não a poderia controlar e informei o reitor. A UNTL tomou posição e o reitor por motivos de segurança, de falta de condições psicológicas para ensinar, mandou suspender as aulas, provisoriamente", afirmou.

Na semana passada foi emitida uma ordem do Ministério Público para retirar os alunos do edifício, tendo o reitor da UNTL informado que as aulas deveriam ser retomadas esta semana.

"Deveria ter sido feita uma limpeza e preparadas outras condições, o que ainda não ocorreu, pelo que as aulas voltaram a não ocorrer hoje", disse o decano Eurico Araújo.

"Talvez consigamos retomar as aulas amanhã (terça-feira)", afirmou.

ASP // JPS

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