Macau,
China, 10 jul (Lusa) - O presidente da Associação de Médicos de Língua
Portuguesa de Macau disse hoje acreditar que a falta de clínicos em algumas
especialidades na região será resolvida a curto e médio prazo e propôs
alterações no plano vacinação local.
Jorge
Sales Marques afirmou que "continua a haver" no hospital público de
Macau falta de profissionais em algumas especialidades, sobretudo cirúrgicas,
"que precisavam de ser reforçadas".
"Penso
que a curto e médio prazo irá ser resolvido. Se isto será ou não com
portugueses, o que interessa, na minha opinião, é que sejam médicos de
qualidade acima da média, que sejam médicos que consigam melhorar o apoio e a
assistência médica aqui em Macau", disse aos jornalistas, à margem de uma
conferência organizada pela associação, dedicada à pediatria.
Esta
foi a primeira de quatro conferências que a Associação de Médicos de Língua
Portuguesa de Macau vai organizar este ano e a primeira promovida pela atual
direção, presidida pelo pediatra Jorge Sales Marques e eleita em janeiro
passado.
O
presidente da associação disse que vai propor aos Serviços de Saúde do Governo
de Macau pequenas alterações ao plano de vacinação, com base "no que se
faz hoje internacionalmente".
Uma
dessas propostas é que a vacina do HPV (o vírus que provoca o cancro do colo do
útero) passe a abranger também os rapazes e comece a ser administrada mais
cedo, aos nove anos. Atualmente, as raparigas recebem a primeira dose aos 11
anos.
Jorge
Sales Marques vai ainda propor que a vacina antipneumocócica (que previne
infeções graves) passe a ser administrada em menos doses (passando de quatro
para três), que a vacina do rotavírus (responsável por gastroenterites agudas)
passe a integrar o plano de vacinação de Macau e que a vacina da meningite B
seja administrada a crianças que viajam para determinadas zonas do mundo.
Segundo o médico, em Macau, a bactéria da meningite B "não é prevalente".
Além
da vacinação, a conferência de hoje contou ainda com apresentações sobre o
défice de atenção e a hiperatividade e sobre os distúrbios alimentares nas
crianças e adolescentes.
Jorge
Sales Marques realçou que a pediatria em Macau "está de boa saúde".
As
próximas conferências organizadas pela Associação de Médicos de Língua
Portuguesa de Macau serão em setembro e novembro e terão como temas os riscos e
os benefícios do sol, o uso de medicamentos e a diabetes.
Segundo
dados oficiais conhecidos em maio, havia 1.674 médicos em Macau no final de
2015, 2,6 por cada mil habitantes, abaixo da média da OCDE (3,2 por mil
habitantes), mas acima da média dos países e regiões da Ásia (1,2).
Em
maio do ano passado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo
de Macau, Alexis Tam, disse que o território precisava de 2.640 profissionais
de saúde nos próximos cinco anos, incluindo quase 500 médicos.
Em
dezembro, Alexis Tam disse que no ano passado foram recrutados 529
profissionais de Saúde, incluindo 60 médicos e 188 enfermeiros. E acrescentou a
intenção de contratar mais 300 médicos e enfermeiros.
O
secretário adiantou que o recrutamento ia ser feito dando prioridade ao mercado
de Macau, e que, de acordo com as necessidades de mão-de-obra, será estendido
ao interior da China, Hong Kong, Taiwan e Portugal.
"Todas
estas entidades já manifestaram vontade de colaborar com Macau, em
disponibilizar os recursos humanos especializados" para a região,
acrescentou.
O
secretário para os Assuntos Sociais e Cultura reconheceu que "há
insuficiência de recursos humanos no hospital público" e que perante o
aumento da população e visitantes há "necessidade de continuar a
contratar" pessoal médico.
MP
(ISG/FV) // CSJ
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