segunda-feira, 11 de julho de 2016

Falta de médicos em Macau será resolvida no curto ou médio prazo - associação


Macau, China, 10 jul (Lusa) - O presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau disse hoje acreditar que a falta de clínicos em algumas especialidades na região será resolvida a curto e médio prazo e propôs alterações no plano vacinação local.

Jorge Sales Marques afirmou que "continua a haver" no hospital público de Macau falta de profissionais em algumas especialidades, sobretudo cirúrgicas, "que precisavam de ser reforçadas".

"Penso que a curto e médio prazo irá ser resolvido. Se isto será ou não com portugueses, o que interessa, na minha opinião, é que sejam médicos de qualidade acima da média, que sejam médicos que consigam melhorar o apoio e a assistência médica aqui em Macau", disse aos jornalistas, à margem de uma conferência organizada pela associação, dedicada à pediatria.

Esta foi a primeira de quatro conferências que a Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau vai organizar este ano e a primeira promovida pela atual direção, presidida pelo pediatra Jorge Sales Marques e eleita em janeiro passado.

O presidente da associação disse que vai propor aos Serviços de Saúde do Governo de Macau pequenas alterações ao plano de vacinação, com base "no que se faz hoje internacionalmente".

Uma dessas propostas é que a vacina do HPV (o vírus que provoca o cancro do colo do útero) passe a abranger também os rapazes e comece a ser administrada mais cedo, aos nove anos. Atualmente, as raparigas recebem a primeira dose aos 11 anos.

Jorge Sales Marques vai ainda propor que a vacina antipneumocócica (que previne infeções graves) passe a ser administrada em menos doses (passando de quatro para três), que a vacina do rotavírus (responsável por gastroenterites agudas) passe a integrar o plano de vacinação de Macau e que a vacina da meningite B seja administrada a crianças que viajam para determinadas zonas do mundo. Segundo o médico, em Macau, a bactéria da meningite B "não é prevalente".

Além da vacinação, a conferência de hoje contou ainda com apresentações sobre o défice de atenção e a hiperatividade e sobre os distúrbios alimentares nas crianças e adolescentes.

Jorge Sales Marques realçou que a pediatria em Macau "está de boa saúde".

As próximas conferências organizadas pela Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau serão em setembro e novembro e terão como temas os riscos e os benefícios do sol, o uso de medicamentos e a diabetes.

Segundo dados oficiais conhecidos em maio, havia 1.674 médicos em Macau no final de 2015, 2,6 por cada mil habitantes, abaixo da média da OCDE (3,2 por mil habitantes), mas acima da média dos países e regiões da Ásia (1,2).

Em maio do ano passado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo de Macau, Alexis Tam, disse que o território precisava de 2.640 profissionais de saúde nos próximos cinco anos, incluindo quase 500 médicos.

Em dezembro, Alexis Tam disse que no ano passado foram recrutados 529 profissionais de Saúde, incluindo 60 médicos e 188 enfermeiros. E acrescentou a intenção de contratar mais 300 médicos e enfermeiros.

O secretário adiantou que o recrutamento ia ser feito dando prioridade ao mercado de Macau, e que, de acordo com as necessidades de mão-de-obra, será estendido ao interior da China, Hong Kong, Taiwan e Portugal.

"Todas estas entidades já manifestaram vontade de colaborar com Macau, em disponibilizar os recursos humanos especializados" para a região, acrescentou.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura reconheceu que "há insuficiência de recursos humanos no hospital público" e que perante o aumento da população e visitantes há "necessidade de continuar a contratar" pessoal médico.

MP (ISG/FV) // CSJ

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