sábado, 19 de novembro de 2016

Julgamento de ex-ministras timorenses retomado no dia 25 de novembro


Díli, 18 nov (Lusa) - O julgamento de duas ex-ministras timorenses deverá ser retomado na próxima semana sem que se saiba se uma das arguidas, a ex-titular das Finanças, Emília Pires, estará ou não de regresso a Timor-Leste depois de tratamentos médicos no estrangeiro.

Emília Pires, que está a ser julgada no mesmo processo com a ex-vice-ministra da Saúde, foi operada a um pé na Austrália no passado dia 05 de novembro e está agora em Portugal "por motivos de saúde", segundo confirmou à Lusa a sua defesa.

A ex-ministra deveria ter regressado a Timor-Leste no final de outubro, depois de uma deslocação ao estrangeiro, em representação do Estado timorense e autorizada pelo Tribunal de Díli.

Durante essa viagem, um problema de saúde antigo agravou-se, segundo a defesa, obrigando à intervenção cirúrgica e a outros cuidados de saúde, pelo que foi solicitado ao Tribunal de Díli uma extensão da autorização para permanência no estrangeiro.

"Está em Portugal por questões de saúde e o tribunal já foi informado disso pela defesa", explicou a fonte.
O julgamento de Emília Pires e Madalena Hanjam já deveria estar visto para sentença mas um adiamento do coletivo de juízes acabou por impedir que a primeira fosse ouvida nas suas declarações finais, por já estar na visita ao estrangeiro.

A defesa já prescindiu do direito a estar presente para as declarações finais - algo em que até aqui o Tribunal de Díli continua a insistir - solicitando que não se atrase a leitura da sentença, que continua por marcar.

O Tribunal de Díli chegou mesmo a dar um prazo de cinco dias a Emília Pires para que voltasse a Timor-Leste, prazo que se esgotou no início de novembro.

Na sessão do próximo dia 25 antecipa-se que o coletivo de juízes se pronuncie sobre várias diligências da defesa incluindo uma, já entregue, a solicitar mais tempo para a legalização dos documentos que confirmam o estado de saúde da arguida.

Quer Pires quer Hanjam continuam a exercer várias funções no Estado timorense, a primeira no âmbito do Grupo G7+ e a segunda como Ordenadora Nacional Adjunta, um serviço integrado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, responsável, entre outras funções, pela ligação do Governo com os parceiros de desenvolvimento.

As duas arguidas têm medidas de coação diferentes sendo que Emília Pires tem Termo Identidade e Residência (TIR) e está proibida de se ausentar do território sem autorização do Tribunal e Madalena Hanjam só tem TIR não tendo que informar o tribunal de saídas do país, exceto se a viagem se prolongar mais que 15 dias.

Fonte da defesa de Hanjam confirmou à Lusa que a arguida se deverá deslocar ao estrangeiro entre 03 e 11 de dezembro depois de uma viagem programada para o início deste mês ter sido impossibilitada devido à decisão da Austrália recusar o visto.

"Apesar de não haver qualquer impedimento, a Austrália recusou dar o visto a Hanjam, alegando que não o dava porque ela estava no meio de um processo judicial. Não é compreensível esta recusa do visto", disse fonte da defesa.

Emília Pires e Madalena Hanjam são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da primeira, com um suposto conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil dólares.

Nas alegações finais, o Ministério Público deu todas as acusações como provadas e pediu penas de prisão de 10 anos para as duas arguidas.

As alegações finais da defesa ficaram marcadas por críticas ao Ministério Público e à forma como o processo foi conduzido desde o início, em 2012.

O julgamento começou há um ano e foram ouvidas dezenas de testemunhas, incluindo os ex-Presidentes Xanana Gusmão e José Ramos-Horta e o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri.

ASP // JPS

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