Díli, 21 abr (Lusa) - O
Presidente timorense pediu hoje aos líderes políticos para debaterem com
"serenidade e seriedade" os seus programas para o país, evitando
insultos e a "deturpação da história" no período de campanha para as
legislativas antecipadas de 12 de maio.
"O tempo de campanha não
pode ser usado para o insulto e para a deturpação da história, a distorção do
nosso passado", disse Francisco Guterres Lu-Olo numa mensagem em vídeo
para o país, a cujo conteúdo a Lusa teve hoje acesso.
"O passado não pode ser
esquecido. Respeitar o passado, ser fiel à História é lançar bases para o
futuro que não se constrói com a mentira e a falsidade. É tempo de discutir com
seriedade e serenidade o futuro. Sem ódio nem necessidade de ajustar as contas
do passado", defende o Presidente.
Lu-Olo recorda o "exemplo
notável" dos veteranos da luta do país contra a ocupação indonésia e pela
independência, sublinhando que as suas "qualidades morais [e]
humanas" devem ser "um exemplo para os jovens, se estiverem à altura
da dignidade do seu passado".
Apesar de satisfeito com "o
clima de tranquilidade e calma reinantes" na primeira semana da campanha,
Lu-Olo refere-se à tensão política que tem marcado os comícios e as ações
políticas, com críticas e ataques diretos a líderes nacionais e intensas
referências a momentos do passado da luta contra a ocupação indonésia.
"O tempo de campanha deve
ser uma oportunidade para olharmos para o futuro. Deve ser o tempo para
apresentar as nossas ideias, as nossas linhas de ação, os nossos programas
políticos", afirma o chefe de Estado.
"As nossas cidadãs e os
nossos cidadãos querem ouvir ideias e não querem ouvir insultos entre
dirigentes políticos. Os nossos jovens querem ser educados na democracia e no
debate. Não querem ser educados na demagogia e no insulto.
Reiterando apelos que deixou
antes da campanha, Lu-Olo defendeu que os partidos e coligações candidatas ao
voto devem aproveitar a campanha para apresentar os seus programas, evitando os
ataques pessoais.
"O insulto rebaixa quem se
serve dele e em nada ajuda o nosso povo, no caminho para democracia e para a
cidadania responsável. Apelo ao respeito pelo Pacto que os dirigentes políticos
assinaram", afirmou.
"A moderação é uma exigência
da campanha política. A palavra delicada revela respeito para connosco
próprios, para com os nossos adversários políticos e sobretudo para com o nosso
povo", insistiu.
O apelo surge em plena campanha
eleitoral, que tem sido marcada por críticas e insultos pessoais, tanto em
comícios e ações de campanha como nas redes sociais.
Muitos dos comentários referem-se
ao passado da luta contra a ocupação indonésia e pela independência de
Timor-Leste, com tentativas de alguns dirigentes de politizarem os diferentes
braços da resistência: armada, clandestina e diplomática.
Militantes de algumas forças
políticas promovem a ideia de que o voto de 12 de maio coloca em confronto a
frente armada - com Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak - e a frente diplomática -
com Mari Alkatiri e José Ramos-Horta.
Na sexta-feira, a Associação dos
Antigos Prisioneiros Políticos (ASSEPOL) timorenses já tinha também apelado aos
líderes políticos para evitarem o tom de "confrontação" que tem
marcado a campanha, pedindo "respeito mútuo" entre os partidos.
ASP // FPA
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