Macau,
China, 06 dez (Lusa) -- Duas décadas após a inauguração do aeroporto de Macau,
só a TAP realizou voos de longo curso de e para o território, mas apenas
durante 30 meses, uma realidade que o diretor da infraestrutura disse ser
difícil inverter.
"Quisemos
atrair voos internacionais [de longo curso] mas é muito difícil, normalmente
[as companhias] têm tendência para procurar 'placas giratórias' regionais
capazes de gerar tráfico para rentabilizar as rotas. Não é o nosso caso, somos
um aeroporto muito pequeno. Os voos de longo curso são bem-vindos, mas não
temos tido grande sucesso", disse o diretor do Aeroporto Internacional de
Macau, António Barros, em entrevista à Lusa.
"Já
houve e tem havido contactos com vários destinos e agências, estudos de mercado,
mas o transporte aéreo é um negócio e ninguém vai operar se não tiver
lucros", acrescentou.
Ainda
assim, o diretor do aeroporto, inaugurado a 08 de dezembro de 1995, disse
acreditar que "com um bom estudo de mercado e uma boa política de
marketing" seria possível a TAP regressar à região, onde operou até 1998,
abandonando a rota por falta de rentabilidade.
Nos
anos 1990, quando Portugal projetava a sua grande obra e o legado que deixaria
antes da transferência de Macau para a China, eram muitas as expetativas, mas
também as dúvidas.
Acreditava-se
que o aeroporto seria indispensável para assegurar uma certa autonomia de Macau
e, além desse valor estratégico, era apresentado como uma alternativa a Hong
Kong, onde o aeroporto Kai Tak estava saturado -- o novo, o Chek Lap Kok, só
foi inaugurado em 1998.
Mas
também havia céticos e, em 1992, companhias aéreas regionais mostravam-se
pessimistas quanto à viabilidade do aeroporto, tendo em conta, além de Hong
Kong, a existência do aeroporto de Cantão e de outro projetado para Shenzhen, a
que mais tarde se juntou o de Zhuhai.
Para
António Barros, a realidade veio contradizer as duas leituras. Com o terminal
do aeroporto prestes a atingir o seu limite de seis milhões de passageiros, o
diretor não tem dúvidas de que foi "uma aposta acertada".
"Quando
cheguei a Macau havia muita gente cética sobre o aeroporto. Penso que todos os
que acharam que ia ser viável acertaram na previsão", defendeu.
No
entanto, Hong Kong não é, nem nunca foi, visto como concorrência: "Algumas
'low cost' preferem operar em Macau, mas Hong Kong é uma plataforma giratória,
um 'hub' internacional. Temos um posicionamento diferente no mercado",
afirmou.
António
Barros admitiu que o aeroporto de Macau tem hoje, sobretudo, um foco regional,
mas rejeitou o entendimento do antigo diretor José Carlos Angeja de que
acabaria por desaparecer com o avançar da integração regional, ideia que
defendeu numa entrevista à Lusa em 2011.
"O
tráfego e o crescimento que o aeroporto tem tido dizem precisamente o
contrário, que este aeroporto é um bem público muito importante para a economia
de Macau e é possível que chegue a operar 15 milhões de passageiros num futuro
próximo, em cerca de 15 anos", afirmou.
"Como
sabemos que vamos atingir os seis milhões [de passageiros] e o aeroporto vai
ficar muito congestionado, começou-se o projeto de expansão do terminal e
espera-se que as obras terminem em 2017. Vai permitir aumentar a capacidade
para 7,4 a 7,8 milhões", explicou.
O
diretor do aeroporto prevê que este ano a estrutura volte a atingir o valor
recorde de passageiros que conseguiu em 2007: 5,5 milhões. Isto significa que
Macau demorou oito anos a recuperar do início dos voos diretos entre a China e
Taiwan, ferindo o grande mercado da cidade.
Segundo
Barros, em 2008, ano em que essa ligação começou, o aeroporto sofreu uma quebra
de 7,3% no volume de passageiros. Em 2009 a descida foi de 16,6%, em 2010
baixou para 4% e em 2011 foi 0,8%. Desde então, tem subido.
Para
o diretor, foi a introdução das companhias de baixo custo, em 2004, que impediu
que o golpe fosse mais duro.
Agora,
o aeroporto, que conta com duas dezenas de ligações à China, três a Taiwan e 16
ao sudeste asiático, depois de já ter até tido ligações à Coreia do Norte, olha
para os voos de médio curso, para destinos como a Indonésia ou a Índia.
ISG
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