Nações Unidas, 21 dez (Lusa) - As
Nações Unidas (ONU) declararam hoje de forma unânime que não aceitam outro
adiamento das eleições legislativas na Guiné-Bissau, marcadas para 10 de março,
lamentando os consecutivos atrasos do processo eleitoral.
O Conselho de Segurança da ONU
discutiu hoje, em Nova
Iorque , a situação na Guiné-Bissau, um dia depois do anúncio
do Presidente do país da data de 10 de março para as eleições, acolhida pela
comunidade internacional como a última data aceitável para as promessas de
renovação do governo.
O órgão da ONU, constituído por
15 Estados-membros, expressou as crescentes expectativas internacionais de
reformas políticas indispensáveis para a estabilidade de Bissau, frustradas
pelo cancelamento das eleições a 18 de novembro e pela ultrapassagem da data
recomendada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)
de eleições até final de janeiro de 2019.
O secretário-geral adjunto da ONU
para assuntos políticos, Tayé-Brook Zerihoun, e o presidente da Configuração
para Guiné-Bissau na Comissão de Consolidação da Paz, o brasileiro Mauro
Vieira, afirmaram que não será justificável mais algum atraso, já que o país
conseguiu o registo de 95% dos eleitores este mês e recebeu fundos e 'kits' da
comunidade internacional para a realização das eleições, para as quais
contribuíram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Portugal,
além de outras instituições internacionais.
Mauro Vieira referiu que cerca de
8,6 milhões de euros foram reunidos num fundo internacional para as eleições
guineenses, entre os quais um milhão de euros vindos de Portugal e 412 mil
euros de Timor-Leste.
Quanto ao relatório do
secretário-geral que recomenda a dissolução da missão da ONU para consolidação
da paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), no espaço de dois anos, divulgado este mês,
os Estados-membros disseram que a reconfiguração da missão precisará de novas
prioridades, coordenadas com a fase de transição para a nova constituição
governativa do país.
"A experiência mostra que,
na ausência de uma reforma nacional, a UNIOGBIS por si só não contribui para
uma paz e desenvolvimento sustentáveis do país", declarou o
secretário-geral adjunto para assuntos políticos.
A implementação integral do
Acordo de Conacri, que visa o fim do impasse político e realização de eleições
livres e justas, continua a ser imperativa aos olhos da ONU.
O presidente da Configuração para
Guiné-Bissau na Comissão de Consolidação da Paz, Mauro Vieira, disse ainda ter
tido conhecimento, em conversas informais com responsáveis do Fundo Monetário
Internacional (FMI), que a contribuição do país nas conversações com esta
instituição internacional é insatisfatória e insuficiente, razão pela qual
ainda não foi concluído um acordo entre as duas partes.
O Banco Mundial também expressou
a Mauro Vieira preocupação pelo desempenho económico negativo de Guiné-Bissau,
devido a eventos recentes como greves nacionais, especialmente no setor da
educação, no qual o Estado está com uma dívida acumulada de 7,8 milhões de
dólares para o pagamento de 18 meses de salários aos professores.
EYL // JH
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