domingo, 5 de março de 2017

Antigos participantes do Lusitânia Expresso reúnem-se em Lisboa 25 anos depois

Lisboa, 05 mar (Lusa) - Antigos participantes e apoiantes da missão "Paz em Timor", realizada a bordo do Lusitânia Expresso há 25 anos, reúnem-se em Lisboa no próximo sábado, para celebrar a iniciativa, mas também para refletir sobre as grandes causas do futuro.

O encontro, que decorrerá no teatro Thalia, em Lisboa, ocorre exatamente 25 anos depois de o ?ferry-boat' Lusitânia Expresso, transportando a bordo 141 pessoas de 23 nacionalidades diferentes, a maioria estudantes, ter sido obrigado a sair das águas de Timor-Leste pela marinha de guerra indonésia.

A missão "Paz em Timor", liderada pela revista Fórum Estudante, pretendia depositar uma coroa de flores no cemitério de Santa Cruz, em Díli, onde a 12 de novembro de 1991 ocorrera um massacre.

Neste reencontro, pretende-se "criar um momento de celebração dos 25 anos do Lusitânia Expresso e também os 25 anos da Fórum Estudante", disse à Lusa o diretor da missão, Rui Marques.

No entanto, a cerimónia quer ir mais longe: "Procurámos atualizar a reflexão - e se fosse hoje, quais são as principais causas do século XXI?", explicou o organizador.

"Vamos celebrar esta recusa da indiferença, esta recusa do fatalismo de que não há esperança, esta afirmação de que vale a pena lutar por um mundo melhor", sublinhou Rui Marques.

Em 1991/1992, recordou, "os que estiveram no Lusitânia acharam que valia a pena lutar pela independência de Timor-Leste e pela defesa dos direitos humanos dos timorenses" e hoje "vale a pena lutar pela defesa dos direitos humanos dos refugiados, para que aqueles que vivem a sua velhice em profundo isolamento e sem vínculo social possam viver o fim da sua vida com dignidade, pelo combate aos efeitos perversos do desemprego ou por uma maior justiça social em relação a situações de exclusão e de pobreza".

"O apelo é arregaçar mangas e lançar mãos à obra aos desafios do nosso tempo e às causas do nosso tempo, porque mais do que nunca o nosso tempo exige homens e mulheres determinados em construir um mundo melhor", destacou Rui Marques.

Na sessão participarão jovens que se dedicam à intervenção cívica e social, nomeadamente responsáveis do Conselho Nacional de Juventude ou da Plataforma de Apoio aos Refugiados.

"O objetivo é o olhar para o futuro de jovens que têm hoje a idade dos que estavam no Lusitânia Expresso e que acham que podem e devem fazer alguma coisa pelo mundo", referiu.

Haverá também um debate com jornalistas sobre a sua perspetiva sobre as grandes causas, prevendo-se também intervenções da embaixadora timorense em Lisboa, da atual secretária de Estado do Ensino Superior, Fernanda Rollo, e de Nuno Ribeiro da Silva, à época secretário de Estado da Juventude e apoiante da iniciativa.

Rui Marques destacou que participarão também "dois convidados especiais, que, não tendo estado fisicamente no Lusitânia, estiveram muito presentes" na missão - o atual presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, Emílio Rui Vilar, e o jornalista Adelino Gomes.

Os Presidentes da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, enviarão mensagens.

JH // PJA

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