quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Hermenêutica do Discurso Histórico, Explosivo e Decisivo de Xanana Gusmão-Taur Matan Ruak

A Arte de Retórica Política: Uma Hermenêutica do Discurso Histórico, Explosivo e Decisivo de Xanana Gusmão-Taur Matan Ruak

Afmend Sarmento* | opinião

"...reencontrei-me com o meu Irmão que eu tinha perdido", assim, associa-se a retórica a um campo de saber prático ou técnico, ou seja, a arte de proferir discursos eloquentes para cativar a simpatia dos ouvintes. Com este eco de Kayrala Xanana Gusmão, procuremos atravessar os labirintos discursivos, que caracterizam os fenómenos e acontecimentos ocorridos in illo tempore, visa a fazer uma análise crítica ao modo de relacionamento de Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak durante o tempo difícil até a era hodierna.

Passados 15 anos da restauração da independência e a construção do Estado de Direito Democrático pelos fundadores da Nação, constata-se que o modus vivendi  dos timorenses continua a ser o mesmo, não sentindo o sucesso na vida quotidiana da população, assim, o sonho dos founding fathers em criar o summum bonum e  bonum commune para o bem da nação e do povo torna-se meramente uma utopia. Para manter o status quo deste zoon politikon, os líderes antigos começaram a fazer «política romântica». Esta ocorreu entre Xanana Gusmão e Marí Alkatiri, CNRT e Fretilin com o grande apoio do velho amigo José Ramos Horta. O resultado desta política tem o seu culmino com a transferência do poder executivo para o Dr. Rui Maria de Araújo, com a benção: «Tu és o meu filho predilecto, em ti pus todo o meu agrado» (Mc 1, 11; Luc 3, 22). Assim, Dr. Rui torna-se o homo intelligens entre os muitos timorenses deste triunvirato: MA, XG, RH.

Em 2015, depois da tomada de posse do VI Governo Constitucional,  o Jornal Matadalan publicou uma fotografia na qual Xanana está a beijar Taur Matan Ruak, suscitaram-se vários comentários, uma das quias subscreveu: Xanana – Taur Homo? Claro que não é o famoso conceito de homosexualidade, mas liga-se literalmente ao termo Latim «Homo - Homem», no qual se mostra claramente, esta cultura política romântica na nossa história da democracia. Na minha opinião, este beijo surgiu como um acto de profundo agradecimento, não de Xanana para TMR, mas sim do eis Primeiro-Ministro para Presidente da República, por ter aceite o seu pedido de resignação e por ter dado posse ao VI Governo Constitucional. Pode-se afirmar que este é o culmino da sua estratégia política (ver Afmend Sarmento, Changing politics and the politics of change: como uma “Caixa de Pandora”. “Consciência crítica da Nação”, Forum Haksesuk 2015). Acrescentando ainda que todos nós esperamos que este beijo, não seja «o beijo da traição de Judas» (Lc 22, 48; Mt 26, 47-50). Passados alguns tempos este beijo torna-se um verdadeiro beijo de maldição ou uma traição.


Psicológicamente, tem-se observar que a personalidade de Xanana Gusmão caracteriza-se ao tipo humano que eu ousaria denominar como "homo sentimentalis", que pretende convencer os seus adeptos/militantes através do uso dos sentimentos por via da exebição da sua subjetividade. Este sentimento leva muitas vezes ao extremo até que alguns atreveriam a dizer como "homo hystericus" – que segundo a psicanálise é uma neurose complexa caracterizada pela instabilidade emocional. Um exemplo concreto desse sentimento observa-se na consolidação do Movimento Camponezes de Timor-Leste (Mokatil).  Xanana não conseguiu conter as lágrimas perante os camponezes, até alguns tinham dito que são "lágrimas do crocodilo", isto é, as falsas lágrimas.

