Macau,
China, 02 fev (Lusa) -- A Academia de Medicina de Macau, uma promessa do
Governo da região para 2016, está ainda em fase de análise, disse hoje o
executivo, que pretende contratar médicos de Portugal e da China para orientar
os formandos.
A
informação foi adiantada na Assembleia Legislativa pelo secretário para os
Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em resposta a uma interpelação do
deputado Chan Iek Lap, que citou informações da Faculdade de Ciências da Saúde
da Universidade de Macau (UM) de que a academia estaria pronta em setembro
deste ano.
Não
comentando a data, Alexis Tam disse que "a função e o enquadramento
específico da Academia de Medicina de Macau encontra-se em análise, daí que
nesta fase atual não podem ser fornecidas as respetivas disciplinas nem pode
ser previsto o número de médicos especialistas a serem formados".
O
secretário, que elevou a saúde à área prioritária da governação e que já
admitiu haver falta de profissionais num território onde não há uma faculdade
de medicina, voltou hoje a sublinhar a importância desta academia, que se
destina a formar médicos especialistas.
A
academia, que vai ser "orientada pelos Serviços de Saúde" a para a
qual serão "contratados médicos com grande experiência clínica de Portugal
e da China para a orientação dos formandos", não vai estar localizada na
UM.
Alexis
Tam voltou a afirmar que o nível salarial oferecido aos médicos nos Serviços de
Saúde é baixo, quando comparado com o praticado na China, "sem falar nos
Estados Unidos e em Hong Kong".
Nesse
sentido, o Governo pretende subir a oferta salarial para conseguir atrair mais
profissionais, tal como foi feito para os professores da UM.
No
inquérito ao emprego de 2014, dos Serviços de Estatística de Macau, a mediana
salarial dos médicos é fixada em 43 mil patacas (cerca de 4.900 euros) e a dos
enfermeiros em 30 mil (cerca de 3.400 euros).
Ainda
no âmbito da saúde, o secretário foi interpelado sobre o transplante de órgãos,
um procedimento que não se realiza em Macau. Em particular, a deputada Ella Lei
quis saber sobre o processo de definição dos critérios de morte cerebral, cuja
ausência está a impedir a colheita de órgãos.
Sobre
isto, o diretor dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion avançou que anualmente se
registam entre 1.500 e 2.000 casos de morte cerebral, ou seja, de potenciais
dadores de órgãos que não se concretizam.
"Normalmente
são vítimas de acidentes de viação", indicou.
Apesar
de, em outubro do ano passado, a Comissão de Ética para as Ciências da Vida de
Macau ter aprovado os critérios e diretrizes que determinam a morte cerebral,
numa reunião em que também discutiu a procriação medicamente assistida, o
Governo afirmou hoje que estes ainda não estamos oficializados, pelo que
"os Serviços de Saúde não têm condições, neste momento, para a prestação
deste serviço".
"Quando
se trata da colheita em cadáveres é preciso ter em conta o conceito de morte
cerebral. Há que ter em conta vários aspetos, éticos, culturais e religiosos.
Os Serviços de Saúde estão a trabalhar em relação às normais no sentido de
produzir o articulado porque ainda verificamos uma certa controvérsia",
disse o secretário.
ISG//
APN
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