Díli, 21 mai 2019 (Lusa) -- As
remessas de imigrantes estrangeiros residentes em Timor-Leste enviadas para o
estrangeiro foram, no ano passado, mais do triplo das remessas que timorenses
no exterior enviaram para o seu país, segundo um relatório do Banco Mundial.
Em concreto, o relatório
económico semestral do Banco Mundial sobre Timor-Leste refere que os
trabalhadores timorenses no estrangeiro enviaram para as suas famílias cerca de
91 milhões de dólares no ano passado.
No sentido inverso, porém,
trabalhadores estrangeiros em Timor-Leste, muitos deles da região da Ásia,
enviaram para fora do país um total de 283 milhões de dólares no ano passado.
As remessas de trabalhadores
timorenses -- que rondam uma média de cerca de 250 mil dólares por dia -- são
hoje a principal fonte de receita para muitas famílias timorenses que, por
isso, apostam no envio de jovens para trabalhar fora do país.
Isso leva a que continue a haver
um fluxo diário grande de jovens que vão à Embaixada de Portugal em Díli no
intuito de tratar da sua nacionalidade -- a que podem aceder todos os
timorenses que tenham nascido antes de 20 de maio de 2002.
Um estudo do ano passado sobre o
mercado laboral em Timor-Leste feito pelos académicos Brett Inder e Katy
Cornwell, do Centro para Economia de Desenvolvimento e Sustentabilidade, da
universidade australiana Monash, mostra a importância das remessas.
O impacto da emigração timorense
é também analisado num artigo do investigador Richard Curtin, do Development
Policy Centre, da Universidade Nacional Australiana.
Só em 2017, referem esses
estudos, foram feitas mais de 85 mil transferências para Timor-Leste, o que
tornou a mão de obra "a maior exportação" do país, à frente do café,
com receitas anuais entre 10 e 20 milhões de dólares, ou do turismo, com
receitas de 15 milhões.
O valor é especialmente
significativo num país onde o salário mínimo é de cerca de 125 dólares (100
euros) por mês e fora do Estado continua a haver oportunidades muito limitadas
de trabalho.
O maior volume de remessas tem
origem no Reino Unido - onde as transferências médias rondaram os 401 dólares
(324 euros).
Estima-se que estejam no Reino
Unido entre 16 mil e 19 mil timorenses, todos com passaporte português, a
trabalhar principalmente em fábricas, armazéns e na limpeza.
Igualmente significativas são as
remessas da Coreia do Sul, onde milhares de timorenses estão a trabalhar no
âmbito de um programa bilateral de apoio ao trabalho.
Seguem-se remessas da Austrália
com uma média de 448 dólares (362 euros) por transferência.
ASP // PJA
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