Enquanto, a personalidade de Taur Matan Ruak é muito frontal, sem receios nem medo para dizer aquilo que vai na alma. E sobretudo, um homem que vive a sua vida, pautando nos valores e princípios – "tenho três princípios que me orientam durante a vida: ser duro, frontal mas honesto, não faço jogadas nas costas das pessoas. Sou muito direto" (ref. Maria Ângela Carrascalão, TAUR MATAN RUAK a Vida pela Independência, 2012, 53). E encarna na sua alma como "um timorense, que gosta de respeitar e ser respeitado", como modelo de civilização, e personifica-se "como um homem cuja missão é Timor" (ref. Maria Ângela Carrascalão, idem, 15), que provou na luta armada durante 24 anos.

Os latinos costumavam empregar a frase "hodie mihi, cras tibi" nas portas do cemitério, para dizer - "hoje para mim, amanhã para ti". Não pretendo fazer aqui alegoria, neste caso único, a cátedra da Presidência da República a um cemitério, mas refere-se ao clima reinante e a situação política que são pari passu, ou seja, com passo igual. A força expressiva desta frase consta-se a sua veracidade nos discursos históricos, explosivos e decisivos de dois Presidentes da República em tempos distantes.

Faremos agora, um exercício de perscrutar os labirintos discursivos apresentados por Taur Matan Ruak (2016) e Xanana Gusmão (2006). O discurso de Taur Matan Ruak  apresentou-se como uma forte  "oposição" em contrapartida ao fenómeno "omnium consensu" praticados nos últimos tempos no Parlamento Nacional por votos de unanimidade.

O discurso proferido foi pautado fundamentalmente em três aspectos, designadamente (1) o reforço da coesão política e social; (2) a questão da exoneração do senhor Chefe Estado-Maior General das Forças Armadas, Sr. Lere Anan Timur; (3) o tipo e o modelo da civilização que estamos a construir no nosso país (ref. Taur Matan Ruak, Discurso Proferido à Nação por Sua Excelência o Presidente da República, Taur Matan Ruak, perante o Parlamento Nacional sobre a Exoneração do Major-General Lere Anan Timur, Díli, 25 Fevereiro, 2016.

Explorando a primeira questão, Taur Matan Ruak questionou profundamente sobre o fenómeno de "usar votos de unanimidade" no o órgão colegial por exelência  que segundo a sua visão "usam-na para poder e privilégio". Criticando também o modelo atual de governação que opta por uma política clássica de "divide et impera", entende-se na expressão utilizada: "o irmão Xanana toma conta de Timor, o irmão Marí toma conta de Oecússe" (ver o Discurso de Taur Matan Ruak), que se torna um verdadeiro "antivírus".

Outro pensamento do Presidente da República que causou o mal-estar entre os três ôrgãos de Estado foi a questão de como "a forma de conduzir Timor e o tipo da civilização que estamos a construir" (ver o Discurso de Taur Matan Ruak). Segundo a ótica de Taur Matan Ruak, o Estado centraliza tudo a volta dele: "as competências, poderes e privilégios", dando margem a construção de classes sociais, que se "transformem milhares de cidadãos timorenses em segunda classe" (ver o Discurso de Taur Matan Ruak). Estes fenómenos já se constituem como um "cancro" que é difícil de curar, por gastar muitos milhões para nada, enquanto o povo continua a viver na miséria e pobreza. Salientando ainda que o próprio Parlamento Nacional também contribui-se para o desperdício da riqueza da nação.

