Sydney, 03 mar (Lusa) -- As
conselheiras das Comunidades Portuguesas na Austrália vão tentar obter apoios
adicionais para o ensino do português durante a visita ao país do secretário de
Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
O governante português começa no
domingo em Sydney uma visita de mais de uma semana a Austrália e Nova Zelândia,
acompanhado do presidente do Instituto Camões, Luís Faro Ramos.
Silvia Renda, uma das duas
conselheiras das Comunidades Portuguesas na Austrália, disse à Lusa que a
presença de Luís Faro Ramos na comitiva torna o debate sobre esse assunto ainda
mais oportuno.
"Tem havido muito trabalho
em relação ao ensino e em alguns casos é um trabalho que vem de há muito anos,
mas há necessidade de ampliar os apoios. Estamos longe de tudo, o país é grande
e os desafios são grandes", disse à Lusa a conselheira pelo estado de
Victoria.
"É uma oportunidade para
falar diretamente com o presidente do Camões sobre estes desafios. Precisamos
de ter mais contactos dos alunos com material e até com escritores que, por
exemplo, visitam Nova Gales do Sul, mas depois não chegam a outros locais do
país", referiu.
Silvia Renda falava à Lusa na
véspera do arranque de uma visita durante a qual vão ser assinados protocolos
de cooperação com dois municípios australianos, com envolvimento de associações
portuguesas na Austrália, para reforçar a integração institucional e a
capacidade de intervenção em áreas como a educação, a cultura e o apoio social.
Os protocolos com Inner West
Sydney e Melbourne, os dois primeiros estabelecidos pelo Ministério dos
Negócios Estrangeiros fora da União Europeia, destinam-se a "abrir as
instituições locais ao movimento associativo, tendo em vista promover a
cultura, a dinamização do apoio social ao movimento associativo", explicou
José Luís Carneiro.
Durante o encontro com o
secretário de Estado, as conselheiras das Comunidades esperam ainda falar de
aspetos como a necessidade de ampliar iniciativas de apoio social para uma
comunidade "cada vez mais envelhecida" como é a portuguesa na
Austrália.
"Também aqui o maior
problema é espaço. Há bons projetos, boas iniciativas, como a do Welfare Center
em Sydney, mas para as conseguirmos transportar para outros Estados tem de
haver mais investimento, mais ajuda", afirmou.
As grandes distâncias no país são
um desafio para o trabalho do Conselho da Comunidades, com as conselheiras sem
orçamento para visitar os vários Estados, incluindo à Austrália Oriental onde
"a comunidade está sem apoio consular".
Silvia Renda considerou ainda que
a visita à Austrália pode ser uma oportunidade para recomeçar as negociações
com Camberra de um acordo reciproco de saúde.
"Neste momento não temos
isso, o que significa que pessoas que viajem temporariamente para a Austrália
têm de obter seguro ou arriscam-se a ficar em situações difíceis",
afirmou.
"Sabemos que há acordos
parecidos com outros países, o turismo para cá está a aumentar e o acordo
recíproco beneficiaria os dois países", considerou.
Durante a visita serão
homenageados, com a entrega da Medalha de Mérito das Comunidades, dois cidadãos
portugueses radicados na Austrália, Graciete Ferreira e José Manuel de Góis e
será também atribuída a Placa de Mérito das Comunidades ao Museu Etnográfico
Português da Austrália.
A deslocação contemplará, por
fim, a realização de uma reunião do Conselho Regional da Ásia e Oceânia do
Conselho das Comunidades Portuguesas.
A eleição anual para o conselho
regional das Comunidades Portuguesas na Ásia e Oceânia e a aprovação do
relatório de atividades de 2017 e do plano de atividades para este ano dominam
a agenda do encontro, presidido pela conselheira Rita Santos.
O Conselho das Comunidades
Portuguesas tem atualmente 65 membros. O Brasil é o país que elegeu mais
conselheiros, 13 no total, seguido por França, com dez conselheiros, Estados
Unidos (sete), Venezuela (seis) e Alemanha, África do Sul e Suíça, com quatro
conselheiros cada.
O CCP reúne-se anualmente em
Lisboa e é o órgão consultivo do Governo para as políticas relativas às
comunidades portuguesas, competindo-lhe, em geral, emitir pareceres, produzir
informações e formular propostas e recomendações sobre as matérias que respeitem
aos portugueses residentes no estrangeiro e ao desenvolvimento da presença
portuguesa no mundo.
ASP/EJ // FPA
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