Banguecoque, 14 ago 2020 (Lusa)
-- Os estudantes tailandeses continuam a desafiar as autoridades ao realizar
manifestações proibidas e mantêm a intenção de continuar os protestos no
domingo, depois de hoje ter sido detido um dos ativistas pró-democracia mais
proeminente do país.
Cerca de 1.000 alunos reuniram-se
hoje num espaço do 'campus' da Universidade Chulalongkorn, no centro de
Banguecoque, para pedir uma nova Constituição, a renúncia do Governo, a reforma
da monarquia e o fim da intimidação aos críticos, depois de Parit 'Pinguim'
Chiwarak, uma das figuras do movimento pró-democracia, ter sido detido hoje
pelas autoridades.
A manifestação foi proibida pela
universidade, que disse permitir reuniões políticas não violentas, mas que o
aviso da realização da mesma foi feito com pouca antecedência para garantir a
segurança.
Os organizadores do protesto
anunciaram que seguiriam em frente com o evento de qualquer maneira, mesmo
que os participantes fossem ameaçados com uma possível punição.
"Estamos fartos da ditadura,
das vozes populares serem ignoradas, dos ativistas perseguidos pelas
autoridades, dos desaparecimentos forçados, do governo alinhar com os
capitalistas, deixando o resto do povo a sofrer, a lei não ser aplicada às
elites connosco, as pessoas sem qualquer tipo de poder", afirmou Sirin
Mungchareon, um dos participantes.
O vídeo da detenção de 'Pinguim',
líder da União de Estudantes Tailandeses, foi transmitido ao vivo pela rede
social Facebook, numa altura em que o ativista se deslocava de carro para
uma manifestação, e mostra um polícia a ler as acusações antes de o colocar num
carro, o que gerou uma onda de solidariedade nas redes sociais, especialmente
na rede social Twitter, sob o 'hashtag' #SaveParit.
Esta é a terceira prisão de um
ativista numa semana, depois das de um advogado e outro líder estudantil, a 07
de agosto, ambos libertados sob fiança 24 horas depois, e sobre os quais
impendem 10 acusações, incluindo sedição e violação da lei de emergência
sanitária.
Os protestos têm ganho força há
várias semanas, mas assumiram um rumo polémico na segunda-feira, quando alguns
palestrantes de outra universidade a norte de Banguecoque criticaram
abertamente aspetos da monarquia constitucional da Tailândia.
A abertura desse desafio aquilo
que é a instituição mais venerada do país enviou ondas de choque por toda a
Tailândia, onde a monarquia é protegida por uma lei draconiana de
difamação que acarreta uma pena de até 15 anos de prisão.
AXYG // EL
Sem comentários:
Enviar um comentário