A frase mais comovente e que causa o divisionismo e fraccionismo foi precisamente por ter comparado Xanana ao Soeharto. Porém, se examinarmos com rigor os termos expressos no discurso, por minha deficiência hermenêutica linguística, Taur Matan Ruak, explorando o seu pensamento retórico, transmitindo a informação recebida, que "houve quem viesse falar com o Presidente da República lamentando os benefícios dirigidos aos familiares e amigos dos nossos irmãos Xanana e Marí em contratos com o Estado" (ver o Discurso de Taur Matan Ruak), retomando o exemplo de um maior  ditador da história da humanidade neste Século XX: "Soeharto que foi destruido pela própria família". A referida fórmula se articula efetivamente, no plano lógico, o Presidente da República está a transmitir a mensagem ouvida na sua visita aos sucos ou as audiências atendidas no palácio presidente. Por curiosidade, há uma situação semelhante encontrada no discurso do então Presidente Xanana, aonde transmitiu também as tristezas dos empressários "Presidente, já tenho a licença para a minha empressa mas sofremos pressão para fazer entrar algum dinheiro na Fretilin" (ver o Discurso de Xanana Gusmão ao Povo Amado e Sofredor e aos Líderes e Membros da FRETILIN, in http://timor2006.blogspot.com/2006/06/discurso-de-xanana-gusmo-ao-povo-amado.html, 22 de Junho de 2006).

Perante esta incómoda afirmação, Xanana reagiu e entregou de imediato a Medalha Colar da Ordem de Timor-Leste, que foi condecorado pelo Presidente Taur Matan Ruak. E na sua famosa "Carta Aberta a Emília Pires" assinado com o novo epíteto: Soeharto de Timor.

Terminando o seu discurso, Taur Matan Ruak lançou uma forte crítica aos senhores deputados e membros do Governo que só sabem dizer "yes man" e não construem um pensamento crítico sobre a realidade de Timor, afirmando que  "os novos escravos são aqueles que têm medo de perder o emprego e o seu dinheiro, limitando-se a dizer sim senhor" (ver o Discurso de Taur Matan Ruak).

Esta tensão política perdurou-se no tempo, trazendo na bagagem política até as Campanhas Eleitorais de 2017. Assim, na campanha do Partido CNRT em Zumalai, Xanana Gusmão recusou-se de reconhecer Taur Matan Ruak como seu irmão, chamando ainda indireitamente Taur Matan Ruak como um "bulak" e "beik ten", e deve ser levado a casa de acolhimento em Becora. Assim, para Xanana Gusmão e os inquilinos do P-CNRT, a figura de Taur Matan Ruak é considerada como a "persona non grata". Face a esta afirmação, numa atitude de humildade, Taur Matan Ruak reagiu dizendo que "Maromak bo'ot! Iha tempu susar bolu hau nudar alin, iha tempo di'ak nega hau mat-matak de'it".

Estes ataques políticos foram lançados numa verdadeira "guerra eleitoral", apesar de antes da realização da Campanha Eleitoral de 2017, o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Maijor General Lere Anan Timur, já fazia várias vezes os apelos aos líderes dos partidos para que, no período de campanha eleitoral, não possam insultar uns aos outros, evitando a tendência de minimizar o papel das pessoas no processo de luta pela libertação da pátria. Contudo, observa-se que no palco o "derby" dos três a competir com apresentação dalgumas imagens que não são boas para a nova geração.

É preciso de salientar que no ambiente da política não foi pela primeira vez que Xanana recebeu esta alcunha. Faremos agora um exercício de trazer ao espírito - os latinos chamavam de reminicientia - trata-se os actos de trazer a memória as acções passadas.

A luta contra todos - bellum omnium contra homnes - com todas as suas forças para "saciar" a sua vontade, já se torna uma atitude característica peculiar de Xanana Gusmão e um hábito de  caricaturizar as pessoas, verificam-se nas linguagens ditas ao Lu-Olo e Marí Alkatiri. Assim, o partido histórico Fretilin atravessou um deserto político desde 2006 (ver José Ramos Horta, A Fretilin, Luolo/Alkatiri: a longa travessia do deserto, in Diariu Independente, segunda-feira, 17 jullo 2017, 11 e 15) com a crise, em que Xanana Gusmão foi um dos protagonistas cruciais, com o fim trágico na resignação de Marí Alkatiri do Primeiro-Ministro e deu o estigma da política do "grupo de Maputo" para designar Dr. Marí Alkatiri e os quadros da FRETILIN vindos de Moçambique naquele tempo (Ver o Discurso de Xanana).

