quinta-feira, 30 de junho de 2016

Português lamenta demora em ser ouvido pelo Ministério Público timorense


Díli, 29 jun (Lusa) - Tiago Guerra, português retido em Díli por suspeitas de branqueamento de capitais, mas ainda sem acusação formal, manifestou-se hoje "triste" por ter sido ouvido pelo Ministério Público esta semana, só mais de 20 meses depois de ser detido.

"Estou muito triste que tenha demorado mais de 20 meses para que pudéssemos falar e clarificar vários aspetos desta situação", disse à Lusa depois de ter sido ouvido durante mais de sete horas nos últimos três dias.

Ao lado da mulher, Fong Fong, que também foi ouvida, separadamente, durante mais de sete horas e meia esta semana, Tiago Guerra lamentou que só tenha sido ouvido sobre o conjunto de material que a defesa entregou ao Ministério Público, mais de 15 meses depois de os documentos serem entregues.

"Foram mais de 15 meses para que os dados que entregámos pudessem ser falados", explicou.

Sem avançar dados do conteúdo do interrogatório, que permanece como o processo em segredo de justiça, Tiago Guerra disse que esperava que o desenlace do processo se resolva em breve.

"Continuamos com as vidas penduradas e esperamos que isto possa ter um desenlace o mais rapidamente possível", afirmou Tiago Guerra.

"Sinto que a procuradora está confusa com o que tem em mãos e espero que as nossas explicações tenham ajudado. Continuamos disponíveis para clarificar qualquer outra informação que seja necessária", disse Fong Fong.

Tiago Guerra e Fong Fong disseram que o interrogatório foi estruturado, exaustivo, decorreu sem hostilidade e permitiu à defesa clarificar "alguns aspetos importantes do processo" e recordar parte do conteúdo da documentação "significativa" que foi remetida ao Ministério Público em março de 2015.

Tiago Guerra foi detido para interrogatório a 18 de outubro de 2014, passou três dias na esquadra da polícia de Caicoli e a 21 do mesmo mês foi ouvido no Tribunal de Díli, onde o juiz ordenou a sua prisão preventiva, entrando na cadeia de Becora, onde ficou preso até 16 de junho do ano passado.

Desde aí está, como a mulher, com Termo de Identidade e Residência (TIR) e impossibilitado de sair do país.

Em abril, o procurador-geral timorense garantiu à Lusa que o Ministério Público está prestes a terminar a investigação no processo e que entre "agosto e outubro" o caso é arquivado ou segue para julgamento.

"Pedimos informações a outros países, já recebemos respostas a cartas rogatórias de Portugal e Macau, mas estamos à espera de outras diligências para complementar o caso. Esperamos completar a investigação no mês de junho e podemos acusar ou arquivar o processo depois disso. No máximo entre agosto e outubro, dependendo das provas, será acusado ou arquivado", afirmou o responsável do Ministério Público timorense, José Ximenes.

ASP // EL

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