quinta-feira, 18 de junho de 2015

Poder naval na Ásia tem aumentado significativamente com posturas mais ofensivas


Díli, 16 jun (Lusa) - O poderio naval na Ásia tem registado um aumento significativo nos últimos anos com as doutrinas das várias potências a "evoluírem" de defensivas para ofensivas, permanecendo por resolver várias disputas territoriais, afirmou um especialista timorense.

"Evidencia-se um acréscimo enorme do poderio naval na Ásia. As doutrinas também evoluíram, de defensivas para ofensivas, e mesmo o Japão tem uma com postura cada vez mais ofensiva", afirmou Loro Horta, atual conselheiro da embaixada de Timor-Leste em Pequim.

Horta, que é também e consultor do Centro Regional das Nações Unidas para a Diplomacia Preventiva na Ásia Central (UNRCCA), intervinha numa palestra organizada pelo Instituto de Defesa Nacional (IDN) em Díli e subordinada ao tema "estratégias marítimas na Ásia".

Apesar do aumento do poder naval, e de evidentes tensões, Loro Horta destacou o facto de haver sinais positivos, nomeadamente porque nos últimos anos "conseguiram resolver pacificamente as suas disputas marítimas".

"O maior desafio, porém, continua a ser o nacionalismo que se vê em vários países da região", explicou.

Segundo Loro Horta, a armada norte-americana continua a ser "a mais poderosa na região asiática", com 10 porta-aviões, nucleares, contra um da China e dois da Índia, e 65% de todo o seu dispositivo naval nesta região.

"A presença dos Estados Unidos é uma força positiva que mantém um balanço positivo de forças. A sua retirada seria prejudicial", considerou.

Em resposta ao poder norte-americano, explicou, a China tem apostado fundamentalmente numa estratégia de "guerra assimétrica, ou de guerrilha marítima, usando as fraquezas do inimigo".

Isso implica utilizar os arquipélagos das ilhas para instalar milhares de mísseis de cruzeiro e balísticos, desenvolvendo submarinos e "vedetas missilísticas" para uma "estratégia de enxame".

"É a aposta na saturação do sistema por números e tecnologia. Muitas das ogivas têm varias cabeças, ou podem procurar alvos de forma independente. O objetivo é, a longo prazo, poder desafiar a marinha americana de igual para igual", afirmou.

Para o diretor do IDN, o capitão-de-Mar-e-Guerra Pedro Klamar Fuik (Donanciano Gomes), Timor-Leste também deve olhar cada vez mais para o mar, com uma estratégia de fortalecimento do desenvolvimento económico.

Isso, considerou, obriga a criar uma "consciência nacional sobre o mar", com uma "nova orientação para o projeto do mar como instrumento de identidade nacional multissetorial".

"Timor-Leste não pode estar apenas circunscrito a um setor único, como Estado petrolífero ou como Estado agrícola. Deve afirmar-se também como Estado marítimo", afirmou.

O desenvolvimento de mais infraestruturas marítimas, a resolução de disputas sobre fronteiras marítimas e o desenvolvimento quer da costa norte quer da costa sul da ilha são algumas das prioridades, defendeu.

"A posição geográfica de Timor-Leste é uma oportunidade crucial para o desenvolvimento de Timor-Leste. A questão do mar é estratégica para o fortalecimento e consolidação enquanto estado independente e para o seu futuro", afirmou.

O IDN está a organizar ainda para este ano um ciclo de conferências dedicadas ao tema do mar.

ASP // JPS

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