São dignas de mencionar mais pormenorizada de que o "efeito" enfrentado por Taur Matan Ruak já foi sentido na pele dos líderes da Fretilin, por um lado,  para o Lu-Olo, disse "quando eu andava como membro do Comite Central da Fretilin, (...), Lu-Olo, estava escondido em Builó", por outro lado, considerou Marí Alkatiri como "criador de coelhos e galos em Maputo" (ver o Discurso de Xanana).

Naquele feliz momento, como Presidente da República queria que o povo fosse tratado com dignidade, utilizando os mesmos argumentos como TMR para se opôr ao Governo de MA: "brincam com o sofrimento do povo, usam o povo para defender a sua cadeira, o seu nome e o seu bolso", e mais adiante acrescentou que "só devem pensar em governar, porque governar dá-lhes tudo, dinheiro, boa casa noutro país, negócios que lhes dão dinheiro...", afirmando veemente ainda que "o Governo continua a governar para tapar todos os buracos na cidade de Dili", e por fim criticando os Deputados do partido Fretilin, bem como da Polícia "...para dar de comer a mulher e filhos, não tem coragem para dizer não"(ver o Discurso de Xanana), tornam-se o escravo  dos detentores do poder.

O então Presidente da República ir mais além, afirmando que o Governo cometeu "crime contra o Estado de Direito Democrático e crime contra povo...", indicando o Chefe do Governo, Marí Alkatiri, como responsável máximo por este caos "pedem responsabilidade ao vosso camarada Marí Alkatiri sobre esta grande crise” (ver o Discurso de Xanana).

Nesta grande crise ou caos, Presidente da República, Xanana Gusmão encontrou um verdadeiro irmão e exclamou "fiquei muito contente porque reencontrei-me com o meu irmão que eu tinha perdido", pois, Taur Matan Ruak, enquanto assumiu o cargo de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas  apontou o erro do Governo de submeter a força FFDTL à Fretilin.

Este jogo político vem acontecendo com contra-ataques fortemente conduzido por partido Fretilin nos anos seguintes. Em 2007, o partido Fretilin considerava Xanana como o "Primeiro-Ministro de Facto" e o AMP como "Governo Inconstitucional". Em 2010, o deputado Arsénio Paixão Bano teve a coragem de comparar Xanana Gusmão com Soeharto: "O Primeiro-Ministro de facto tem-se comportado mais como o ditador Soeharto, que é um herói apologista sem retraimento do desenvolvimento económico nacional. Então, é de admirar que ele não tem a coragem moral ou política, para se referir à prova em relação à matéria de tráfico de influência..." (Arsenio Bano, Comunicado-Imprensa: O Primeiro-Ministro de Timor-Leste deve agir sobre o conhecimento oficial da corrupção, in http://fretilinmedia.blogspot.com/2010/01/fretilinmedia-comunicado-imprensa.html, 20 de janeiro de 2010). Posteriormente, em 2012, Marí Alkatiri não hesitou em aclamar na sua intrevista que "Xanana é o maior corruptor deste país, porque quem corrompe as mentes é o maior corruptor de todos" (ref. Marí Alkatiri, Intrevista:  Xanana é o maior corruptor deste País, in https://ionline.sapo.pt/460167, 17 de março de 2012).  

Por coincidência ou por ironia do destino, passados dez anos depois, Taur Matan Ruak retribuiu o mesmo que Xanana tinha dito ao Marí Alkatiri em 2006. Nessa coincidência entre locus e imago, depois de dois mandatos a "reinar", constata-se que se privilegia mais o interesse pessoal e partidário do que o interesse nacional, Taur Matan Ruak, sem receios nem medo, voltou a tocar na mesma "ferida".

Onde está o "pomo da discórdia?” Está no célebre discurso de Taur Matan Ruak no Parlamento Nacional. A causa do mal-estar está no facto de que Taur Matan Ruak enquanto Presidente da República, utilizou o Parlamento Nacional para proferir o discurso à Nação, aproveitando para apontar os erros cometidos na governação de Xanana. Enquanto Arsénio Paixão Bano foi então apenas um simples deputado e Marí Alkatiri foi apenas o presidente do partido Fretilin.

A escritora australiana, Sarah Niner apontou que "em Agosto de 2000, marcou o início do afastamento entre a Fretilin e Xanana que viria a estabelecer a base para uma política partidária competitiva" (Sarah Niner, Xanana - uma biografia Política, 2011, 256). O atmosfera do pós-referendum sofreu uma "rápida mudança de atmosfera da euforia de independência para facciosismo e divisão" (Sarah Niner, idem, 256), começou-se com a exigência do partido Fretilin e UDT para dissolver o CNRT/CP para dar mais o envolvimento aos partidos políticos na construção do país (ref. Dionisio da Costa Babo Soares, Branching From the Trunk: East Timor Perceptions of Nationalism in Transition, Tese de Doutoramento, The Australian National University, Decembro 2003, 170-175).  Esta competição entre Xanana-Alkatiri tem o seu culminar em 2013 com o abençoado ZEESM. Em 2015 cedeu o seu locus poderoso ao Dr. Rui Maria de Araújo.  Finalmente, em 2017 levou o Lu-Olo a ocupar o Palácio de Aitarak Laran e o seu próprio partido sofreu a derrota na Eleição Parlamentar de 2017. Doutra forma, Taur Matan Ruak e o PLP enfrentará este "deserto político" como bem passado por partido histórico Fretilin e Marí Alkatiri, de 2007-2012.

A probabilidade dos políticos optarem por permanecer no poder pareceria inevitável. Karl Marx disse que “a religião é o ópio do povo”, da mesma forma que, durante o periódo de campanha eleitoral, os partidos políticos tornam-se "o ópio do povo", um "magnetismo"; que atrai toda a atenção do povo, embebidos nesta atração, todo o povo se esqueceu a "feliz promessa" dos anos anteriores. Foram maravilhados com as palavras de “insultos” entre Xanana-Taur-Alkatiri que não são verdadeiras, apenas uma pura emissão fonética-"flatus vocis"-enfatiza-las para cativar a simpatia e adesão dos "semper fidelis" (sempre fiéis) militantes e simpatizantes, visa a ganhar a confiança do povo através do seu voto nas urnas.  Já lá foram os tempos para o insulto mas também o momento da euforia de uma festa da democracia, que culminou com a vitória tão almejada por alguns e derrotas sofridas para os outros. Agora, todos em unísono lutam para a prima causa do desenvolvimento nacional.

Em gesto conclusivo, todos os timorenses desejam que, por um lado,  o eis Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas e o eis Presidente da República (2012-2017), Taur Matan Ruak se reconheça por mea culpa; tu continuarás a ser "O nosso irmão velho Xanana era como o arquitecto, ou o construtor" (Sarah Niner, idem, 76), desta sagrada obra de Ukun- Rasik-An, para dignificar o "juramento de sangue que fez com outros guerrilheiros das Falintil" (Sarah Niner, idem, 259) no momento difícil de luta armada, com intuito de honrar todos os mártires tombados na guerra “para não cospiam por cima das campas deles” (ver o Discurso de Xanana), pois todos deram a sua vida para a libertação desta pátria, "Kayrala Xanana Gusmão (...) Lutamos e sofremos juntos, vivemos as lágrimas  das vitórias e das derrotas juntos, ensinámos e aprendermos juntos, vivemos o sabor da vitória juntos (...). Fizemos planos, expressámos desejos e sonhos... e fizemos um juramento. Jurámos fidelidade ao nosso Povo, à nossa Pátria e à razão porque lutávamos, jurámos iniciar um percurso interior dentro de cada um de nós para não ambicionar o poder nem exercê-lo (...). Só nós conhecemos o verdadeiro significado desse juramento, o vínculo inquebrantável que então estabelecemos entre nós" (ref. Maria Ângela Carrascalão, idem, 531). Que ainda brota no fundo do coração este anseio "a nossa Pátria ainda necessita de Kayrala Xanana Gusmão, o Povo ainda necessita da liderança, da visão... e do carinho do nosso Maun Bo'ot!" (ref. Maria Ângela Carrascalão, idem, 532)

Por outro lado, o Comandante em Chefe das Falintil, o eis Presidente da República (2002-2007), o eis Primeiro-Ministro (2007-2015), Kayrala Xanana Gusmão, em bona fide, de braços abertos volta a abraçar de novo o seu irmão mais novo, dizendo:" fiquei muito contente porque reencontrei-me com o meu Irmão que eu tinha perdido” (ver o Discurso de Xanana), para ambos como líderes visionários a construir a pólis,  como bem enfatiza por Xanana "O nosso maior inimigo é a indiferença" (Sarah Niner, idem, 108).

Em suma, optar por um partido político é um dever cívico de cada cidadão, mas para desenvolver Timor-Leste é uma responsabilidade de todos os timoreses. Nesta ótica, Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak, Lu-Olo, Marí Alkatiri e Ramos Horta, constituem uma vis representative - uma força de representação daquilo que é “ser timorense”, naturalmente, eles se diferenciam na ideia de como conduzir o país, mas todos têm uma meta comum: desenvolver e defender esta sagrada obra de Ukun-Rasik-An, pois, já cumpriram a missão de libertar a pátria, agora o povo continua a depositar nos ombros dos três a sagrada missão de libertar o povo da miseria e pobreza.

*Opinião pessoal do cidadão da aldeia Cassamou, suco Seloi Craic, Município Aileu

Bibliografia
CARRASCALÃO, Maria Ângela, TAUR MATAN RUAK a Vida pela Independência, Lidel, Lisboa 2012.
NINER, Sarah, Xanana - uma biografia Política, Dom Quixote, Alfragide 2011.
SOARES, Dionisio da Costa Babo, Branching from the Trunk: East Timor Perceptions of Nationalism in Transition, Tese de Doutoramento, The Australian National University, Decembro 2003.
Afmend Sarmento, Changing politics and the politics of change: como uma “Caixa de Pandora”. “Consciência crítica da Nação”, Forum Haksesuk 2015 in http://forum-haksesuk.blogspot.com/2015/05/changing-politics-and-politics-of.html, acessado em 25 de junho de 2017.
Arsenio Paixão Bano, Comunicado-Imprensa: O Primeiro-Ministro de Timor-Leste deve agir sobre o conhecimento oficial da corrupção, in http://fretilinmedia.blogspot.com/2010/01/fretilinmedia-comunicado-imprensa.html, acessado em 25 de junho de 2017.
José Ramos Horta, A Fretilin, Luolo/Alkatiri: a longa travessia do deserto, in Diariu Independente, segunda-feira, 17 jullo 2017.
Marí Alkatiri, Intrevista:  Xanana é o maior corruptor deste País, in https://ionline.sapo.pt/460167, 17 de março de 2012, acessado em 25 de junho de 2017.
Taur Matan Ruak, O Discurso Proferido à Nação Por Sua Excelência O Presidente da República, Taur Matan Ruak, Perante o Parlamento Nacional sobre a Exoneração do Major-General Lere Anan Timur, Díli, 25 Fevereiro 2016, in https://aitaraklaranlive.wordpress.com/2016/02/26/traducao-da-transcricao-do-discurso-proferido-ao-nacao-por-sua-excelencia-o-presidente-da-republica-taur-matan-ruak-perante-o-parlamento-nacional-sobre-a-exoneracao-do-major-general-lere-anan-timur-2/., acessado em 25 de junho de 2017.
Xanana Gusmão, O Discurso de Xanana Gusmão ao Povo Amado e Sofredor e aos Líderes e Membros da FRETILIN, Díli, 22 Julho 2006, in http://timor2006.blogspot.com/2006/06/discurso-de-xanana-gusmo-ao-povo-amado.html, acessado em 25 de junho de 2017. 

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